São Paulo – A maioria dos brasileiros sonha em empreender, mas ainda não está preparada para tirar a ideia de negócio do papel. Alessandro Saade, professor do Master em Empreendedorismo e Novos Negócios da BSP – Business School São Paulo, conta que muitas pessoas têm a ilusão de que a sua ideia é exclusiva. “Alguém pode estar fazendo a mesma coisa que você em qualquer lugar do mundo. Evoluir a ideia que é o diferencial”, afirma.
João Bonomo, professor de empreendedorismo do Ibmec/MG, conta que muitos empresários preferem trabalhar sozinhos e acham que essa é a melhor maneira. Entretanto, é preciso ter uma equipe unida para que uma empresa possa crescer de maneira saudável. “Eu que tive a ideia, eu que executo e não preciso de mais nada. É muito raro alguém que consegue trabalhar sozinho assim”, completa.
Para Guilherme Junqueira, gestor de projetos da ABStartups, muitos donos de pequenas empresas ou startups acreditam que podem crescer sem planejar ou pesquisar sobre o mercado. Veja outros mitos que muitos empreendedores ainda acreditam.
1. Minha ideia de negócio não precisa de ajustes
Empreendedores que se recusam a aceitar de que sua ideia de negócio ou empresa não é perfeita precisam parar um momento e refletir. “Dificilmente o negócio vai ser o que a sua ideia foi. Para tirar a ideia do papel, o empreendedor já vai ter que adaptar e fazer concessões”, explica Saade. Receber críticas é difícil, mas determinados ajustes podem contribuir para que o negócio ou produto fique ainda melhor.
2. Vou ganhar muito dinheiro com a minha empresa
Muitos empresários têm a ilusão de que basta ter uma boa ideia de negócio para ganhar o mercado rapidamente e faturar muito. “Não é bem assim, isso é um mito. Os casos são raros”, afirma Bonomo.
Para Saade, existe ainda aquele empreendedor que acredita que todo o dinheiro do caixa da empresa é dele. “E tem a falsa sensação de que o capital é dele e pode ser usado. A questão do ganhar dinheiro é muito relativa”, diz.
3. Sou o meu próprio chefe
Ser dono de uma empresa demanda muita responsabilidade e ser chefe não é uma tarefa fácil. “Não tem que prestar conta para ninguém, mas na verdade passa a ter muitos outros chefes, por exemplo, os clientes do seu negócio”, afirma Saade. Além disso, o empreendedor passa a ser responsável pela sua equipe e por qualquer outro problema que acontecer no seu empreendimento.
4. Não tenho concorrentes
Ninguém tem o mesmo produto ou serviço que o seu? Impossível. Para Bonomo, um dos principais erros de empreendedores é o de achar que seu negócio é exclusivo e não tem concorrentes. “O que diferencia as empresas é a capacidade de execução”, resume.
5. Não posso contar minha ideia para ninguém
Muitos empreendedores gostam de guardar segredo e evitam falar sobre o seu produto ou serviço. Para Saade, quanto mais o empreendedor falar sobre a ideia, melhor ela fica. “Ela vai ser criticada e ele terá que pedir ajuda para melhorar”, ensina. Determinadas questões podem não ter passado pela mente do empresário.
6. Eu consigo fazer tudo sozinho
Comandar uma empresa sem a ajuda de um sócio é possível, mas não é fácil. “Buscar ajuda não é uma coisa ruim. O empreendedor sozinho não conseguirá ir mais rápido ou mais longe”, afirma Saade.
Para Junqueira, escolher bem os sócios também contruibui para o sucesso do negócio. “Hoje você vê várias empresas que não dão certo porque escolhem mal o sócio. Família e amigos nem sempre devem ser a primeira opção”, explica.
7. Conheço muito bem o mercado
Consumir um produto ou ser cliente de um serviço não significa que você conhece realmente bem o mercado que deseja atuar. “O mercado se transforma sempre e não é porque você tem experiência que você vai conseguir se posicionar bem”, afirma Bonomo. Por isso, a pesquisa é essencial para o planejamento e andamento de qualquer tipo de negócio.
8. Minha empresa é um sucesso porque está na mídia
O reconhecimento de uma empresa pode vir de várias maneiras e, para alguns empreendedores, a presença na mídia é uma delas. Muitas vezes, essa presença demanda investimento e não garante um aumento nas vendas, por exemplo.
Para Junqueira, donos de pequenas empresas com dificuldade de caixa não deveriam patrocinar eventos ou investir em brindes caros. “Ter uma conta azul que é sucesso e não basear em métricas da vaidade. É preciso saber o que é prioridade e não gastar com coisas que não vão ajudar o negócio”, afirma.
-
1. Para inspirar
zoom_out_map
1/8 (Thinkstock)
2015 é um ano muito inspirador para novas ideias de negócios. Pode ser que seja um ano difícil, mas também pode marcar novos tempos. Enquanto alguns choram pela crise, outros vendem lenços de papel. Wilson Poit, por exemplo, vendia geradores de energia elétrica na época do apagão e vendeu sua empresa por mais de R$400 milhões. A Localiza viu, em plena crise do petróleo, a oportunidade de alugar carros, até se tornar a maior rede de aluguéis de automóveis da América Latina. É assim que podemos aproveitar tendências do mercado, boas ou ruins, para colocar essas ideias em prática. O que esse ano reserva para os
empreendedores? Veja agora
6 ideias de negócios que têm tudo para decolar em 2015.
-
2. 1. Impressão 3D
zoom_out_map
2/8 (Divulgação/M3D)
A tecnologia de impressão de objetos em três dimensões nos faz lembrar de brinquedos. Em alguns casos, é isso mesmo que ela faz – como a 3D Mini, empresa que produz bonecos muitos fiéis de seu cliente e nos mínimos detalhes, como cores, fisionomia e as roupas. Mas a mesma técnica também pode ser usada para outras ideias de negócios e startups nesse setor. A Sirona, por exemplo, produz uma máquina que pode fazer uma prótese dentária em 30 minutos. O paciente chega ao consultório, o dentista escaneia sua boca com uma peça de mão, e na mesma consulta ele já sai com a prótese personalizada implantada na boca – sem necessidade de aguardar a fabricação em laboratório nem voltar para uma segunda consulta. Novos negócios que saibam usar a impressão 3D para realizar tarefas mais rápido têm grandes oportunidades de crescimento.
-
3. 2. Gestão na nuvem
zoom_out_map
3/8 (Thinkstock)
Depois da onda das compras coletivas, uma outra vem tomando as ideias de negócios baseadas na internet: os aplicativos de administração na nuvem (conceito de cloud computing), como ZeroPaper, ContaAzul, Nibo e muitos outros. Os sistemas prometem facilidade de uso e baixo custo, e, por serem voltados para micro e
pequenas empresas, têm grande potencial de crescimento, dado o número potencial de clientes. Mas fluxo de caixa, controle de estoque e emissão de notas fiscais e boletos não são os únicos atrativos dos serviços “na nuvem”. Por cobrarem mensalidades suaves em vez de uma cara licença anual, e também por serem acessíveis de qualquer lugar (incluindo o computador de casa, o laptop e o smartphone), vários novos negócios “na nuvem” estão atraindo clientes individuais e empresas. É o caso de serviços de gerenciamento de tarefas como Trello e Asana e também aplicativos de finanças pessoais como o Magnetis.
-
4. 3. Vida frugal
zoom_out_map
4/8 (/Thinkstock)
O custo de vida cresce – do aluguel a serviços como internet, plano de dados para smartphone e TV paga. Ao mesmo tempo, o custo da eletricidade sobe e cresce a preocupação ambiental. Nesse ambiente, proliferam novos negócios que ajudem as pessoas a compartilhar objetos e reduzir custos. O Casa Virtual de Furnas, por exemplo, ajuda a monitorar (e portanto reduzir) a conta de luz. Já o Tem Açúcar? facilita as trocas e empréstimos de objetos entre vizinhos, ao mesmo tempo em que preserva a privacidade dos usuários. Na Suíça, existe o Pumpipumpe, uma espécie de versão low-tech do mesmo projeto. As pessoas colam na própria caixa de correio adesivos correspondentes aos objetos que podem emprestar. A economia compartilhada veio mesmo para ficar. Até quartos disponíveis para aluguel no Airbnb ganham reformas e destaque na imprensa. O desafio, claro, é monetizar o negócio e ganhar escala.
-
5. 4. Segurança
zoom_out_map
5/8 (Getty Images)
O setor de segurança é o que registrou micro e pequenas empresas com crescimento mais acelerado entre 99 segmentos, segundo a pesquisa
Estatísticas de Empreendedorismo. Há várias boas razões para apostar em ideias de negócios relativos à segurança. Com a proliferação dos smartphones, das redes sociais, dos aplicativos de bancos e da navegação na internet sem fio, nunca a privacidade das pessoas esteve tão vulnerável – incluindo informações como compras, número do cartão de crédito e outros dados pessoais. Episódios de vazamento de dados volta e meia disparam o alerta sobre a necessidade de produzir senhas fortes, navegar de forma segura e evitar spam e phishing. Fora do mundo virtual, empresas de vigilância, circuitos fechados de TV e cercas elétricas podem ser muito atraentes em grandes centros urbanos. Um ótimo exemplo é a Avantia, empresa de dois
Empreendedores Endeavor, que desenvolve e opera sistemas proativos de monitoramento de imagens e alarmes capazes de proteger grandes empresas e até cidades inteiras.
-
6. 5. Comidinhas
zoom_out_map
6/8 (Divulgação/Buzina Brasil)
Temakerias, itens “gourmet”, food trucks, paletas mexicanas e espetinhos: é forte a tendência de novos negócios que apostam em refeições rápidas, localização conveniente e produtos de elevada margem de lucro. As razões são várias. Uma é o aumento dos aluguéis em pontos comerciais tradicionais, o que tem afastado os lojistas. Nesse cenário, os food trucks, que além de evitar o aluguel ainda podem se deslocar em busca de pontos mais movimentados, têm grande margem de manobra. A Diletto, por exemplo, garante a presença de seus gelattos com carrinhos abastecidos, que podem estacionar em lojas, shoppings e até eventos. Só em 2013, a empresa faturou R$50 milhões.
-
7. 6. Experiências
zoom_out_map
7/8 (Thinkstock)
A atual geração de consumidores é bem diferente da anterior. Bens como carros e imóveis são sonho de consumo para menos gente. Os carros próprios tendem a perder espaço para bicicleta, transporte público, car sharing e aplicativos de táxi. Já os imóveis, além do custo proibitivo, dão lugar a um estilo de vida mais móvel – com carreiras menos estáveis e a possibilidade de trabalhar de qualquer lugar, mais gente tenta optar por estilos de vida como o de trabalhar remotamente por um ano, ou de trabalhar menos horas na semana. Nesse sentido, crescem oportunidades para novos negócios que exploram experiências e eventos em vez de bens de consumo. A EventBrite ajuda a criar eventos inesquecíveis. Já a 4bts aposta no turismo de experiência, como aquele voltado para eventos esportivos. O sucesso de eventos como Color Run e a crescente vinculação de marcas de bebidas a festas específicas diz muito sobre o valor crescente dado à frase “eu estive lá”. Por causa das constantes atualizações no Facebook com notícias de viagens e festas de nossos amigos, o mal da atual geração já recebeu até um nome – “FOMO”, ou “fear of missing out”, isto é, o receio de que não estamos aproveitando plenamente a vida. Ideias de negócios baseadas em criar experiências diferentes e/ou aproveitar melhor o tempo têm tudo para decolar em 2015 e além. Qual a sua grande ideia de negócios para 2015? Entre na conversa deixando um comentário.
-
8. Agora, leia mais sobre empreendedorismo
zoom_out_map
8/8 (Reprodução)