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Bel Pesce se defende mais uma vez e mostra diplomas

A empreendedora escreveu mais uma postagem contando sua versão dos fatos, após críticas à sua trajetória profissional.

Bel Pesce: ela falou sobre sua trajetória acadêmica, sobre seus estágios, sobre suas empresas e até sobre empreendedorismo (Reprodução/Facebook/Bel Pesce)

Bel Pesce: ela falou sobre sua trajetória acadêmica, sobre seus estágios, sobre suas empresas e até sobre empreendedorismo (Reprodução/Facebook/Bel Pesce)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 5 de setembro de 2016 às 18h22.

São Paulo - A empreendedora Bel Pesce enfrenta uma série de críticas nos últimos dias. Se antes as críticas estavam concentradas em sua co-participação no crowdfunding para a hamburgueria Zebeléu (campanha que acabou sendo cancelada), agora o foco das reclamações está na própria trajetória profissional de Pesce.

Admirada por muitos como uma empreendedora de sucesso e uma inspiração para quem quer empreender e inovar, a jovem tem vivido maus momentos desde o fim do crowdfunding da hamburgueria. Ela teve seu passado vasculhado e seu currículo questionado nas redes sociais. 

Diante disso, a "Menina do Vale" publicou uma nova explicação – desta vez, na plataforma Medium. Ela falou sobre sua trajetória acadêmica, sobre seus estágios, sobre suas empresas e até sobre empreendedorismo em geral. 

“Por todos aqueles que me conhecem e me ajudam todos os dias a construir essa trajetória, resolvi relatar um pouco dessa história, desde os tempos de estudante do MIT até os desafios atuais. Não quero e nem vou polemizar, mas gostaria de poder contar, com minhas próprias palavras e com provas, essa minha jornada que está só começando”, escreve.

Formação no MIT

No resumo disponibilizado em seu LinkedIn, Bel Pesce afirma ter estudado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), “onde se formou em Engenharia Elétrica, Ciências da Computação, Administração, Economia e Matemática.”

Porém, usuários afirmam que Pesce não teria conseguido cinco bacharelados pela instituição americana. E é verdade, segundo a própria empreendedora.

Ela atribui toda a confusão a um equívoco de interpretação dos brasileiros: nos Estados Unidos, há as possibilidades de graduação Major e Minor. A primeira funciona como um bacharelado, enquanto a outra se assemelha a um curso de menor duração, ainda que acadêmico.

Pesce afirma que se formou com dois Majors (“Engenharia Elétrica e Ciências da Computação” e “Administração”) e dois Minors (“Economia” e “Matemática”) - algo que aparece apenas na parte acadêmica de seu LinkedIn. Inclusive, postou sua grade curricular no Medium.

“Agora que acompanhei as críticas, acho melhor sempre me certificar de explicar o que é um major e um minor, apesar da complicação disso e de não ter controle sobre todas as mídias. Se em algum momento, posicionar que tenho cursos em Engenharia Elétrica, Ciências da Computação, Administração, Economia e Matemática pode ter feito alguém se sentir ofendido, desculpe”, escreve Pesce.

“Sempre que possível eu clarifiquei, mas de alguns milhares de vezes que eu tenha falado sobre o assunto, imagino que certas vezes realmente não tenha ficado claro, até mesmo porque é um assunto que não se explica em 1 segundo. Vou clarificar em todos os lugares que eu possa mexer, e vamos ter um trabalho redobrado com matérias escritas, pedindo que realizem mudanças sempre que necessário.”

Experiências: Google e Microsoft

Mais um ponto de reclamação é que Bel Pesce teria dado a entender que trabalhou nas gigantes de tecnologia Google e Microsoft como mais do que uma estagiária de verão durante poucos meses.

Em seu texto, Pesce coloca que realmente trabalhou nas duas companhias como estagiária, mas ressalta que são trabalhos “em geral ultra-competitivos e altamente remunerados”.

Na Microsoft, por exemplo, diz que teve direito inclusive a “um churrasco na casa do próprio Bill Gates”. Depois, Bel teria voltado a ser estagiária na empresa de tecnologia, agora na área de gerenciamento de programas.

Depois dessa experiência, Pesce também teria entrado para o programa VI-A: uma iniciativa do MIT para que seus estudantes realizem projetos dentro de grandes empresas de tecnologia, contando a experiência como créditos acadêmicos.

Visitando agora seu LinkedIn, Bel Pesce descreve suas experiências no Google e na Microsoft como “intern” (“estagiária”). 

Empresas: Talenj e Lemon Wallet

Por fim, o último lote de críticas diz respeito a empresas que Bel Pesce teria fundado. Para seus críticos, sua experiência empreendedora não teria sido do tamanho que a "Menina do Vale" coloca.

Por exemplo, ela é CEO e co-fundadora da Talenj, segundo seu LinkedIn. Alguns usuários afirmam que esta é uma empresa de fachada – acessando o site do negócio, não há muito para se fazer.

Quanto a isso, a empreendedora afirma que a Talenj foi um projeto descontinuado. “Talenj foi antes uma plataforma colaborativa de produção de conteúdo, tínhamos criado uma maneira de fãs de marcas desenharem e participarem de campanhas publicitária e também de diversos desafios”, escreve.

“Tiramos isso do ar e em vez de simplesmente deletar o site, o que ficou no ar foi apenas uma brincadeira de programador. Faz cerca de 5 anos que nem menciono a Talenj e foco em outros projetos. Aliás, foi uma memória bacana dos tempos de faculdade rever esses sites.”

Outra crítica sobre empresas é que Bel Pesce não seria uma das fundadoras da Lemon Wallet, startup de serviços financeiros na nuvem.

Em uma troca de tuítes, o CEO Wences Casares teria dito que Pesce, de fato, não fundou a startup. Afirmou que não responderia mais perguntas sobre ela e deletou os tuítes anteriores.

Hoje, postou um esclarecimento sobre a situação: a empreendedora entrou na empresa depois do lançamento da versão-teste da Lemon, mas o time concordou que ela poderia se autoentitular “co-fundadora” mesmo assim.

Em seu texto no Medium, Pesce ecoa a ideia de que teria sido chamada para ser co-fundadora. "Em 11 de Julho de 2011, recebi uma oferta para fazer parte da Bling Nation, que depois viria a se tornar a Lemon. Meu principal trabalho seria Head of Business Development. Fui chamada explicitamente para ser parte do time de fundadores junto com outras pessoas que já eram parte da empresa no momento que entrei."

Conclusões e novas críticas

No fim de sua postagem, Bel Pesce faz uma crítica aos que generalizam o termo “empreendedorismo de palco”: supostos donos de negócio que fazem fortuna vendendo dicas de como montar uma empresa, sendo que o único negócio que montaram foi sua própria indústria de palestras.

“Algumas pessoas que são EXTREMAMENTE mão na massa e vivem seus dias criando ideias, desenvolvendo negócios e tocando equipes, acabam sendo colocados na mesma categoria de quem só fala e não executa nada”, lamenta.

Pesce afirma que neste ano tenta evitar mais de quatro horas por mês em palestras, “por mais que elas sejam ótimas para uma pancada de mindset e para divulgação do meu trabalho. Espero que as pancadas que eu levei nessa semana nos ajude a refletir sobre escolher bem no que devemos acreditar.”

O novo texto de Bel Pesce não foi isento de novas reclamações, destrinchando as explicações da empreendedora. No próprio Medium e em redes como o Facebook, usuários alegam que Pesce continua inflando seu currículo mais do que deveria e que, na verdade, sua postagem não pareceu um pedido de desculpas.

Eles também pedem mais explicações sobre inciativas que Pesce não mencionou no texto, mas que foram objeto de discussão na internet: o site BeDream; o projeto Touchless, da Microsoft; e a startup WaterAfrica, por exemplo.

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