Tembici: 54% dos usuários do serviço de aluguel usam as bicicletas para ir e voltar do trabalho (Tembici/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 5 de janeiro de 2021 às 12h15.
Última atualização em 5 de janeiro de 2021 às 12h15.
Quem caminha pela famosa avenida Faria Lima, em São Paulo, sede de dezenas de empresas e startups brasileiras, vê uma profusão de bicicletas passando pela ciclofaixa local. Na pandemia, para escapar do trânsito e das aglomerações do transporte público, muitos funcionários optaram pelas bikes como meio de transporte para ir e voltar do trabalho.
De olho na tendência de crescimento desse meio de transporte, empresas de benefícios se movimentam. A Ticket Log, do grupo Edenred Brasil, fechou uma parceria com a Tembici — que cuida do serviço de aluguel de bicicletas patrocinado pelo Itaú — para que os seus clientes possam usar o saldo do cartão Ticket Car, usado para pagar combustível e transporte público, para alugar as bikes da startup.
“As pessoas querem flexibilidade para se deslocar. Por isso, nossa plataforma pensa a mobilidade para além do combustível, incluindo transporte público, lavagem de carro e aluguel de carro por aplicativo. Na Tembici, encontramos uma empresa estruturada e sustentável”, diz Douglas Pina, líder da divisão de frota e soluções de mobilidade da Edenred Brasil. Nos próximos três anos, a empresa aposta que os as bicicletas, aplicativos de transporte e serviços de táxi vão corresponder a cerca de 30% do seu negócio.
Para a Tembici, a parceria responde a uma das necessidades dos seus clientes. Segundo a companhia, 54% dos usuários do seu serviço informaram que utilizam as bicicletas alugadas para ir e voltar do trabalho. A expectativa é que o benefício corporativo como opção de pagamento intensifique esse tipo de uso.
No lançamento da parceria, novos assinantes terão 20% de descontos nos planos. Quem já usava o serviço da Tembici e tem o Ticket Car como benefício empresarial, poderá alterar a forma de pagamento no aplicativo da startup.
Segundo Mauricio Villar, cofundador da empresa, a Tembici está buscando outras parcerias com companhias e empresas de benefícios. Desde o final do ano, a startup tem um time exclusivo para buscar mais contratos corporativos.
Além da parceria com a Edenred, em outubro do ano passado, a empresa fechou um contrato com o iFood para colocar suas bicicletas elétricas à disposição dos entregadores em São Paulo. Hoje, eles têm acesso a 500 unidades das e-bikes na região de Pinheiros — a assinatura custa 9,90 reais por semana.
O projeto de bicicletas elétricas foi o primeiro resultado do aporte de 47 milhões de dólares que a companhia recebeu em junho de 2020 em rodada liderada pelos fundos Valor Capital Group e Redpoint eventures. As primeiras unidades foram colocadas no Rio de Janeiro em setembro. “Estamos otimistas que 2021 será um ano de crescimento do número de viagens e expansão do nosso modelo de bikes elétricas para novas cidades”, diz Villar.
As bicicletas ganharam espaço na agenda pública em 2020. A pandemia e a crescente preocupação com a agenda de ESG levaram governos ao redor do mundo a incentivar soluções de transporte individual com baixa emissão de carbono.
Na Itália, por exemplo, o governo oferece um bônus de 500 euros a cidadãos que compram bikes. Há um investimento maior em ciclovias, também. Em Paris, na França, 50 quilômetros de áreas reservadas para carros estão sendo adaptados para bicicletas, e a cidade pretende investir 325 milhões de dólares na sua infraestrutura para ciclistas. Nos Estados Unidos, a cidade de Seattle fechou permanentemente 30 quilômetros de ruas para dar mais espaço para ciclistas e pedestres.
No Brasil, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 5367/20, do deputado Juninho do Pneu (DEM-RJ), que propõe estabelecer um percentual mínimo de ciclovias ou ciclofaixas nas cidades brasileiras. “A utilização de meios de transportes ativos, como é o caso da bicicleta, representa um enorme ganho para o meio ambiente e a sociedade como um todo”, argumenta o autor.