Marly e Luciano Fagliari, donos da Pet Society (Na lata)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h48.
Última atualização em 30 de agosto de 2017 às 19h33.
Entre as possíveis explicações para o crescimento de uma pequena ou média empresa às vezes aparece a contribuição de um conselho —aquele grupo de pessoas que, com sua experiência em negócios e raciocínio estratégico, ajudaria o empreendedor a pensar com mais clareza. O casal de farmacêuticos Luciano Fagliari e Marly, ambos de 49 anos, são donos da Pet Society — empresa paulistana de produtos de higiene e beleza para animais de estimação — e contam com um conselho para aumentar a segurança das decisões. "Isso tem sido importante para o crescimento", diz Fagliari. Neste ano, a Pet Society deve aumentar as receitas em mais de 30%, chegando a 8 milhões de reais.
Mas diferentemente da maioria dos conselhos, o da Pet Society não tem consultores nem ex-empresários de sucesso. Além do casal,ele é formado por quatro veterinários e oito funcionários de pet shops encarregados de dar banho em cachorros e gatos. "Queremos a opinião de quem realmente usa os produtos", diz Fagliari. Quando há um lançamento em vista, o conselho se reúne na sede da Pet Society para analisar detalhes da performance dos xampus e dos cremes testados pelos membros, além de opinar sobre aromas e cor das embalagens. "Eles têm voz ativa aqui dentro porque os palpites dão resultado", diz Marly. "Desde a formação do conselho, há cinco anos, a Pet Society quintuplicou de
tamanho." Neste ano, os palpites já influenciaram 14 lançamentos que se somaram a linhas com dezenas de produtos, entre xampu, creme dental, filtro solar e loção para limpeza de olhos e ouvidos dos animais.
Mais da metade do faturamento da Pet Society vem de 6.000 pet shops espalhados pelo Brasil. "As pet shops usam nossos produtos em serviços como banho, tosa e higiene bucal", diz Marly. O restante vem dos donos dos bichos, que compram os produtos em lojas especializadas, e de exportações para países como Estados Unidos e Portugal.
As pet shops estão para a Pet Society assim como os cabeleireiros estão para a Kérastase, a marca que a francesa L’Oréal desenvolveu para salões. E, seguindo o exemplo de grandes fabricantes de produtos de beleza, a Pet Society patrocina cursos aos profissionais que usam seus produtos. "Esses treinamentos são muito bem-vindos", diz Sergio Zimerman, dono da rede Pet Center Marginal e cliente da Pet Society. "O Brasil é carente de boa formação em técnicas corretas de banho e tosa."
Uma equipe da Pet Society também vai regularmente a pet shops e consultórios veterinários para entender as necessidades que os profissionais gostariam de ver atendidas nos produtos. Nessas visitas descobriu-se, três anos atrás, uma oportunidade na falta de filtro solar para animais — recorria-se a produtos para humanos, sob o risco de causar intolerância. Em 2007, a Pet Society lançou uma linha de filtros, que vêm sendo muito usados para proteger cachorros com nariz claro e pelos curtos durante os passeios no verão.
Agora, os Flagliari estão reproduzindo a mesma lógica para o mercado de cavalos. Para divulgar um lançamento de xampus e condicionadores para equinos, profissionais da Pet Society vêm ensinando funcionários de haras a economizar água ao dar banho em cavalos com os produtos mais concentrados. Os cavalos são uma oportunidade importante para a empresa — o Brasil tem o segundo maior rebanho do mundo. "Até o final de 2011, os artigos para cavalos deverão representar 20% das receitas", diz Fagliari. Outra frente de expansão está no exterior. Em 2008, a Pet Society fez uma linha com matérias-primas de açaí e maracujá, vendida para países como Alemanha, Portugal e Israel e que já representa 20% do faturamento.