Sami: healthtech recebeu um cheque de 15 milhões de dólares em outubro para começar sua operação de plano de saúde (Sami/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 4 de novembro de 2020 às 10h00.
Última atualização em 4 de novembro de 2020 às 10h04.
Mesmo com a pandemia, 2020 é um bom ano para o ecossistema brasileiro de startups. Entre janeiro e outubro deste ano, o volume investido nas empresas de inovação do Brasil já soma 2,49 bilhões de dólares, 3% a mais que o acumulado no mesmo período de 2019.
Os dados, compilados pela empresa de inovação Distrito, revelam que em outubro os investimentos em startups brasileiras somaram 221 milhões de dólares, divididos em 49 aportes. O valor é 258% maior que o investido no mesmo mês de 2019, quando as empresas receberam 61,6 milhões de dólares.
Entre as principais rodadas de outubro, há a captação de 100 milhões de dólares da startup mineira Take, de chatbots, considerada a maior série A já feita no Brasil. A healthtech Sami, que está construindo um plano de saúde para pequenas empresas, também anunciou ter recebido um cheque de 15 milhões de dólares no mês passado.
"Nestes dez meses, já superamos o acumulado durante o mesmo período de 2019 e nossa expectativa é que este cenário se mantenha pelos próximos meses. Ao que tudo indica, há grandes chances de termos o melhor ano da história para o universo das startups brasileiras", afirma Gustavo Gierun, cofundador do Distrito.
O ano de 2019 foi atípico no mercado brasileiro, com a movimentação de 2,95 bilhões de dólares em rodadas volumosas lideradas por fundos estrangeiros. O conglomerado japonês SoftBank sozinho investiu mais de 1,3 bilhão de dólares em companhias como Gympass, QuintoAndar, Loggi, VTEX e Olist. Este ano, o perfil de empresa a receber cheques multimilionários mudou: os unicórnios deram lugar aos camelos.
Analisando as 338 captações realizadas em 2020 até então, percebe-se que 292 das transações foram feitas com startups novatas, em busca de capital-anjo, pré-seed e seed. Apesar disso, mais de 93% dos 2,32 bilhões de dólares investidos estão sendo aportados em empresas em estágios mais avançados de negócio.
O setor campeão em volume investido foi o de fintechs, com 70 rodadas e mais de 1 bilhão de dólares aportados. Os bancos digitais Neon e Nubank, sozinhos, receberam 300 milhões de dólares cada em rodadas de investimento. Na sequência, aparece o setor de varejo (retailtechs), que registrou 32 aportes, somando 274 milhões de dólares.
Em outubro, 18 fusões e aquisições foram registradas pela Distrito no mercado brasileiro. O ano é recorde nesse tipo de transação, com 118 negócios. O volume acumulado já é 87% superior a todo o ano de 2019, quando foram realizadas 63 aquisições.