Vídeos de internet: programa Sua Carreira traz dicas para profissionais em vídeos curtos (Foto/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 26 de dezembro de 2016 às 15h00.
Última atualização em 28 de dezembro de 2016 às 10h41.
Quais as dicas para iniciar um e-commerce com um capital inicial baixo? E quais nichos são favoráveis para esse tipo de negócio?
Quando o saudoso colega Jack London criou o Booknet, um site de venda de livros, em 1995 (atual Submarino), o primeiro negócio de comércio eletrônico consistente no Brasil, tudo era improvisado.
O design e a programação do site foram feitos pela sua esposa, o recebimento dos pagamentos via boleto bancário, a entrega via postagem simples dos Correios. Não havia muitas formas de divulgar a loja virtual a não ser pela mídia tradicional ou por meio dos famigerados banners. E como os potenciais clientes não conheciam o serviço, no início London vendia, em média, cerca de três livros por dia.
Mas duas décadas depois, qualquer pessoa (mesmo) com acesso a internet pode iniciar um comércio eletrônico mais rapidamente do que começar a vender balas no semáforo mais próximo.
Essa facilidade pode significar um copo meio vazio ou meio cheio, dependendo da perspectiva de quem pretende abrir um e-commerce para chamar de seu. Meio vazio porque é fácil, extremamente fácil para você, eu e todo mundo abrir uma loja online. Isto pode equivale instalar uma banquinha na Feira da Madrugada no Brás e ficar berrando para atrair algum madrugador que zanza pela região. Meio cheio porque ainda há muitas oportunidades para empreender comércios eletrônicos de nano, micro, pequeno, médio ou grande porte.
Se optar pelo copo meio cheio, algumas dicas podem aumentar as chances de ter não só um copo, mas um balde ou uma caixa d'água bem cheia:
Não faz nenhum sentido começar um negócio sem nunca ter tido diversas experiências prévias antes. Assim, coloque algumas coisas suas para vender em sites como Mercado Livre, Enjoei ou OLX. Preste atenção em cada detalhe: postagem do anúncio, interação com interessados, venda, meio de pagamento, envio, recebimento do pedido, feedback do comprador, tudo o que puder observar.
Também compre (e analise a experiência) de empresas de comércio eletrônico de grande e pequeno porte, inclusive de fora do país. Faça disso um hábito educacional para sempre aprender o que funciona (e não funciona) no comércio online.
Já há muitos livros técnicos, cursos presenciais e online sobre como estruturar um comércio eletrônico.
Sebrae, instituições com foco em negócios digitais e até plataformas de comércio eletrônico oferecem bons cursos. Também leia livros que contam a trajetória de vários empreendedores que alcançaram sucesso no comércio eletrônico, como Jeff Bezos (A Loja de Tudo: Jeff Bezos e a era da Amazon), Tony Hsieh (Satisfação Garantida - no Caminho do Lucro e da Paixão), Sophia Amoruso (#Girl Boss). Eles falam de sucesso, com certeza, mas há muitas lições nos seus fracassos também.
Com raríssimas exceções no mundo, mesmo os grandes players tem utilizado as plataformas de comércio eletrônico da Magento, FastCommerce, VTEX, Cia Shop, Hakuten, BSeller, Shopify ou BigCommerce. Há soluções prontas em que o próprio empreendedor pode fazer algumas customizações, divulgar os produtos e já começar a vender.
Um plano de negócio pode ser muito útil para quem inicia um comércio eletrônico. Já há muita informação sobre a estruturação de negócios neste segmento, o que possibilita um bom planejamento, principalmente na questão financeira, onde o empreendedor deve fazer estimativas de entradas (receitas) e saídas de caixa.
Os comerciantes do século passado alardeavam que a “propaganda é a alma do negócio” ou “quem não se comunica, se trumbica”. Isso continua válido para os comerciantes online, mas agora a propaganda e a comunicação também são digitais.
Assim, vá se acostumando com termos como inbound marketing, SEO, analytics, growth hacking e como utilizar as redes sociais para atrair tráfego para a sua loja online.
Ter uma solução tecnológica que tenha um excelente desempenho operacional, uma boa oferta de produtos, preços competitivos ou bom nível de serviço ao cliente são apenas condições mínimas de competitividade.
É preciso que você fique atento às inovações que podem tornar o seu e-commerce ainda mais competitivo. Startups como Olist ou 00K permitem que você coloque seu produto em e-commerces de grande porte Submarino, Shoptime ou Walmart.com. Outras como Loggi ou EuEntrego oferecem novas alternativas para você entregar suas encomendas.
E se quiser seguir em frente com a ideia de montar um negócio de varejo online, escolha nichos específicos em que você é ou deseja se tornar um especialista. Mais do que uma boa demanda de mercado, é preciso que o empreendedor tenha muito interesse em aprender constantemente sobre seu negócio e paixão em não só atender, mas superar a expectativa do cliente.
Se optar por produtos esportivos, não bata de frente com a Centauro ou Kanui. Pense em esportes específicos como rugby ou alpinismo, onde a concorrência é menor, e depois expanda para outras modalidades. Se optar por livros, não vá querer ser uma Amazon ou Cultura. Faça como o Leiturinha ou PetiteBook, que se concentram em livros para bebês e crianças.
Por fim, tenha consciência que o comércio eletrônico, independentemente do tamanho do negócio, é um setor cada vez mais profissional, mais guiado por indicadores estatísticos de desempenho e altamente dependente dos serviços logísticos, que comem boa parte das margens de lucro.
Marcelo Nakagawa é professor de empreendedorismo do Insper.
Envie suas dúvidas sobre primeiro negócio para pme-exame@abril.com.br.