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Brasileira Voopter está em lista global de startups de turismo promissoras

Buscador que compara preços de viagens foi escolhido por publicação especializada como uma das 25 startups de turismo mais promissoras do mundo

Avião: Voopter é a primeira brasileira a fazer parte da lista (ipopba/Thinkstock)

Avião: Voopter é a primeira brasileira a fazer parte da lista (ipopba/Thinkstock)

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Carolina Riveira

Publicado em 24 de julho de 2019 às 06h00.

Última atualização em 24 de julho de 2019 às 14h46.

Apesar do domínio das ferramentas do Google em diferentes setores, buscadores especializados tentam mostrar seu valor. Um exemplo vem do comparador de preços de viagem brasileiro Voopter, que foi escolhido neste mês como uma das 25 startups de turismo e viagens mais promissoras do mundo, em um ranking anual publicado pela empresa americana de mídia especializada em turismo Skift (o Travel Startups to Watch, ou "startups de turismo para se prestar atenção", em inglês).

A Voopter é a primeira brasileira a fazer parte da lista, uma das mais conceituadas do mundo no setor de turismo e viagens. Fundada em 2013 -- "logo antes da crise econômica brasileira", lembra a publicação da Skift --, a Voopter oferece uma ferramenta comparadora de preços para passagens aéreas, além de conteúdo próprio sobre viagens e alertas de promoções.

A empresa ganha dinheiro com taxas pagas pelas companhias aéreas para as quais redireciona o cliente a partir de seu comparador de preços. Também há receita vinda de anúncios de publicidade.

São mais de dois milhões de usuários que acessam mensalmente a plataforma (disponível em computador ou no aplicativo próprio da empresa) e, até hoje, mais de quatro milhões de redirecionamentos foram feitos para sites das empresas parceiras. A Voopter não divulga seu faturamento, mas já recebeu cerca de 1,5 milhão de dólares em investimentos.

Mais internet, mais viagens

Ao longo de seus cinco anos de vida, a Voopter ganhou espaço no Brasil no mesmo passo que mais pessoas passaram a usar os buscadores da internet antes de decidir por uma compra.

Quando a empresa nasceu em 2013, por exemplo, só 17% dos membros das classes D e E e 49% da classe C acessavam a internet, segundo dados da Cetic (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) compilados pelo Instituto Locomotiva. Cinco anos depois, a rede é usada por 49% da população das classes D e E e 77% da classe C (e por quase 100% das classes mais altas, é claro).

Além disso, de lá para cá, o número de brasileiros andando de avião foi de pouco mais de 80.000 em 2012 para mais de 100.000 em 2018. Mais de 90% dos passageiros embarcou em voos domésticos, para destinos dentro do Brasil.

"Quando abrimos havia uma grande expectativa sobre esse mercado no Brasil. Mas o setor voltou a aquecer bastante agora, e estamos muito animados com os próximos anos", diz Pettersom Paiva, presidente e co-fundador da Voopter.

Pettersom Paiva e Tales Tommasini, fundadores da Voopter: cliente brasileiro tem particularidades na hora de viajar (Voopter/Divulgação)

Jeitinho brasileiro

A reportagem "A bilionária caça às pechinchas", a edição 1189 de EXAME mostrou que os buscadores e comparadores de preço, que surgiram quando a internet no Brasil ainda engatinhava, hoje têm o desafio de brigar não só entre si mas com o Google, que vem aprimorando suas ferramentas de busca para anteder a nichos específicos. Foi para se preparar para a briga com o Google (que tem agora a categoria Google Shopping) que os comparadores de preços de varejo Zoom e Buscapé se uniram neste ano.

Na Voopter, para além de concorrentes nacionais como a 123milhas ou a MaxMilhas, há agora a forte disputa com o Google Flights (Google voos, em inglês), ferramenta de comparação de preços de voos da empresa americana. Quando se pesquisa passagens no Google, o Google Flights oferece automaticamente diferentes preços disponíveis para aquela rota, antes mesmo que o usuário precise clicar para ver mais detalhes. A empresa vem aperfeiçoando essa tecnologia nos últimos anos.

O co-fundador e CTO da Voopter, Tales Tommasini, afirma que já se preparava para a concorrência com o Google desde o começo da empresa, e acredita que conseguirá sobreviver atingindo a outros nichos da clientela.

Um exemplo: para encontrar um resultado no Google Flights, o cliente digita diretamente o destino para onde deseja ir, o que costuma fazer quando já está decidido sobre um lugar, explica Paiva. Na Voopter, os clientes cadastrados recebem também conteúdo geral, promoções disponíveis ou destinos que estão baratos naquele momento. Assim, um cliente que não estava decidido pode tomar decisões ou mesmo começar a se preparar para uma viagem.

Isso só é possível, explica Tommasini, porque o consumidor brasileiro tem a característica de ser mais flexível. É comum o turista brasileiro querer ir para "alguma praia", não uma praia específica. Nesse caso, fatores como preço podem influenciar mais. E a Voopter, ao mandar notificações para o celular dos usuários que têm o aplicativo instalado ou atualizações em seu site ou por e-mail, pode convencer os indecisos. "Isso não só nos tira da rota de coalizão como nos deu um espaço bem relevante, porque entendemos o que o mercado brasileiro precisa", diz Tommasini.

Crescer, mas não a todo custo

No último mês, a Voopter anunciou também uma parceria com o aplicativo de entregas Rappi, que vem trabalhando para se tornar um "superaplicativo".

Clientes que usarem a Rappi poderão, além de pedir entrega de refeições e outros itens, ser redirecionados para o buscador da Voopter para procurar passagens. "Ainda é pouco tempo de parceria, mas já dá para ver que está vindo um público diferente, que não usava nossa plataforma antes", diz o presidente Pettersom Paiva.

Apesar da concorrência, o mercado de reservas online no Brasil continua crescendo na casa dos 40%, afirma a Voopter, porque muita gente ainda faz reservas fora da internet.

No entanto, para aproveitar essa leva de potenciais usuários e continuar crescendo, a Voopter vai na contramão de startups que, nos últimos anos, vêm repetindo o discurso de que é preciso crescer primeiro e lucrar depois.

A empresa já é lucrativa desde 2017, e diz que, embora esteja aberta à captação de novos investimentos, a sustentabilidade do negócio não ficará em segundo plano. O foco para os próximos anos também não é internacionalizar a operação, e, por ora, a Voopter quer intensificar sua presença dentro do Brasil.

Tal como em 2013, quando a empresa nasceu, o momento da economia não é dos melhores. Mas a Voopter tenta mostrar que é justamente nessa hora que é preciso pechinchar.

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