Marcelo Coelho de Castro Vasconcellos e Marcelo Vieira Abritta, da Buser (Buser/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 7 de outubro de 2019 às 05h00.
Última atualização em 7 de outubro de 2019 às 05h00.
A Buser, startup que une passageiros a ônibus executivos em busca do frete mais barato, captou um investimento liderado pelo Latin America Fund, fundo de cinco bilhões de reais voltado para capital de risco na América Latina criado pelo conglomerado japonês SoftBank.
O aporte foi liderado pelo Latin America Fund e completado pelos fundos Monashees, Valor Capital Group e Canary e pelo Grupo Globo. O valor do investimento não foi revelado, mas se encaixa em um série B. Com os novos recursos, a Buser investirá 300 milhões de reais nos próximos 12 meses em sua expansão.
A Buser foi fundada pelos amigos de adolescência Marcelo Abritta e Marcelo Vasconcelos. Abritta trabalhou no mercado financeiro, com operações imobiliárias, e empreendeu com uma importadora e uma operadora de estacionamentos. Já Vasconcelos também trabalhou no mercado financeiro, mas como gestor de fundos, e também procurava uma ideia de negócio própria.
Sem experiência no mercado rodoviário e nem em tecnologia, a Buser nasceu de uma experiência pessoal de Abritta em novembro de 2016. “Sou de Belo Horizonte, mas me casei na Bahia. Umas 30 pessoas da minha família deixaram para comprar a passagem de última hora e comparamos quanto custavam as passagens separadas ou fretar um ônibus”, conta. A segunda opção era a metade do preço -- e criou o desejo de levar a mais pessoas o que Abritta sugeriu aos familiares.
Abritta e Vasconcelos idearam o negócio no começo de 2017. A Buser é uma plataforma online de fretamento coletivo, unindo passageiros indo para o mesmo destino a ônibus executivos.
Os veículos atuam fora das rodoviárias comuns (onde negócios como BlaBlaCar e ClickBus atuam) ou dos sites de fretados mais focados em viagens diárias (como Fretadão, Pegue Fretado, Cadê Meu Fretado e Click Fretado). A Buser olha para a viagem eventual, feita uma vez por semana, mês ou semestre.
Os usuários se cadastram e formam grupos para alugar um veículo, com custos divididos entre os viajantes. A economia média é de 50% em relação à compra de passagens individuais, com tíquete médio de 100 reais.
Como forma de monetização, a Buser cobra uma comissão de até 35% das empresas com ônibus executivos -- quanto menos cheio o ônibus, menor o valor cobrado. A média de comissão vai de 20 a 25%.
A primeira viagem mediada pela Buser aconteceu em julho de 2017. No começo de 2018, a Buser conquistou seu primeiro investimento: um aporte semente dos fundos Canary, Yellow Ventures e Fundação Estudar Alumni Partners. No final do mesmo ano, obteve um aporte série A dos fundos Valor Capital, Monashees e Canary.
A Buser tem hoje 250 mil passageiros já transportados em 50 cidades de oito estados, com uma média de 2,3 mil viagens diárias. São 40 empresas de ônibus executivos parceiras, com uma frota total de 100 veículos.
Na comparação entre setembro deste ano com o mesmo mês do ano anterior, o crescimento foi de 15 vezes. Em 2020, a empresa espera crescer “mais de dez vezes” sobre 2019. Serão 30 mil viagens diárias, 100 empresas parceiras e 30 mil viagens diárias.
Os recursos do aporte série B serão usados para financiar tal expansão, trazendo novos clientes e operadores. A Buser realiza investimentos pesados em marketing, como o patrocínio do time de futebol Flamengo. A Buser também desenvolverá tecnologias para o aplicativo, como check in por reconhecimento facial a integração com outros players de mobilidade urbana, como 99 e Uber. A ideia é que o passageiro já tenha um carro esperando por ele ao descer do ônibus executivo.
O investimento não será pouco para concretizar tais ambições: serão 300 milhões de reais nos próximos 12 meses. Mas a Buser terá o patrocínio de fundos abastados, como o do SoftBank, para tal.