Unicórnios: se as expectativas econômicas forem cumpridas, podemos ver ainda mais negócios inovadores valiosos em 2019 (egal/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 22 de janeiro de 2019 às 12h06.
São Paulo - O Brasil viu no ano que passou seus primeiros unicórnios, ou startups que valem um bilhão de dólares ou mais. E, se as expectativas econômicas forem cumpridas, podemos ver ainda mais negócios inovadores valiosos em 2019.
O otimismo está forte no empresariado, seja pela previsão de crescimento de 2,7% no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano ou pelo índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, ter chegado a bater 96 mil pontos na semana passada.
Para Alan Leite, CEO da aceleradora Startup Farm, essa previsão de um cenário mais positivo trará investidores internacionais - e isso é fundamental para vermos grandes negócios inovadores nacionais. “Eles que costumam protagonizar os maiores rounds, que transformam startups em unicórnios. Sabem que agora é a hora de capitalizar essas empresas para que elas ganhem mercado.”
“Os investimentos já começaram altos no setor de tecnologia, como vimos agora com a Contabilizei [75 milhões de reais liderados pelo fundo norteamericano Point72 Ventures]. As empresas estão em um momento de captura de investimentos”, complementa Pedro Ramos, conselheiro da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). “Quem conseguir captá-los, apresentar um crescimento importante e estar em um setor com potencial pode se tornar um unicórnio.”
“Os unicórnios que surgiram em 2018 foram o marco de uma nova fase do ecossistema brasileiro. Eles não nascem de um dia para o outro, então é possível afirmar que estamos mais maduros, mais preparados, recebendo mais investimentos externos e repatriando talentos”, resume Luís Gustavo Lima, sócio da aceleradora ACE.
Mas, afinal, quem irá valer um bilhão de dólares ou mais neste ano? Os especialistas deram seus palpites. Veja, a seguir, 7 possíveis unicórnios brasileiros em 2019:
Fundação: 2012
Investimentos captados: 88 milhões de dólares
O que faz: a Creditas oferece crédito tomando imóveis ou veículos como garantia. Segundo Furio, a Creditas deve liberar cerca de 340 milhões de reais neste ano, dentro do plano de tornar a companhia a maior de empréstimos com garantia na América Latina. Em dezembro de 2017, a Creditas recebeu aporte de 165 milhões de reais liderado pelo fundo de private equity sueco Vostok, no maior investimento desse ano no setor na América Latina.
Fundação: 2011
Investimentos captados: 91,9 milhões de dólares
O que faz: a rede Dr. Consulta, de clínicas particulares voltadas para as classes C e D, tem quase 50 unidades, boa parte delas na cidade de São Paulo. A empresa ainda tem uma atuação tímida no Rio de Janeiro e pretende chegar nos próximos meses em Belo Horizonte. A meta é começar a se estruturar para uma presença nacional e fechar o ano com 75 pontos de atendimento.
Fundação: 2012
Investimentos captados: 66 milhões de dólares
O que faz: o GuiaBolso é um aplicativo de controle de receitas e despesas para a pessoa física, por meio da importação de extratos bancários e categorização de transações. Recentemente, a fintech anunciou que dará recomendações financeiras diferentes para cada usuário, de acordo com o seu comportamento. Chamado de “Guia”, o novo recurso usa inteligência artificial e foi desenvolvido em conjunto com o Google. O app tem 4,5 milhões de usuários.
Fundação: 2013
Investimentos captados: 134 milhões de dólares
O que faz: com sede em São Paulo, a Loggi faz 3 milhões de entregas em 33 cidades, com 10 mil motofretistas e motoristas de vans. O negócio projeta que seu serviço de entregas terá 95% de cobertura nacional de entregas no mesmo dia ou no dia seguinte até 2020. Outra expectativa é atingir 5 milhões de entregas mensais pelo país nos próximos três anos.
Fundação: 2015
Investimentos captados: 25,5 milhões de dólares
O que faz: a fintech oferece uma plataforma que oferece contas digitais de pagamentos sem tarifas, além de cartões de crédito e investimento. O Neon dobrou sua base de clientes em 2018, chegando a 1,7 milhão de usuários, mesmo enfrentando em maio a liquidação de seu parceiro bancário. Agora, o Neon entra em novos segmentos e se prepara para mais uma rodada de captação com investidores.
Fundação: 2011
Investimentos captados: 26,2 milhões de dólares
O que faz: o empreendimento é conhecido principalmente pela RD Station, sua plataforma para gerenciar e automatizar ações de marketing digital. Por meio dela, pequenas e médias empresas atraem visitantes para seus sites e os convertem em oportunidades de negócio (no jargão, leads). O empreendimento de marketing digital possui pouco mais de 12 mil clientes e afirma ter 70% do mercado de marketing de automação.
Fundação: 2017
Investimentos captados: 75,3 milhões de dólares
O que faz: a Yellow é um aplicativo para a locação de bicicletas e patinetes elétricos no modelo dockless, que permite deixar o meio do transporte em qualquer local, de diversas cidades brasileiras até países como Argentina, Colômbia, Chile, México e Uruguai. Os fundadores da Yellow possuem boa experiência em bicicletas, mobilidade urbana, economia compartilhada — e em receber investimentos. Ariel Lambrecht e Renato Freitas co-fundaram o aplicativo e unicórnio brasileiro 99, enquanto Eduardo Musa já foi presidente da fabricante de bikes Caloi. A startup não comenta números atualizados, mas confirma que está “dentro de suas expectativas de expansão” — que eram de 20 mil bicicletas até o final de novembro.