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Com guerra de preços da Amazon, seus vendedores estão sob pressão

A Amazon constantemente analisa os preços dos rivais para ver se estão mais baixos

 (Omar Marques/SOPA Images/Getty Images)

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Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 5 de agosto de 2019 às 12h36.

A determinação da Amazon.com de oferecer aos consumidores as melhores ofertas está fazendo com que comerciantes que vendem produtos em seu marketplace aumentem os preços em sites concorrentes, o que comprova a crescente influência da gigante sobre o mercado de comércio eletrônico.

A Amazon constantemente analisa os preços dos rivais para ver se estão mais baixos. Quando descobre que um produto está mais barato, por exemplo, no Walmart.com, a Amazon alerta a empresa que está vendendo o item e, em seguida, dificulta a localização desse produto em seu próprio marketplace, o que efetivamente penaliza o lojista. Em muitos casos, o comerciante opta por aumentar o preço no site concorrente em vez de arriscar perder as vendas na Amazon.

Alertas de preços analisados pela Bloomberg mostram que a Amazon não diz explicitamente aos vendedores para elevar os preços em outros sites, e o objetivo pode ser forçá-los a baixar seus preços na Amazon.

Mas, em entrevistas, comerciantes dizem que estão tão sob pressão dos crescentes custos cobrados pela Amazon e dependentes das vendas no marketplace da empresa, que acabam aumentando seus preços em outros lugares.

Especialistas em defesa da concorrência dizem que a política da Amazon deve atrair o escrutínio do Congresso e da Comissão Federal de Comércio, que recentemente assumiu a jurisdição da empresa com sede em Seattle.

Até agora, as críticas ao poder de mercado da Amazon têm questionado se a empresa explora dados de vendas de comerciantes para lançar produtos concorrentes e depois usa seu domínio para deixar o produto original mais difícil de encontrar em seu marketplace. Prejudicar consumidores, levando comerciantes a aumentarem os preços em outros sites, se encaixa melhor na definição tradicional de comportamento antitruste nos EUA.

"Acusações de monopólio são sempre sobre a conduta de negócios que causa danos em um mercado", disse Jennifer Rie, analista da Bloomberg Intelligence especializada em litígios antitruste. "Isso pode acabar sendo considerado conduta ilegal porque pessoas que preferem comprar no Walmart acabam tendo que pagar um preço mais alto."

Em comunicado enviado por e-mail, um porta-voz da Amazon disse: "Os vendedores têm controle total sobre seus próprios preços dentro e fora da Amazon, e os ajudamos a maximizar suas vendas em nossa loja fornecendo ’insights’ sobre como se tornar a oferta em destaque". O Walmart não quis comentar.

Os comerciantes online normalmente vendem seus produtos em vários sites, incluindo Amazon, Walmart e eBay. Mas muitos geram a maior parte de sua receita na Amazon, que agora responde por quase 40% das vendas on-line nos EUA, de acordo com a EMarketer.

Varejistas online há muito tempo reclamam que a Amazon exerce grande influência sobre seus negócios. Além de pagar taxas mais elevadas, muitos agora têm que comprar publicidade para se destacar em um site cada vez mais poluído.

Alguns comerciantes estão dispostos a aumentar suas vendas no Walmart, onde os custos são menores devido aos preços mais baixos da publicidade em relação aos da Amazon. Mas vendedores dizem que, com os alertas de preço, estão sendo forçados a manter lealdade à Amazon, o que dificulta a diversificação de seus negócios.

O Walmart atende rotineiramente pedidos de comerciantes para aumentar os preços em seu marketplace porque temem que um preço menor no Walmart comprometa suas vendas na Amazon, diz um gerente do Walmart, que pediu anonimato porque o assunto é interno.

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