Rosalvo Gizzi Júnior, da rede Rei da Barba: advogado abriu negócio por ser um consumidor insatisfeito de salões unissex (Elton Araújo/Rei da Barba/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 6 de agosto de 2017 às 08h00.
Última atualização em 6 de agosto de 2017 às 08h00.
São Paulo - Muitos negócios de sucesso começam a partir de uma experiência ruim. Quem nunca saiu tão insatisfeito de uma loja a ponto de pensar em como mudar essa situação?
O empreendedor Rosalvo Gizzi Junior não apenas pensou, mas fez: ele se sentia constrangido em fazer serviços de estética, como pedicure, enquanto cortava o cabelo em salões unissex. Por isso, abriu sua própria barbearia premium, que oferece desde os serviços mais comuns até drenagem linfática, massagem e peeling facial, tudo para o público masculino.
O negócio, chamado Rei da Barba, caiu no gosto do público. Hoje, virou uma rede de três unidades próprias e 11 mil clientes por mês. O próximo passo é franquear a ideia de negócio.
Hoje, falar em barbearias premium parece um lugar comum: há várias locais do tipo em grandes metrópoles, como São Paulo, unindo atendimento e serviços diferenciados para homens.
Porém, Gizzi Junior ressalta que sua barbearia abriu há cerca de oito anos em Curitiba, antes do boom desse tipo de empreendimento, que começou há cerca de três anos.
O Rei da Barba começou a partir da compra de uma franquia pioneira - que acabou não dando certo, pela inexperiência do franqueador e do próprio empreendedor.
“A pessoa nem queria me vender uma franquia, não entendia disso, e eu insisti. Era um sonho meu, mas eu não entendia desse mercado. Pagava royalties todo mês e não via retorno”, explica.
Então, Gizzi Junior decidiu começar do zero e fazer seu próprio conceito de negócio, unindo barbearia e estética.
“Viajei bastante, pesquisei como barbearias e fiz cursos no Sebrae de gestão e de operação. Entendi alguns detalhes do ramo, como a necessidade de fazer um bom contrato de trabalho com os barbeiros, que são profissionais autônomos. A falta de organização estrutural pode levar a ações trabalhistas que comprometem totalmente a saúde financeira da sua empresa. Muitos brasileiros abrem negócios por paixão e garra, mas não se preparam para tal”, dá a dica.
Mas como sobreviver em um mercado hoje tão competitivo? De acordo com o empreendedor, o diferencial da rede Rei da Barba para outras barbearias é não apenas a prestação de serviços incomuns, mas o atendimento que os envolve.
“Não somos apenas uma barbearia: incluímos outras coisas porque nosso público é de classe A, muitas vezes são empresários e trazem seus os clientes junto ao visitar o Rei da Barba. Mas, principalmente, o homem não busca apenas um lugar amplo e confortável, com uma cervejinha, mas também qualidade de atendimento e do serviço em si. Esse é o nosso diferencial”, afirma o empreendedor.
Depois da primeira loja em Curitiba, foram inauguradas mais duas unidades próprias: outra na mesma cidade e uma na cidade de São Paulo, na Alameda Lorena, em novembro de 2015.
Ao todo, Gizzi Junior tem outros quatro sócios, a depender da unidade, para dividir o investimento inicial. “São Paulo abriu as portas para a gente. Agregamos serviços como salas de pôquer e para reuniões, diferenciais em grandes centros e que geram um retorno bom do nosso investimento.”
Cerca de 11 mil clientes passam pelas unidades do Rei da Barba todos os meses - incluindo celebridades como os atores Caio Castro e Miguel Falabella e o jogador Lucas Pratto, do time São Paulo. O ticket médio é de 135 reais.
Ao todo, a rede faturou sete milhões de reais no ano passado. Cerca de 30% do faturamento é composto por serviços de estética e consumo, indo além de barba e cabelo: bar, charutaria, depilação, limpeza de pele, manicure e pedicure e massagens, por exemplo. Há também pacotes de Dia do Noivo e Dia do Formando.
Mesmo com esse resultado, o empreendedor conta que sentiu os efeitos da crise. “Não foi um ano fácil: operamos e crescemos abaixo do número que esperávamos, apesar de termos crescido sim. Em 2017, voltaremos ao nosso plano original.”
A rede Rei da Barba espera abrir mais duas lojas até o fim do ano, nas cidades de Canoas e Brasília. Nos próximos cinco anos, a expectativa é abrir mais quinze unidades próprias.
Isso não significa que elas não possam virar franquias no futuro: o Rei da Barba está planejando sua expansão por meio desse formato. “A franquia é a melhor forma de fazer um crescimento dividindo responsabilidade, sem usar todo o seu capital próprio. Vimos que era possível estruturar o negócio como franquia e fizemos um planejamento.”
Hoje, o Rei da Barba está em fase de avaliação dos candidatos a franquia e refinando o projeto. O plano é que as unidades comecem a funcionar em 2018.
A expectativa do Rei da Barba é faturar 12 milhões de reais em 2017. Segundo Gizzi Júnior, o mundo das barbearias premium ainda tem muito para crescer, mesmo em grandes capitais. “Existem muitos salões unissex hoje em dia, e sinto uma demanda por espaços mais exclusivos. Estimo que ainda falta uns 75% do mercado a explorar.”
Rei da Barba (modelo padrão)
Investimento inicial: 5 mil reais/m² (mínimo de 40 m²)
Prazo de retorno: 24 a 36 meses