Bruno Nardon, Tallis Gomes, Alfredo Soares e Tony Celestino, da G4 Educação: meta de viabilizar a criação de 1 milhão de empregos no Brasil até 2030 (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 27 de abril de 2022 às 07h00.
Última atualização em 29 de abril de 2022 às 10h41.
A edtech paulistana G4 Educação, focada em cursos de liderança e gestão, tem entre os sócios três das faces mais conhecidas do empreendedorismo de tecnologia do Brasil: Tallis Gomes (fundador de EasyTaxi e Singu), Bruno Nardon (Rappi, Kanui e Dafiti) e Alfredo Soares (Vtex e Xtech).
Ontem, a edtech colocou o rosto dos três, e a do CEO do G4 Club Tony Celestino (oriundo da operação brasileira da aceleradora Techstars e também sócio da G4) num dos espaços mais prestigiados dos negócios no mundo: o painel eletrônico da Nasdaq, a bolsa de tecnologia de Nova York, que mede 37 metros de altura e está localizado na Times Square, no coração da metrópole.
Normalmente utilizado para dar as boas-vindas às empresas com abertura de capital na Nasdaq, o painel serviu aos quatro líderes da G4 mostrar uma conquista, para eles, tão importante como um IPO: a abertura de 100.000 vagas de trabalho em 2.302 empresas de alunos que passaram pela formação presencial da G4 desde a fundação, em 2019 (quando a escola chamava Gestão 4.0.) até o ano passado.
O anúncio no painel foi contratado pelos sócios da G4 para divulgar o resultado de uma pesquisa com ex-alunos da G4 validada por matemáticos da Universidade de São Paulo.
A metodologia do estudo envolveu telefonemas periódicos às empresas de ex-alunos para checar o status do quadro de funcionários — e o saldo entre vagas abertas e fechadas.
Ao fim do período, a pesquisa apontou apontou que as empresas expandiram o quadro de funcionários em 116%, em média, num período de até 15 meses após a participação da liderança máxima do negócio (geralmente quem fundou) num programa da edtech.
Uma das metas da edtech é a geração de empregos. “Queremos ser responsáveis pela geração de 1 milhão de empregos até 2030”, diz Tallis Gomes, chairman e porta-voz da empresa.
A bonança de empregos reflete a expansão do próprio negócio da G4. No ano passado, a edtech faturou 52 milhões de reais, pouco mais do dobro do registrado em 2020: 20 milhões de reais.
A julgar pela projeção de contratos já fechados, e a dos que estão no pipeline, Tallis espera uma receita de 142 milhões de reais em 2022.
O modelo da G4 tem negócios em três frentes. A primeira é a da educação em si. Num misto de aulas presenciais em dois pontos físicos de São Paulo e de conteúdos online, os alunos têm acesso a cursos livres sobre temas em alta na gestão de empresas.
Na lista, há mais de 20 opções sobre como fazer networking, gestão de vendas, experiência do consumidor e estratégias diversas de marketing digital.
A metodologia de ensino funciona na linha clássica de MBAs mundo afora: muitas análises sobre boas práticas das empresas mais valiosas do mundo.
Aí, uma ressalva de Gomes sobre as escolas tradicionais de gestão no país. Para ele, o Brasil carece de educação prática para o empreendedorismo. "Uma coisa é estudar o fordismo, que ficou na história mas está distante da realidade atual", diz ele.
"Hoje em dia é importante estudar como Elon Musk coloca inovação na Tesla, como o Google criou uma cultura organizacional ímpar, e coisas do tipo. Isso falta no Brasil."
A maneira de colocar em prática uma didática adaptada aos tempos atuais na G4 tem a ver com os outros dois pilares da edtech.
Uma delas é o G4 Club, um clube com mais de 150 empreendedores e fundadores de empresas que já passaram pelos cursos.
A finalidade é criar as condições propícias para a geração de negócios, networking, experiência e desenvolvimento contínuo.
Para as empresas e seus times, há o terceiro pilar, o de treinamentos corporativos.
Nele, as apostas são o G4 Skills, um software na nuvem que usa inteligência artificial para determinar trilhas de conhecimento personalizadas aos funcionários das empresas dos alunos da G4, e o In Company, que monta treinamento presencial customizado.
Daqui para frente, o ritmo é de pé no acelerador. Os 234 funcionários da G4 devem virar 400 até o fim do ano.
Novos cursos, com um treinamento de liderança comandado por Bernardinho, ex-técnico da seleção brasileira de vôlei, estão no radar. Um programa parrudo de bolsas de ensino para cursos de empreendedorismo também vem por aí.
Demanda não deve faltar. A mesma pesquisa que apontou os 100.000 empregos abertos por ex-alunos da G4 perguntou também quais eram os principais desafios de gestão desses negócios.
Em primeiro lugar está a questão da dificuldade em organizar, gerir o time e desenvolver cultura, seguido por vender mais e aumentar a conversão de vendas, com 29,7% e 28,5%, respectivamente. Resolver tanto enrosco é motivo de sobra para mais painéis comemorativos na Nasdaq.
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