Marly Rodrigues, franqueada da Sóbrancelhas: ela passou sete meses como funcionária da primeira unidade da rede (Thiago Gustavo/Grupo Cetro/Sóbrancelhas/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 9 de fevereiro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 9 de fevereiro de 2019 às 06h00.
Abandonar a vida de funcionário pela de empreendedor não é nada fácil — especialmente em situações como a do casal Anderson Mota e Marly Rodrigues. Ambos sempre quiseram ter a própria empresa e, diante de uma oportunidade de negócio, investiram todas as suas reservas em uma franquia.
Pesquisar bem sobre o mercado e a franqueadora, além de adquirir experiência como funcionário no ramo de atuação, provaram-se diferenciais. No concorrido mercado de “embelezamento do olhar”, que proliferou clínicas de estética nos últimos anos, Anderson e Marly operam 11 unidades da rede Sóbrancelhas. Em 2018, faturaram 5 milhões de reais. Para este ano, querem chegar a 20 clínicas de estética e 8 milhões de reais em faturamento.
Marly diz que sempre quis ter o próprio negócio, mas não tinha experiência nem dinheiro para tal. Ela trabalhava como massagista corporal e facial e recebeu uma oferta para realizar design e procedimentos estéticos de sobrancelhas em uma loja nova, chamada Sóbrancelhas.
Marly foi a primeira funcionária da loja, localizada em Taubaté (São Paulo). Trabalhou perto da fundadora, Luzia Costa. Além dos treinamentos na área, afirma que aprendeu princípios de gestão que hoje aplica em suas lojas.
“Desde como gerir o dia-a-dia da clínica, como compras de produtos e pagamentos de contas fixas, até o processo para contratar um funcionário. Mas, principalmente, aprendi a não desistir. Para quem não vem de um berço de ouro, é fundamental”, explica.
Em pouco tempo Marly começou a ver clientes interessadas em franquias e contava a elas como era a operação. “Vi como a loja piloto ia bem e falei ao meu marido que, se tivesse dinheiro, teria uma loja”, diz a empreendedora.
Após sete meses como funcionária, ela decidiu que queria ter sua própria unidade. Além de estudar o plano da franqueadora, conversou com quem já tinha franquias - inclusive as mesmas clientes com as quais havia conversado há poucos meses.
O marido de Marly, Anderson Mota, queria sair de seu emprego na área de administração em uma multinacional. Sua rescisão compôs boa parte dos 80 mil reais que ambos investiram na própria unidade da Sóbrancelhas. O negócio abriu as portas em agosto de 2014, em Jacareí (São Paulo).
“Começamos sem nenhuma reserva a mais, então foi um momento de inexperiência e medo. Para não termos de contratar, eu mesma fazia os procedimentos”, conta Marly. No primeiro mês, o negócio já conseguiu suportar suas contas. Em cinco meses, o casal recuperou os 80 mil reais investidos. Parte dos lucros seguintes foi reservada para a expansão de lojas.
Hoje, o investimento inicial em unidades da Sóbrancelhas vai de 98 mil reais a 290 mil reais. O prazo de retorno do investimento é de 12 a 24 meses. O faturamento médio mensal vai de 20 mil reais a 100 mil reais, com taxa de lucratividade média de 30 a 40% do faturamento.
Marly cuida da gestão operacional. Seu marido está na parte financeira e na de expansão de suas unidades da Sóbrancelhas. Atualmente, eles possuem 11 lojas. Nove estão no interior de São Paulo; uma está na cidade de São Paulo, no bairro Santo Amaro; e outra está em Goiânia (Goiás).
A maior unidade do casal fatura 700 mil reais por ano, enquanto a menor fatura 350 mil reais. Ao todo, as 11 lojas faturaram 5 milhões de reais em 2018. Para 2019, Marly e Anderson pretender alcançar um faturamento de 8 milhões de reais e chegar a 20 unidades da Sóbrancelhas.
A empreitada não é fácil. Nos últimos anos, surgiram diversas redes de franquias focadas no “embelezamento do olhar”. A Associação Brasileira de Franquias (ABF) listou no ano passado sete negócios no ramo, fora todas as clínicas que não operam por franqueamento.
Entre 2015 e 2017, a associação afirma que o segmento de Saúde, Beleza e Bem Estar cresceu 35,3%. O Brasil é o quarto maior mercado de beleza no mundo, atrás de Estados Unidos, China e Japão. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), em 2017 o setor faturou mais de 47,5 bilhões de reais, alta de 2,8% sobre o resultado obtido no ano anterior.
“É sim um mercado competitivo. Abrir uma porta é fácil”, afirma Marly. “O que fará sua porta não se fechar com o tempo é um bom atendimento e um bom serviço”.
A empreendedora afirma que investe na contratação e treinamento dos funcionários tanto para fazer o tratamento com dedicação quanto para informar as clientes dos próximos passos. Avisar que há um processo de cicatrização e uma diminuição da intensidade de pigmentos após uma micropigmentação das sobrancelhas, por exemplo, ou explicar os procedimentos caso a cliente queira desfazer um alongamento de cílios.
“Não é só colocar cílios ou fazer sobrancelhas, despachar o cliente e chamar o próximo. O pós-venda precisa ser bom, inclusive quando a consumidora quiser reclamar de algo”. Após anos de negócio e da moda do “embelezamento do olhar”, sua briga pela consumidora de belos cílios e sobrancelhas está apenas começando.