Fabricio Buzeto, Gustavo Gorenstein e Roberto Braga, cofundadores da Bxblue: o Banco do Brasil, a Financeira BRB, o Daycoval e o Cetelem oferecem crédito pela plataforma da startup (Bxblue/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 08h00.
Última atualização em 27 de janeiro de 2021 às 16h48.
Depois de crescer a operação oito vezes ao longo de 2020, a startup de crédito consignado Bxblue começa 2021 com o pé no acelerador: a empresa anuncia nesta quarta-feira, 27, ter recebido um aporte de 38 milhões de reais na sua série A liderada pela Igah Ventures, gestora que nasceu da fusão da e.Bricks Ventures com a Joá Investimentos. Os fundos Iporanga Ventures, FJ Labs e FundersClub também participaram da rodada.
“O mercado de crédito consignado tem lacunas importantes de eficiência no Brasil, e a Bxblue traz a capacidade de execução e o crescimento escalável necessários neste momento. É o perfil de negócio que Igah busca em suas investidas: empresas que combinam tecnologia e inovação para endereçar soluções diferenciadas em suas áreas de atuação", diz Márcio Trigueiro, sócio-diretor da Igah Ventures.
A startup é um marketplace para os bancos que oferecem crédito consignado. Servidores públicos e aposentados podem acessar sua plataforma para encontrar opções e fechar o contrato de forma totalmente digital. Hoje são quatro bancos cadastrados no serviço: Banco do Brasil, Financeira BRB, Daycoval e Cetelem.
Em seus três anos de atuação, a Bxblue já originou mais de 500 milhões de reais em contratos de empréstimo consignado, a maior parte desse montante no ano passado. Com o aporte, os planos da startup são quintuplicar a receita do negócio até o final do ano.
“No ano passado crescemos muito, chegamos ao patamar de 500 milhões de reais de originação, que parece super alto. Mas o mercado de consignado é de cerca de 400 bilhões no Brasil, ainda temos um caminho bonito para percorrer, estamos só engatinhando”, diz Gustavo Gorenstein, cofundador e presidente da empresa.
Para avançar no mercado, a startup aposta na evolução do seu produto e planeja oferecer serviços como o refinanciamento de empréstimos e a portabilidade de crédito. O número de instituições financeiras parceiras deve crescer também. A meta é chegar em dezembro com pelo menos dez na plataforma.
Segundo o presidente, a chave para cumprir todos os objetivos é a contratação de bons profissionais. Boa parte do aporte será usada para a expansão do time, que atualmente tem 60 pessoas. Ao longo do ano, a startup planeja contratar 60 novos funcionários, especialmente nas áreas de tecnologia, marketing, experiência do cliente e atendimento.
“Nosso objetivo é que a equipe entenda o que os usuários com mais de 50 anos [público-alvo da companhia] precisam antes mesmo deles terem que falar”, diz Gorenstein.
A Bxblue é um dos frutos do mestrado de Gorenstein em empreendedorismo na University College of London, na Inglaterra. Em 2010, o empreendedor deixou seu cargo na Coca-Cola para se dedicar a estudar o mercado de tecnologia. Foi aí que conheceu o mundo das startups e se encantou.
Na volta ao Brasil, trouxe na mala a ideia de criar uma empresa de cashback — modelo que estava se popularizando na Inglaterra e que ainda não tinha grande presença no mercado brasileiro. Fundou então a Poup, vendida em 2017 para o Digio, o banco digital do CBSS.
No mesmo ano, Gorenstein chamou dois amigos de longa data, Fabricio Buzeto e Roberto Braga, para empreender novamente. Os três, que moram em Brasília, tinham familiares próximos que eram servidores públicos, o que os fez olhar para o enorme e pouco digitalizado mercado de consignados. “Há uma ineficiência, percebemos que com tecnologia, poderíamos ajudar os dois lados da cadeia, bancos e clientes”, diz o cofundador.
Durante a estruturação da empresa, após levantarem um pré-seed de 800.000 reais com amigos e familiares, os sócios passaram no programa de aceleração do Y Combinator nos Estados Unidos, um dos mais concorridos do mundo. Antes de retornar para o Brasil, os fundadores da Bxblue receberam um investimento seed de 2,2 milhões de dólares.
Com capital no caixa e um modelo de negócios definido, a startup começou a procurar os bancos para apresentar sua proposta. O primeiro grande banco a se integrar ao marketplace foi o BB, em 2018. A partir dele, outras instituições financeiras procuraram a empresa.
Por reduzir os custos operacionais, a startup consegue oferecer aos clientes taxas 40% mais baratas que as comumente praticadas no mercado. A cada transação que realiza, a empresa recebe uma comissão, que pode variar entre 4,5% e 5,5% do valor total, a depender da tabela que cada banco utiliza para pagar seus correspondentes.