Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii: foco no espírito da marca (Eduardo Marques/Tempo Editorial/Divulgação)
Lucas Amorim
Publicado em 14 de março de 2020 às 10h41.
Última atualização em 10 de maio de 2022 às 18h42.
Aos 72 anos, o médico Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, recorre a seus conhecimentos de biologia para explicar a digitalização da Mormaii, fabricante de roupas esportivas que fundou há 40 anos em Garopaba, no litoral sul de Santa Catarina.“A tecnologia é como a mitocôndria, um corpo estranho ao nosso, com DNA próprio, que vive em simbiose conosco”, diz. Para Morongo, fã de obras de evolução e de distopias, o predomínio das máquinas sobre os seres humanos é inevitável. E a única saída para as companhias que não queiram ficar pelo caminho — e, num tom mais alarmista, para toda a humanidade — é atuar em simbiose com os robôs. A lição das mitocôndrias, acredite, fez a Mormaii ser uma das varejistas mais avançadas do Brasil na integração entre os canais de venda físico e digital.
A receita da companhia, estimada em 350 milhões de reais, vem da variedade: são 30 linhas de produtos, que incluem chinelos, camisetas, capacetes, malas, suplementos, energéticos, bicicletas. Quem analisa a entrada em novos nichos de negócio, por licenciamento, ainda é Morongo. “Começamos num nicho, consolidamos uma história e só então começamos a expandir”, diz Morongo. “Não há limite para a variedade de produtos, o que não pode é perder a qualidade e o espírito da marca.”
Hoje, 60% das 23 lojas da Mormaii são também distribuidoras de produtos comprados online. A meta é expandir o número de unidades para 60 em dois anos. Além disso, a companhia passou a selecionar no ano passado outro tipo de franqueado: pessoas que constroem pequenos galpões apenas para atender à demanda das compras online feitas na região. O estoque avançado pode ser até um cômodo de uma casa. Até agora, a Mormaii tem nove dessas estruturas, chamadas docas, mas a meta é ter uma por estado em dois anos. O próximo passo é integrar as surf shops multimarcas à estrutura.
Seria o último passo da integração dos canais da Mormaii — aquele processo conhecido pelos consultores de varejo como omnicanalidade. Mas Morongo e o diretor de marketing Sacha Juanuk preferem mesmo chamar de simbiose entre homem e máquina.