Roberto Campos Neto: presidente do Banco Central repetiu que não entende que emissão de moeda deve ser usada neste momento (Bruno Rocha/Fotoarena)
Agência O Globo
Publicado em 1 de junho de 2020 às 14h38.
Última atualização em 1 de junho de 2020 às 15h01.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que as políticas para pequenas e médias empresas têm que ser intensificadas. "Esse é nosso principal problema hoje. O Banco Central deve anunciar medidas em breve com esse direcionamento", afirmou.
Em audiência na comissão mista que acompanha medidas de combate à pandemia do coronavírus, Campos Neto repetiu que não entende que emissão de moeda deve ser usada neste momento.
Ele afirmou que o mercado vê como assimetria tanto reduzir juros com inflação alta como emitir moeda com inflação baixa e que isso cria um "viés de alta" na inflação.
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Campos Neto acrescentou que a expectativa do Banco Central para a atividade econômica está defasada e será atualizada para pior neste mês, no próximo relatório de inflação.
O último relatório, ainda de março, prevê variação zero no PIB deste ano. Já o relatório de mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, espera recuo de 6,25%.
Provocado por um dos parlamentares sobre redução do produto e aumento do endividamento, o presidente do BC concordou: "Vamos sair dessa crise mais pobres e com muito mais dívida."
O presidente do Banco Central disse que as mudanças no programa de financiamento da folha de pagamentos pode levar a concessão de crédito a R$ 20 bilhões. O valor corresponde à metade do programa inicial, que previa a concessão de R$ 40 bilhões.
Em audiência na comissão mista que acompanha medidas de combate à pandemia do coronavírus, Campos Neto disse ainda que os recursos previstos para o Plano Safra em 2020 são maiores do que os de 2019, e que a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, estaria "feliz".
O presidente do Banco Central disse que "obviamente" o adiamento da abertura das atividades econômicas em alguns Estados "tem um custo econômico".
Campos Neto afirmou ainda que havia feito alertas para o custo do distanciamento social na parte de serviços. "Fazemos estimativa (econômica) de acordo com o que vai acontecendo", pontuou.
Presidente do Banco Central também mostrou que o governo vai alterar o escopo do programa de R$ 40 bilhões que financia o pagamento de salários de pequenas e médias empresas.
O programa não estava atingindo os resultados esperados. Dos R$ 40 bilhões disponíveis, apenas R$ 1,9 bilhão foi financiado até a última semana.
Segundo a apresentação do presidente, o programa agora deve incluir empresas maiores, com faturamento anual de até R$ 50 milhões. Inicialmente, o financiamento era voltado para empresas que tinham faturamento de R$ 360 mil a R$ 10 milhões.
Na semana passada,Campos Neto explicou que o grosso dos pedidos de financiamento vieram das empresas que tinham faturamento mais próximo do limite de R$ 10 milhões. Nesse caso, o entendimento foi que a linha não atendia as necessidades das empresas menores. Por essa razão, o governo resolveu ampliar o escopo