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Como a fintech Zoop, da Movile, se prepara para crescer com o PIX

A Zoop permite que negócios de diversos setores criem suas próprias soluções financeiras; empresa cresceu 240% em junho de 2020

Zoop: a startup já obteve 20 milhões de dólares em investimentos — a maior parte vinda da gigante de tecnologia Movile, dona do iFood (Zoop/Divulgação)

Zoop: a startup já obteve 20 milhões de dólares em investimentos — a maior parte vinda da gigante de tecnologia Movile, dona do iFood (Zoop/Divulgação)

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Carolina Ingizza

Publicado em 29 de julho de 2020 às 07h00.

O lançamento do novo sistema de pagamentos PIX em novembro no Brasil provoca uma corrida entre as fintechs. As empresas do setor financeiro se preparam para ter infraestrutura para operar com o PIX assim que ele for lançado. No caso da Zoop, startup brasileira investida pelo grupo Movile, a história não é diferente. A "fintech das fintechs" trabalha duro para ser uma das pioneiras no uso da plataforma. 

A Zoop, fundada em 2012 por Fabiano Cruz e Rodrigo Miranda, permite que negócios de diversos setores criem suas próprias soluções financeiras. “Toda empresa pode ser uma fintech com a gente”, diz Cruz. Entre os clientes, estão startups como iFood, Avec, Sympla e VTEX. 

Com a chegada do novo sistema, a fintech desenvolve uma estrutura para que seus mais de 600 clientes diretos possam tanto receber como enviar dinheiro via PIX. Agora, a empresa realiza um trabalho de integração de seus sistemas com os registros do Banco Central. Segundo Raposo, o principal desafio é garantir que isso não atrapalhe a experiência de uso dos clientes com os demais produtos da empresa.

“Acreditamos que o PIX é um meio de pagamento que vai concorrer com o dinheiro, aumentando o volume de transações e democratizando o acesso ao meio eletrônico. É uma grande oportunidade”, diz Alessandro Raposo, diretor de estratégias da Zoop.

O PIX permite que os pagamentos entre duas partes sejam feitos sem intermediários, o que possibilita transferências quase instantâneas, 24 horas por dia, todos os dias do ano. O usuário poderá ser identificado, por exemplo, pelo número do seu celular, e-mail, CPF ou CNPJ. O novo sistema chega para competir diretamente com outras ferramentas disponíveis hoje, como o DOC e a TED.

O modelo adotado pelo Brasil foi inspirado em iniciativas da Índia, China e Suécia. Para o diretor da Zoop, o órgão regulador fez um bom trabalho na construção do sistema, adotando as melhores práticas globais e conversando sempre com o governo e a sociedade. “É um instrumento que vai ajudar a democratizar os serviços financeiros no Brasil”, diz Raposo. 

Segundo o diretor, o PIX, além de ser mais barato que os demais sistemas de pagamento no mercado, possibilita que os comerciantes recebam antes e consigam dar dinamicidade a seus negócios. Por ser uma ferramenta digital, o PIX vai ajudar também no controle das vendas, evitando a mistura do capital pessoal com o da empresa — prática ainda comum em pequenos negócios. 

Mas poderia o sistema ser o fim das maquininhas de cartão de crédito? Raposo acredita que não. Ele afirma que elas vão continuar lado a lado com o smartphone a depender da necessidade de cada ponto de venda. Já o cartão de débito, por ter proposta de valor similar ao PIX, poderia ser ameaçado em um primeiro momento. O crédito, por outro lado, fica quase intocado até que seja lançada uma modalidade de PIX agendado ou parcelado.  

Trajetória da Zoop

 

A fintech Zoop foi criada em 2014, antes da expansão das maquininhas e das próprias startups de serviços financeiros. Eles se aproveitaram do crescimento de marketplaces, como iFood, para crescer. “Os marketplaces enfrentariam uma grande barreira para modernizar sua estrutura de pagamentos para procedimentos mais automáticos, seguros e simples ao consumidor. Queríamos evitar esse trabalho penoso por meio de uma solução pronta”, afirmou Rodrigo Miranda, cofundador da Zoop, em entrevista anterior à EXAME.

Na sua trajetória, a empresa obteve 20 milhões de dólares em investimentos — a maior parte vinda da gigante de tecnologia Movile, dona do iFood, que realizou um aporte 18,3 milhões de dólares em 2018. Outros investidores são fundos internacionalmente conhecidos, como Qualcomm Ventures e Riverwood Capital.

A Zoop oferece três tipos de serviços: captura de pagamentos (serviços de pagamento digital ou físico, como uma API para fazer a cobrança dentro de uma plataforma ou o software para maquininhas já com certificação das bandeiras); de gerenciamento (estrutura de compras digitais e repasse de pagamentos, como contas digitais); e de saída de pagamentos (transferência para instituições financeiras de acordo com normas de compliance e regulação governamental).

A Zoop se monetiza por meio de taxas sobre as transações — não há cobrança para instalar APIs ou softwares. O negócio trabalha com 600 empresas e processa bilhões de reais em transações por ano. Em junho de 2020, em relação ao mesmo mês de 2019, a empresa aumentou seu volume transacionado em 240%, finalizando o que foi seu melhor trimestre desde a fundação. A projeção da empresa é terminar o ano com crescimento de 120% em relação a 2019.

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