As principais tendências para negócios na web
Respondido por Fernando de La Riva, especialista em negócios digitais
Antes de falar de tendências para negócios digitais, temos que abordar as características de dois cenários com ecossistemas de tecnologia com estruturas de financiamento muito diferentes: enquanto os Estados Unidos têm muito dinheiro disponível para venture capital (29,4 bilhões de dólares em 2013, segundo a PWC) e muitas opções de saída em um cenário de afrouxamento monetário e juros zero.
No Brasil temos o inverso: algum dinheiro para capital semente, mas pouco para investimentos subsequentes, renda fixa em dois dígitos e muita instabilidade regulatória.
Com isso, formam-se dois mercados bastante diferentes. Nos Estados Unidos, uma das principais tendências que já podemos observar é a “internet das coisas”: o uso de sensores, big data e inteligência artificial para que máquinas resolvam problemas que antes eram resolvidos por pessoas.
Outra novidade são as “startups de hardware”, ligadas ao que chamamos de “wearables”, dispositivos e sistemas operacionais que atacam o celular como principal força de interação do usuário.
A criação do Google Glass e a evolução do conceito do Android Wear, além da compra da Nest Labs pelo Google, evidenciam essa tendência. Vale citar ainda a impressão 3D.
Podemos dizer que o que era tendência há algum tempo nos EUA, como ferramentas de troca de mensagens, ecossistema de APIs, mobile, social, cloud, sensores e big data, hoje são ferramentas estáveis para construção das novas tendências. No Brasil, apesar de podermos considerar esses itens ainda como novidade não temos estrutura de financiamento suficiente para emplacá-los.
Por aqui, vemos ainda uma consolidação da primeira onda de venture capital, que aconteceu entre 2011 e 2013 com três players relevantes: Hotel Urbano, Peixe Urbano e Dafiti, e algumas apostas interessantes em serviços financeiros, como o Bidu. Hoje temos uma quantidade razoável de capital semente, inclusive com interferência governamental, mas muita dificuldade para rounds subsequentes em startups já estabelecidas.
Com isso, acredito que a maior tendência no Brasil é emergir um modelo de venture capital especial, que não segue o modelo americano e leva em conta a particularidade do nosso cenário.
A primeira tendência que podemos observar é a emergência de uma nova geração de produtos B2B2C, ou seja, criados para empresas que já tenham clientes e capacidade para cobrar, provisionar e atender, o que elimina alguns riscos.
Empresas de BigData, cloud e social serão adquiridas ou montadas por empresas de TI maiores, que precisam se atualizar e têm muito mercado para “cross sell”. Outra aposta são startups que resolvem problemas de burocracia, classes de ativo como financiamento imobiliário, por exemplo, que aqui no Brasil não funcionam na mesma velocidade que o crédito automotivo.
O sucesso do aplicativo PlayKids na Apple Store americana comprova que o mercado de produtos para crianças também tem um bom potencial, e o IPO da Abril Educação em 2011 mostra como pode ser grande a oportunidade para startups ligadas à educação, uma vez que é alto o poder da venda recorrente para a população brasileira, ainda jovem. Por fim, devem aparecer dúvidas sobre novos investimentos em varejo, a não ser para players já estabelecidos.
Esse novo modelo deve surgir em um cenário confuso, com realização da Copa do Mundo e eleições, e deve enfrentar dificuldades como saídas de financiamento, custo Brasil e geração de talentos.
Em resumo, ironicamente o novo modelo de investimento em capital “de risco” deve ser mais “cauteloso”, baseado em startups ligadas a grupos já estabelecidos que buscam receita recorrente e inovação de produto para usuários já existentes. As saídas deverão ser pequenas e baseadas em aquisições estratégicas sem nenhum IPO à vista.
Fernando de La Riva é especialista em negócios digitais e sócio da Concrete Solutions.
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1. App na mão, dinheiro no bolso
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1/10 (PhotoAlto/Frederic Cirou/Getty Images)
São Paulo – Um mercado virtual de centenas de bilhões de dólares com alto potencial de mudar a vida das pessoas. Os aplicativos já são parada obrigatória da maioria das empresas. Segundo a consultoria Morgan Stanley, o Brasil já tem mais de 70 milhões de smartphones, sendo o quarto maior do mundo em uso dos aparelhos. Outro estudo, desta vez feito pela Appnation, diz que os apps devem movimentar 151 bilhões de dólares em 2017, mais do que o dobro do valor atual. Além disso, seu uso vai além das telinhas de celulares e tablets. Carros inteligentes e televisores vão ajudar a impulsionar o mercado. As oportunidades de negócios surgem a cada dia. “O Whatsapp nasceu para o smartphone e já foi comprado, e a tendência de que o fenômeno se repita é alta. As próximas compras de alto valor no setor de tecnologia devem envolver algum produto mobile também. O mercado mostra que o investidor está pagando alto para quem faz mobile do jeito certo”, explica Victor Lima, gerente de mobile aqui da Concrete Solutions. Com a ajuda de Lima e dos investidores Camila Farani e Cassio Spina, EXAME.com selecionou alguns exemplos bem sucedidos no mercado de apps.
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2. Easy Taxi
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2/10 (Divulgação)
Com investimentos que passam os 30 milhões de reais, o Easy Taxi é um dos exemplos brasileiros de empreendedor no mercado de app. “O aplicativo, líder de chamadas de táxi, fundado por Tallis Gomes, está hoje presente em vários países e pode ser considerado um dos principais no mundo”, diz Camila. Aplicando um modelo internacional no Brasil, estima-se que o app fature alguns milhões de reais ao ano. “O segredo deste tipo de aplicativo é resolver bem um problema que é muito comum”, diz Lima.
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3. Northcube AB
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3/10 (Montagem/Place.it/EXAME.com)
A desenvolvedora de apps sueca é a responsável por um dos aplicativos mais bem sucedidos nas lojas de apps, o Sleep Cycle Alarm Clock, que, através do sensor do celular, documenta os movimentos e faz relatórios sobre a qualidade do sono. O app é o mais baixado, entre as opções pagas, em ao menos seis países, como Estados Unidos, Japão e França.
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4. GrubHub
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4/10 (Divulgação/GrubHub)
O GrubHub é um dos maiores apps de delivery online do mundo. “Recentemente, a empresa foi a público, captando 100 milhões de dólares no seu IPO”, diz Camila. Inspiração para vários casos brasileiros, o app processa mais de 150 mil pedidos por dia e fica com até 17% de cada um. No ano passado, teve vendas de 130 milhões de dólares.
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5. Movile
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5/10 (Luísa Melo/Exame.com)
Com dois escritórios em São Paulo, a Movile também é um case nacional. Especializada em apps e games, a empresa cresce 40% ao ano e tem investido forte no mercado. No ano passado, por exemplo, fez um aporte de 5,5 milhões de reais no app de delivery iFood. “A empresa brasileira conseguiu chegar ao primeiro lugar entre os que mais faturam da Apple Store americana, na categoria kids, com o app PlayKids”, diz Lima. A empresa tem mais de 300 colaboradores e serviços em cinco países além do Brasil, totalizando 15 milhões de pessoas usando suas soluções.
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6. ZoeMob
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6/10 (Daniela Toviansky)
Mais um exemplo brasileiro, o ZoeMob é um serviço móvel para que os pais monitorem os filhos através dos celulares. No ano passado, a empresa recebeu um aporte de 1 milhão de reais do fundo e-Bricks Digital. O faturamento da empresa é estimado na casa dos 4 milhões de reais.
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7. Whatsapp, WeChat e Line
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7/10 (tecnomovida/Flickr)
Um dos casos de aquisição bilionária mais recentes, o Whatsapp, não poderia ficar de fora da lista, assim como outros apps de mensagens, como o WeChat e o Line. “Em 2013, os aplicativos de ‘social messaging’ começaram a solidificar suas receitas por meio de modelos ‘freemium’. Outra forma de faturamento desse tipo de apps é o que chamamos de compras ‘in-app’, serviços diferenciados dentro do aplicativo que são cobrados, como mais emoticons”, explica Lima.
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8. Open Table
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8/10 (Divulgação/Open Table)
Criado em 1998, o Open Table é o maior aplicativo de reservas do mundo e tem mais de 35 mil restaurantes. “Pode ser considerado hoje um dos grandes cases de startups. Fundado por Chuck Templeton, em 1998, passou por algumas rodadas grandes de investimento e hoje possui receita anual de 190 milhões de dólares, com valor de mercado na ordem de 1,8 bilhão de dólares”, explica Camila.
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9. King
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9/10 (Andrew Harrer/Bloomberg)
O mercado de games em aparelhos móveis é um dos que mais movimentam dinheiro. Os especialistas lembram dois casos impactantes deste setor: a Rovio, com o Angry Birds, e a King, com o Candy Crush. “É importante observar também que a área de jogos é uma área à parte, que gera bastante faturamento e deve ser separada do geral porque contamina as métricas”, diz Lima. A primeira tem faturamento na casa dos 150 milhões de euros e a segunda, de 1,8 bilhão de dólares.
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10. Agora, leia mais dicas para empreendedores
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10/10 (Reprodução/Agendor)