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50 startups: Mottu cresce alugando motos para os entregadores de aplicativo

O timing foi certeiro: a primeira moto alugada pela startup, no fim de janeiro, aconteceu um mês antes de o Brasil entrar em quarentena. Desde então, o delivery explodiu

Veículo da Mottu: aluguel de motos para delivery, de olho no crescimento dos apps  (Mottu/Divulgação)

Veículo da Mottu: aluguel de motos para delivery, de olho no crescimento dos apps (Mottu/Divulgação)

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Carolina Riveira

Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 06h00.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2021 às 13h23.

Esta reportagem faz parte da série "50 startups que mudam o Brasil", publicada na EXAME. Conheça as demais empresas selecionadas.

Entre outras coisas, 2020 foi o ano do delivery. As vendas no e-commerce brasileiro mais que dobraram, e os pedidos em plataformas de entregas como iFood, Rappi e Uber Eats avançaram na mesma proporção.

É para fazer esse ecossistema girar que nasceu a Mottu, startup de aluguel de motos. O foco está nos entregadores de aplicativos que não possuem moto para trabalhar e que têm maior dificuldade de acesso a crédito para financiar o equipamento.

O timing foi certeiro: a primeira locação, no fim de janeiro, aconteceu um mês antes de o Brasil entrar em quarentena. Desde então, a Mottu foi de seis a 80 funcionários, chegou a 1.200 aluguéis de motos e 100.000 downloads em seu aplicativo. A operação, por ora, é somente na cidade de São Paulo.

“Há muita gente querendo trabalhar com entregas, mas sem condições de comprar moto”, diz o fundador, Rubens Zanelatto. "Quem se propõe a pedalar 50, 100 quilômetros por dia para fazer entregas não mora na Faria Lima, mora muito longe do centro, e são os profissionais que mais precisariam do equipamento."

Zanelatto, fundador da Mottu: startup é aposta de gigantes do empresariado no Brasil, como Elie Horn e José Galló (Germano Lüders/Exame)

Apesar de muito jovem, a startup recebeu investimento de nomes que fizeram reputação em negócios bem-sucedidos, como Ariel Lambrecht (99), Elie Horn (Cyrela) e José Galló (Renner). Em agosto passado, a empresa anunciou um aporte de 2 milhões de dólares.

Zanelatto conta que a Mottu funciona desde a fundação em um antigo estacionamento abandonado no centro de São Paulo, sem luxos -- o objetivo é não perder de vista sua cultura de "startup raiz", segundo o fundador.

O aluguel das motos na Mottu começa em 25 reais por dia (e um calção inicial de 500 reais), em planos semanais ou anuais. Em um dos planos mais longos, o entregador pode ficar com a moto no final, quase como uma espécie de financiamento. Em troca, há assistência 24 horas, seguro e outras conveniências. 

A opção (ou necessidade) de alugar em vez de comprar já acontece no quintal ao lado, onde as locadoras de carros não nasceram com o objetivo de alugar para os motoristas de apps, mas hoje têm neles uma clientela valiosa. Cerca de 200.000 carros de locadoras, 20% da frota, estavam alugados para motoristas de aplicativos como Uber e 99 mesmo antes da pandemia, segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis. 

Num cenário de cada vez menos apetite pela aquisição de carros e motos, e na esteira da proliferação de apps de mobilidade — e do interesse dos jovens por eles —, demanda para a Mottu não deve faltar.

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