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Cartão multibenefícios para digitalizar classe C recebe aporte de R$ 4 mi

A Descompplica tem dez mil usuários pagantes. Um investimento semente milionário será usado para chegar a um milhão de clientes

Estabelecimento comercial com materiais da Descompplica: fintech é dona de um cartão multibenefícios, voltado principalmente para a classe C (Descompplica/Divulgação)

Estabelecimento comercial com materiais da Descompplica: fintech é dona de um cartão multibenefícios, voltado principalmente para a classe C (Descompplica/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 14 de outubro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 14 de outubro de 2019 às 06h00.

O Brasil ainda tem 45 milhões de pessoas fora do sistema bancário, e elas movimentam mais de 800 bilhões de reais por ano. Fintechs, varejistas e bancos digitais investem para convencê-las a trocar o dinheiro vivo por contas digitais.

Uma delas é a Descompplica -- que recebeu um investimento semente milionário para acelerar seus planos. A fintech é dona de um cartão multibenefícios, voltado principalmente para a classe C. Com um aporte de quatro milhões de reais feito por investidores-anjo, a Decompplica pretende passar de dez mil clientes pagantes para um milhão deles em dois anos.

Digitalizando a classe C

A ideia para a Descompplica surgiu em um negócio anterior da empreendedora Raissa Urbano. Ela era sócia da empresa de saúde popular Alianças em Saúde, dando atendimento para exames e odontologia.

“Comecei a entender que o maior problema do usuário não era o local de consulta, mas conseguir crédito para realizá-las”, diz Urbano. “Há pessoas que não tem acesso aos bancos e precisam pagar tudo com dinheiro vivo. Mas elas têm celular e capacidade de consumir, ainda que não sejam financeiramente digitais.”

Raissa Urbano, CEO da Descompplica

Raissa Urbano, CEO da Descompplica (Descompplica/Divulgação)

A Descompplica em abril deste ano, de um investimento de dez milhões de reais. O negócio tem um cartão multibenefícios, unindo um clube de descontos e empréstimos com taxas diferenciadas; um conjunto de microsseguros incluídos, da recolocação profissional à indenização por fratura óssea; e, neste mês, uma conta digital para, por exemplo, pagar boletos, fazer saques, realizar transferências e recarregar celulares.

A Descompplica tem uma rede de 35 mil parceiros, como academias, cinemas, cursos, e-commerces, farmácias, pet shops e salões de beleza. Os descontos vão de 10% a 70% do valor original. São dez mil usuários de classes C e B, pagantes de uma mensalidade de 49,90 reais em troca do cartão multibenefícios.

Um dos trunfos do Descompplica é unir ferramentas digitais a pontos de atendimento físicos. São quatro pontos próprios e outros 100, em formato de microfranquia, a serem abertos no final deste mês. Os postos de atendimentos, presentes em outros estabelecimentos comerciais, permitirão que o usuário agende consultas médicas e matrículas em academias e cursos, além de solicitar empréstimos e parcelamento de compras. 

Com sede em Belo Horizonte, a Descompplica atua hoje nos estados de Minas Gerais e Sergipe. Junto das microfranquias, planeja agora sua expansão para Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiânia, Maranhão, Pernambuco, Piauí e Rio Janeiro. 

O negócio cresce 50% ao mês. Em maio deste ano, recebeu um aporte de quatro milhões de reais de investidores anjo. Os recursos foram usados para estruturar as microfranquias e o site móvel. O aplicativo da Descompplica deverá ser lançado em dezembro deste ano.

A plataforma busca uma nova captação, agora de dez milhões de reais, para entrar com um pedido de Sociedade de Crédito Direto (SDC) no Banco Central.

Em janeiro de 2020, será a vez de criar uma sede em São Paulo e começar a atender o estado. O plano é crescer 70% ao mês, graças à expansão das microfranquias, e terminar o próximo ano com 50 mil usuários pagantes. Em 2021, serão um milhão de clientes. Ainda faltam outros milhões de desbancarizados para atender.

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