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Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2012 às 05h00.
São Paulo – Você sabe qual a lucratividade do seu negócio? Já parou para medir o retorno de uma campanha de marketing? Ou conhece o custo real das suas mercadorias? Se o empreendedor não sabe esses números, fica mais difícil medir se o negócio está dando certo ou não.
Para ajudar nesta tarefa, EXAME.com consultou dois especialistas em finanças para ensinarem quais métricas são realmente importantes para as pequenas empresas. Além de planilhas e indicadores, esses dados ajudam a manter o negócio mais organizado e potencializar o crescimento.
1. Campanhas de marketing
Com a evolução das mídias digitais, ficou mais fácil para os donos de pequenas empresas anunciarem seus produtos. A grande questão é medir se as estratégias de marketing estão sendo eficientes para atrair novos clientes. “É preciso diagnosticar no momento da venda se o cliente veio até a loja por causa da campanha”, sugere Maurício Galhardo, sócio-fundador da Práxis Education.
Uma forma de fazer isso é atrelar uma promoção à campanha e dar algo em troca para quem disser que viu o anúncio. Assim, o cliente já chega na loja dizendo que veio pela publicidade porque leva alguma vantagem. Outra maneira é pedir ao caixa ou vendedor que pergunte como o consumidor conheceu a marca. “Esta forma é menos eficiente porque o vendedor pode se esquecer de perguntar ou de anotar”, diz Galhardo. Com os números contabilizados, é possível saber se as vendas decorrentes da campanha valem o investimento.
2. Capital de giro
Este é um número que o empreendedor precisa ter na memória. “O capital de giro é o volume de dinheiro necessário para a operação funcionar”, explica Adriano Gomes, professor de finanças da ESPM . Há uma diferença importante entre o capital de giro em si e a necessidade dele. “Não é o dinheiro no caixa nem o que está faltando. É o volume de recursos para financiar a operação”, define o professor da ESPM.
Conhecer esses valores é importante para administrar bem o negócio e depender menos de financiamentos emergenciais, que costumam ter juros altos.
3. Lucratividade
A conta é simples: divida o lucro pelo faturamento para saber qual o percentual de lucratividade para a sua empresa. Existem percentuais considerados bons para cada tipo de negócio: 5% na indústria, 8% no comércio e de 20% a 25% no setor de serviços. “Se a lucratividade estiver baixa, procure encontrar o motivo”, diz Galhardo.
São três os principais fatores que derrubam a lucratividade: vendas fracas, gastos descontrolados e inadimplência alta. Investigue cada um desses para identificar o problema. “Se vende bem e gasta bem, precisa descobrir porque o dinheiro não fica no caixa e, aí sim, a causa pode estar em outro lugar”, aconselha o especialista.
4. Custo da mercadoria vendida
Avaliar qual o custo da mercadoria vendida é essencial para saber se você está gastando mais do que deve e prejudicando a lucratividade da empresa. “Se uma mercadoria custa 100 reais para o consumidor e 50 para o vendedor, o CMV seria de 50%”, diz Galhardo. Este é o maior custo que as empresas costumam ter e precisa ser controlado de perto para não prejudicar o negócio. “Um custo de mercadoria vendida muito alto pode ser sinal de que é hora de negociar melhor com os fornecedores”, afirma.
5. Risco financeiro
O risco financeiro costuma ser avaliado por bancos na hora de oferecer crédito para as empresas. “Muitos empreendedores se surpreendem com os juros quando vão pleitear um financiamento. O risco do negócio influencia nisso”, explica o professor de finanças da ESPM. “Quando não tem uma administração profissional, controle interno, relatórios financeiros e os números não são discutidos, o grau de risco é muito alto”, completa.
Este dado deve, se possível, ser analisado por um profissional imparcial. “A opinião de pessoas que conhecem o tema – externas e independentes - é melhor”, diz Gomes.
6. Controle de preços da concorrência
Em negócios do comércio e da indústria é mais simples fazer um levantamento dos preços da concorrência. Este medidor serve para analisar se você está precificando bem o seu produto. “Vá até a loja concorrente e pesquise o preço de vários produtos e não só do carro-chefe do negócio. Tenha planilhas para saber como os valores evoluem”, ensina Galhardo. Se os seus preços estiverem muito acima dos praticados no mercado, pode ser o momento de rever sua estratégia de formação de preços e tentar negociar melhor com os fornecedores.
7. Turnover
Este indicador mostra qual a rotatividade de funcionários na sua empresa. A conta é simples: divida o número de pessoas que saíram da empresa pela quantidade de pessoas que trabalham atualmente. “Uma empresa com dez funcionários que substituiu quatro nos últimos tempos tem um turnover de 40%”, explica Galhardo. O percentual ideal depende do tipo de atividade. “No varejo, o turnover médio é de 50%. É alto, mas é de mercado. Abaixo de 20% seria um valor muito bom”, diz.
Este número indica que a empresa pode estar desperdiçando dinheiro com treinamento de funcionários que não vão dar retorno ao negócio. “Pode ser um sinal de que a concorrência contrata melhor também”, acrescenta Galhardo. Para reverter esta situação, avalie se os salários estão dentro da média do mercado e ofereça mais treinamentos, por exemplo.
8. Clima organizacional
Em decorrência da alta rotatividade, algumas empresas têm o famoso “clima ruim”. Para avaliar isso, faça uma pesquisa de satisfação com os colaboradores em parceria com o seu departamento de RH. Procure deixar as pessoas à vontade para falar, sugerir e, inclusive, reclamar sobre a experiência que elas têm no trabalho. “Crie um canal entre quem coordena e quem trabalha”, sugere o executivo da Praxis. Se o resultado da pesquisa indicar um clima negativo, procure ter ações que estimulem o relacionamento entre as pessoas, como um almoço ou um café da manhã. “Até uma caixa de sugestões para os funcionários pode ajudar”, indica Galhardo.