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Com consignado, Creditas segue plano de taxas baixas em troca de garantia

A fintech brasileira, avaliada em 750 milhões de dólares, adquiriu a startup Creditoo para expandir tipos de financiamento

Sede da Creditas, em São Paulo: chegando aos 1.000 funcionários (Creditas/Divulgação)

Sede da Creditas, em São Paulo: chegando aos 1.000 funcionários (Creditas/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 30 de agosto de 2019 às 06h00.

Última atualização em 30 de agosto de 2019 às 09h38.

Depois de crescer com empréstimos que pedem um veículo ou um imóvel como garantia de pagamento, a fintech Creditas investe em outra forma de financiamento com taxas baixas a quem pega o dinheiro emprestado e com segurança a quem o empresta: o crédito consignado. Nesse tipo de empréstimo, as parcelas são descontadas direto da folha de pagamento de seu tomador.

A fintech brasileira anunciou antecipadamente a EXAME que o crédito consignado já está disponível em seu aplicativo, após um mês de integração com a startup adquirida Creditoo. É mais um passo para a Creditas -- avaliada em 750 milhões de dólares após um investimento do maior fundo de startups do mundo, o Vision Fund -- em suas modalidades de créditos com garantia. 

Desta vez, a confirmação exigida será o salário dos tomadores de empréstimo. “Nós procurávamos um investimento de série A, enquanto eles tinham acabado de receber um investimento de série D. Tomamos a decisão de que trabalhar juntos seria o melhor”, afirma Ramires Paiva, cofundador da Creditoo e atual vice-presidente de Crédito Consignado da Creditas.

O poder dos novos recursos será colocado à prova. A modalidade pode crescer dez vezes nos próximos doze meses, de acordo com estimativas da própria Creditas. Em 2018, foram 15 milhões de reais concedidos pelo crédito consignado da Creditoo.

A oportunidade no consignado

No Brasil, mais de 300 bilhões de reais são concedidos em crédito consignado. Mas, caso você seja funcionário de uma empresa privada, dificilmente verá esse dinheiro na sua conta. O consignado privado ocupa apenas 20 bilhões de reais do montante, contra 187 bilhões de reais para servidores públicos e 130 bilhões de reais para beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A Creditoo nasceu para que as empresas ofereçam como benefício aos funcionários privados o crédito consignado, que pode ser contratado por meio de uma operação completamente online. O carro-chefe da estratégia é o uso de mensageiros como o WhatsApp -- mais de nove a cada dez atendimentos passam pelo aplicativo.

Criada por Paiva e pelo sócio Luiz Bettega em 2016, a fintech obteve no mesmo ano um investimento anjo de 30 mil dólares de Sergio Furio, o fundador da Creditas, e foi incubada dentro da fintech. Começou uma relação que se tornaria, no começo deste mês, uma aquisição.

Ramires Paiva, cofundador da Creditoo e atual vice-presidente de Crédito Consignado da Creditas

Ramires Paiva, cofundador da Creditoo e atual vice-presidente de Crédito Consignado da Creditas (Creditas/Divulgação)

A Creditoo também atraiu um aporte semente dos fundos de investimentos Canary -- criado pelo co-fundador do site de compras Peixe Urbano Julio Vasconcelos e que possui entre seus participantes Paulo Veras, um dos criadores do unicórnio brasileiro de mobilidade urbana 99 -- e Global Founders Capital. A plataforma de crédito consignado privado captou ao todo mais de 1,5 milhão de dólares em aportes até sua aquisição pela Creditas.

Com a compra, a marca Creditoo sumiu e a operação se tornou a divisão de crédito consignado da Creditas. A Creditoo levou para Furio uma carteira de cerca de mil empresas parceiras, que somam cerca de 100 mil funcionários, embora nem todos eles tenham captado empréstimos com a startup. Mais de 15 milhões de reais foram concedidos em crédito consignado privado por meio da Creditoo apenas em 2018.

União entre duas fintechs

Em termos de quantidade emprestada, o consignado atende um público similar ao crédito concedido pela Creditas na garantia com veículos. O valor máximo emprestado é de 50 mil reais, em até 48 parcelas. As empresas que disponibilizam o consignado como benefício podem definir um limite de crédito a seus funcionários e, por lei, as parcelas não podem ultrapassar 30% do salário. Na garantia com imóveis, o dinheiro pedido costuma ser maior.

As taxas de juros são de 1,75% ao mês em média, em linha com o crédito com garantia veicular. No mercado, enquanto a taxa cobrada por um consignado vai de 1,2% a 4,69% ao mês, o cheque especial pratica taxas que podem chegar a mais de 16% ao mês.

O principal objetivo dos clientes, seja da Creditoo ou da Creditas, é renegociar dívidas buscando taxas mais baratas. O cliente comum da Creditoo tem um salário médio de dois mil reais e pede um empréstimo de seis mil reais. Metade da base da fintech é de pessoas negativadas, com restrições a crédito. 

Com a mudança para a marca Creditas, a expectativa é que o volume de crédito consignado expanda dez vezes nos próximos 12 meses.

Esse aumento deve ser acompanhado pela expansão da equipe. A divisão de consignado da Creditas tem hoje 80 funcionários, muitos vindos da Creditoo, e deve terminar o ano com 100 pessoas. Até o final de 2020, a projeção é chegar a 250 funcionários na divisão. A Creditas tem quase 1.000 funcionários e estima chegar a 1.400 deles até terminar 2019.

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