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Com a nova startup da Vitacon, alugar é como pedir comida pelo Rappi

A plataforma de moradia sob demanda Housi gerencia aluguéis e dá serviços para consumidores que querem abandonar, de vez, o sonho do imóvel próprio

Apartamento alugado pela Housi: spin-off da Vitacon realiza nove mil locações por mês (Housi/Divulgação)

Apartamento alugado pela Housi: spin-off da Vitacon realiza nove mil locações por mês (Housi/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 5 de maio de 2019 às 08h00.

Última atualização em 19 de novembro de 2019 às 19h55.

As pessoas querem que seja tão fácil alugar um apartamento quanto pedir a entrega de uma comida? Duas companhias de grande porte com origens de startup -- o aplicativo colombiano de delivery de tudo Rappi e a imobiliária paulistana com ares futuristas Vitacon -- apostam que sim.

A plataforma de moradia sob demanda Housi, spin-off da Vitacon criado neste ano, anunciou há poucas semanas a conexão entre seu aplicativo e a Rappi. É possível pedir de forma completamente online o “delivery” de um apartamento mobiliado, junto de serviços como internet e limpeza, pela temporada de escolha do locatário.

A Housi viabiliza nove mil locações mensalmente e reúne 20 mil usuários. Para o futuro, o spin-off se beneficiará tanto do maior ritmo de lançamentos da Vitacon quanto da mediação de imóveis externos à companhia.

Dados sobre tijolos

Para o engenheiro Alexandre Frankel, CEO da Housi e da Vitacon, seus negócios são menos sobre tijolos e mais sobre moradias eficientes. A Vitacon possui 300 funcionários, incluindo os dedicados à Housi, e possui mais funcionários em tecnologia do que em engenharia.

Fundada em 2010, a então pequena imobiliária deslanchou durante a crise econômica, vendendo imóveis compactos (com plantas de 10 a 77 metros quadrados) perto de áreas comerciais e estações de metrô a preços mais atraentes (a partir de 90 000 reais).

“Vivemos um momento em que passar em cartórios, adquirir uma dúvida de 30 anos, ficar a vida toda em uma mesma região e ter sempre a mesma configuração familiar não faz mais sentido. Quatro a cada dez imóveis vendidos apresenta alguma desocupação, o que era inimaginável há uma década. Tivemos captações relevantes enquanto o setor sofria”, afirma Frankel. A construção civil encolheu 20,5% de 2014 a 2018. A expectativa é que haja crescimento em 2019 -- um tímido 1,3%.

Alexandre Frankel, CEO da Housi e da Vitacon

Alexandre Frankel, CEO da Housi e da Vitacon (Vitacon/Divulgação)

O objetivo inicial era fazer atender usuários que preferiam tempo ao espaço, fugindo do trânsito da cidade de São Paulo. A Vitacon foi adicionando diferenciais além de preço e proximidade ao longo dos anos.

Apostou em espaços compartilhados e na criação de eventos para sua “comunidade”, feita de compradores (investidores ou moradores) e locatários. Depois, criou um aplicativo para digitalizar a documentação de compra e locação e também a prestação de serviços, como contratação de internet e pedidos para limpeza e reforma.

Oito a cada dez vendas da Vitacon são para investidores e a demanda por incluir a possibilidade de reservas pelo aplicativo foi natural. “Há três anos fazíamos esse trabalho informalmente, mas acabou virando algo tão grande que decidimos fazer um spin-off da companhia. A Housi virou uma plataforma separada de moradias sob demanda, oferecidas como um serviço”, diz Frankel.

O futuro morador pode navegar por imóveis já mobiliados e definir uma data de locação. Ele tem acesso ao mesmo aplicativo da Vitacon para ver documentos relativos ao aluguel, participar de eventos e pedir serviços adicionais.

Aplicativo da Housi

Aplicativo da Housi (Housi/Divulgação)

Números e expectativas

A Vitacon inaugurou 64 prédios até o momento. A companhia faturou 1,3 bilhão de reais no último ano, alta de 60% sobre 2017. Em março deste ano, a Vitacon recebeu um aporte de 500 milhões de reais do fundo americano 7 Bridges Capital para lançar o equivalente a dois bilhões de reais em imóveis nos próximos 12 meses, chegando a sete capitais brasileiras.

Em 2019, o plano é inaugurar mais 14 prédios e alcançar 2,3 bilhões de reais em faturamento, totalizando 3.500 apartamentos. No horizonte de 24 meses, Frankel estima que o comprometimento em imóveis crescerá cinco vezes, para 10 bilhões de reais. Com o aporte, a projeção é que a Housi gerencie 3.500 aluguéis da Vitacon e cresça também com o aluguel de imóveis externos à companhia, assim como “a [empresa de mobilidade urbana] Uber usa automóveis de todas as marcas”. Segundo o CEO, a Housi apresenta ponto de equilíbrio operacional desde sua fundação. O investimento inicial no projeto não foi divulgado e não há, no momento, prazo definido para recuperá-lo.

A Housi viabiliza nove mil locações por mês e reúne 20 mil investidores e moradores por aluguel ou por aquisição. No app, os apartamentos disponíveis no momento partem de 100 reais a noite, ou 3.000 reais mensais. Nos prédios da Vitacon, o preço de locação mensal vai de 600 e 5.000 reais.

Sob os olhos de Frankel, o futuro é cheio de oportunidades. Até imóveis incluídos em programas governamentais, como o Minha Casa Minha Vida, estão no horizonte da Housi. “O dever de prover um item básico como moradia seria cumprido de maneira muito mais eficiente por uma modalidade de pagar pelo uso. Olhamos para essa frente com grande intensidade.”

O setor de imóveis terá uma migração gradativa da aquisição ao aluguel, como ocorre com os automóveis a partir da ascensão de aplicativos como 99 e Uber, avalio o CEO. “Vamos continuar questionando a situação atual do mercado imobiliário em todas as duas frentes e acho que ele mudará mais nos próximos dez anos do que nos últimos 450, desde a criação do primeiro cartório”. Quem ditará o sucesso dessa ambição serão os moradores do futuro.

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