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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A preparação para abertura de capital é um processo longo, e pode ser planejado enquanto a empresa ainda é pequena. "É preciso adaptar-se a uma série de novas obrigações e leis, e isso pode demorar mais de um ano", diz John O'Shea, presidente da Westminster Securities Corporation, consultoria americana que assessora médias empresas para abertura de capital. A Westminster deve desembarcar no Brasil no próximo semestre. Em entrevista exclusiva a EXAME PME, O'Shea deu alguns conselhos para pequenas e médias empresas que pensam, um dia, em ir à bolsa.
EXAME PME -- Por que a Westminster decidiu vir ao Brasil?
O'Shea -- Alguns dos maiores fundos do mundo são nossos clientes. Eles têm um enorme interesse em investir pesado fora dos Estados Unidos porque os papéis de países emergentes hoje são mais lucrativos do que os americanos. Por isso, há cerca de quatro anos, começamos a estudar quais eram os melhores países para investir. Primeiro fomos para a China porque, além da economia deste país crescer muito rápido, a oferta de serviços de assessoria financeira era relativamente baixa. Depois, o Brasil começou a nos despertar interesse.
EXAME PME -- Com uma economia que cresce menos que 3% ao ano, o Brasil pode ser uma oportunidade melhor do que a Índia ou a Rússia?
O'Shea -- É verdade que os índices de crescimento brasileiros são bem menores do que o dos outros países do Bric. Mas é um crescimento consistente, que agrada os investidores. O mercado de abertur a de capital no Brasil está indo muito bem e, por causa disso, acreditamos que o interesse por fundos de private equity deva ser maior do que era há alguns anos.
EXAME PME -- Quais são as principais dificuldades que uma empresa média enfrenta para abrir seu capital?
O'Shea -- Em muitos países, as empresas médias têm dificuldade de encontrar uma assessoria financeira que preencha suas necessidades. Os bancos de investimento não têm muito interesse em atendê-las porque o percentual cobrado sobre as emissões não é grande o suficiente para justificar o projeto. Além disso, as grandes corretoras geralmente não destacam analistas para analisar as ações separadamente, o que diminui o interesse pelos papéis.
EXAME PME -- Na sua opinião, o Brasil terá mais aberturas de capital de empresas médias nos próximos anos?
O'Shea -- Acredito que sim. O Brasil tem um mercado de capitais com grande potencial de crescimento . Sabemos que a maioria dos IPO's (sigla em inglês para oferta inicial de ações) que aconteceram no Brasil foi de empresas grandes, mas agora há oportunidades para menores. A ida à bolsa pode trazer vários benefícios às empresas médias. Quando uma companhia abre seu capital, o dinheiro injetado com a venda de ações permite que ela concretize seu plano de negócios e expanda sua atuação com muito mais rapidez. O IPO permite que os donos da empresa consiga m dar liquidez ao seu patrimônio (e essa é uma vontade de muitos empresários menores), e faz com que ela seja vista de forma mais positiva com seus fornecedores e clientes. E, finalmente, a ida à bolsa é uma arma eficiente para manter as melhores pessoas na empresa, pois permite remunerações mais agressivas com planos de opção de ações.
EXAME PME -- O processo de preparo para abrir o capital é longo?
O'Shea -- Nenhuma empresa abre o capital da noite para o dia. Elas têm de se adaptar a uma série novas de obrigações e leis e isso pode levar até mais de um ano. A experiência que já temos na China é que esse é um processo demorado, especialmente quando trazemos empresas chinesas para abrir o capital nos Estados Unidos.
EXAME PME - A abertura de capital de empresas brasileiras nos Estados Unidos pode ser uma boa estratégia?
O'Shea -- Sim. O Brasil tem o segundo maior número de empresas listadas nos Estados Unidos, só perde para o Canadá. Mas é recomendável primeiro se listar no Brasil e só depois ir aos Estados Unidos.
EXAME PME -- Aquisições são uma maneira eficiente e rápida de empresas menores crescerem para ganharem tamanho para abrir o capital?
O'Shea -- Sim. E, para fazer isso rápido, uma das possibilidades é vender uma parte da empresa a um fundo de private equity e usar o aporte de capital para fazer essas aquisições.
EXAME PME -- A Westminster atua na China há quatro anos. As pequenas e médias empresas chinesas têm acesso à bolsa?
O'Shea -- As pequenas empresas chinesas têm dificuldade de receber aporte de venture capital e private equity. Além disso, os bancos de investimento cobram taxas altas para cuidar da abertura das pequenas e médias empresas .