Thiago Amarante e Marlos Távora, fundadores da Chatbot Maker: empresa criou a Alexa das PMEs e agora recebeu aporte de R$ 1,5 milhão (Edimar Soares/Divulgação)
A comunicação entre consumidores e marcas está cada vez mais automatizada. O exemplo clássico está no setor financeiro e na extensa lista de assistentes virtuais que auxiliam clientes em serviços básicos e dúvidas cotidianas relacionadas às suas transações. É a ideia de robotizar o atendimento.
Algumas empresas levam a ideia mais a sério e criam personas para suas assistentes virtuais, com identidade própria e tudo. É o caso do Magazine Luiza e sua assistente Lu, que interage com consumidores pelas redes sociais e tem até mesmo um canal no YouTube.
Foi de olho nesse cenário que os empreendedores Thiago Amarante e Marlos Távora fundaram, ainda em 2017, a Chatbot Maker, startup de inteligência artificial que desenvolve chatbots personalizados para empresas. O propósito era facilitar a comunicação entre marcas e consumidores em um contexto que exigia cada vez mais agilidade no atendimento digital.
Sem deixar de lado a humanização, a premissa da Chatbot Maker é oferecer chatbots personalizados. A startup faz isso com a ajuda da Suri, sua robô. De maneira simplificada, a startup “pluga” a Suri aos canais de comunicação de pequenas e médias empresas, especialmente o WhatsApp. A partir disso, permite que empresas respondam, via chat, consumidores que tenham dúvidas sobre informações básicas como o horário de funcionamento e atendimento da companhia, localização, formas de pagamento e até mesmo vagas de emprego.
“Vimos que as empresas seriam quase obrigadas a dar atendimento via chat, pois teriam de estar onde os clientes estão. Hoje, a mudança de hábito dos usuários, com o advento dos aplicativos de mensagem, traz também a necessidade de imediatismo para as empresas”, diz Marlos Távora, cofundador da startup.
Agora, a empresa acaba de receber um investimento de 1,5 milhão de reais feito pela KPTL, em um fundo criado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e que conta também com o Banco do Nordeste e mais nove organizações. O objetivo é usar o capital para trazer ainda mais opções à Suri.
Para deixar claro o diferencial da Suri, os fundadores comparam a robô com a Alexa, assistente virtual da Amazon. Assim como a robô da Amazon, a inteligência artificial da Chatbot Maker também conta com aprendizado de máquina, ou seja, vai se adaptando às necessidades dos usuários na medida em que é utilizada. “Criamos a Alexa para pequenas e médias empresas“, diz Thiago Amarante, CEO da Chatbot Maker.
Segundo o empreendedor, hoje o mercado oferece opções escassas para empresas que querem ter uma inteligência artificial. “Hoje, ou uma empresa precisa fazer a contratação de uma empresa terceirizada - o que é demorado e caro - ou ela mesma precisa construir seu chatbot, o que não é um processo fácil e também custoso”, diz Amarante.
Com a Suri, uma PME não precisa aprender conceitos relacionados especificamente ao desenvolvimento de chatbots, como design digital, por exemplo. Tampouco precisa contratar uma empresa. A solução já vem pronta: basta plugar e usar.
Com a pandemia, que trouxe às empresas uma necessidade de digitalização forçada e agilidade nos canais de atendimento - levando em conta que não mais existiam os pontos físicos -, a empresa saltou de 25 para 200 clientes. Desde 2017, a empresa já criou mais de 450 chatbots diferentes, que viabilizaram a troca de 1,5 bilhão de mensagens trocadas com a Suri por 3,5 milhões de pessoas.
Segundo Amarante, o aporte recebido pela KPTL será utilizado para impulsionar a empresa. Para isso, o capital servirá para trazer um novo aparato tecnológico à Suri, ajudando a empresa a implementar novas tecnologias à robozinha. “Vamos melhorar a inteligência da Suri, colocando em novas verticais de negócios”, diz.
A ideia é incorporar novos canais de comunicação na robô, principalmente o Instagram. Hoje, o principal canal é o WhatsApp.
Além disso, com 70% do valor aplicado a estratégias de marketing e tecnologia, a startup quer também tornar a plataforma ‘self-service’, simplificando o acesso para que empresas possam entrar e testar livremente. Em segundo plano, a empresa quer também aperfeiçoar o acompanhamento de métricas obtidas pela Suri pelo celular, algo que hoje é feito apenas pelos desktops.
Em comum, todas as melhorias visam multiplicar por cinco a base de clientes até o final do ano, saltando de 200 para 1.500 usuários. “Esse capital ajudará na evolução que queremos fazer. Foram sete meses de muito diálogo com fundos e agora podemos ter o impulso que precisamos para crescer”, diz o CEO.
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