Problemas nas redes sociais: ter uma página da sua empresa pode ser um tiro no pé, caso você não se prepare (Foto/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 1 de dezembro de 2015 às 05h00.
São Paulo – As redes sociais não servem apenas para falar com familiares e amigos, mas também para fazer negócios. Ter uma página da sua pequena empresa em redes como Facebook, Twitter e Instagram é uma forma não só de divulgar sua marca, mas também de prospectar novos clientes e aumentar as vendas.
Estar nas redes sociais não é mais uma opção, afirma Rose Naves, coordenadora da pós-graduação em assessoria de Comunicação e Mídias Sociais da Anhembi Morumbi. Isso porque, mesmo que você não tenha perfis, consumidores falarão da sua marca nas mídias digitais. “Você estará lá, de qualquer forma. Então, é melhor não deixar de se posicionar nesse espaço”, aconselha.
Porém, de nada adianta estar na internet sem uma preparação adequada. “Toda rede social gera resultado. O que define se ele será bom ou ruim é se o empreendedor sabe usar as mídias da melhor forma”, explica Ana Luiza Amaral, diretora de marketing da Solomoto, plataforma de criação e gestão de mídias sociais.
Para mostrar que não basta apenas criar um perfil, Flávio Luizetto, head de mídia e performance da agência Moustache, cita quatro passos para administrar uma página empresarial: presença, ativação, engajamento e conversão. “Tenha um site, vídeos no YouTube, uma fanpage; divulgue esses meios para clientes e anunciantes; faça os seguidores se engajarem com o que é produzido; e, por fim, use o digital para gerar negociações online e offline, complementando as ações”.
Quer se destacar em meio ao mar de empresas que estão nas redes sociais, mas não sabe como? Aprenda, então, o que não fazer nessas mídias – e por quê:
Antes de sair criando a página da sua pequena empresa no Facebook ou no Instagram, faça algumas perguntas: seu canal de atendimento ao consumidor está desorganizado? Sua empresa recebe muitas críticas em sites como o Reclame Aqui? Se a resposta a essas questões for afirmativa, talvez seja melhor esperar para entrar nas redes sociais, aconselha Luizetto.
“O principal segredo para entrar no digital - e no social - é saber se o produto e o atendimento estão bem formatados. As redes não fazem um negócio ser automaticamente melhor. Sem essa percepção, a página vira um canal de reclamações”, explica. Veja também como lidar com clientes que reclamam nas redes sociais.
Criar uma página em uma rede social é fácil: o grande desafio é atualizá-la. “A partir do momento em que você está lá, precisa conversar com seu público. Além de ter uma participação constante e atualizada, é preciso responder sempre de forma particular ao cliente, e nunca com respostas padronizadas”, afirma Rose.
Manter esse canal de comunicação é fundamental para o sucesso do seu negócio – inclusive financeiro. “Mantenha-se em contato com o público que resolveu seguir sua empresa, porque essas pessoas são clientes em potencial e vendas podem surgir dessas postagens”, completa Ana Luiza.
Na dúvida, poste. “No mínimo, tenha um conteúdo por dia. Quanto mais postagens a página tiver, melhor é a avaliação dela para o algoritmo do Facebook”, explica Luizetto. É possível agendar matérias para o final de semana caso você não queira ou não consiga trabalhar nesses dias.
Lembre-se: o perfil do seu empreendimento está aberto para todos verem. Qualquer postagem ou resposta sua será visível mesmo para quem não é seu seguidor. Por isso, a palavra de ordem é cautela. “Não seja super formal, mas é melhor informar o cliente que sua empresa entrará em contato com ele por meio de outro canal do que deixar todo o processo de atendimento lá na página, para todos verem”, alerta Ana Luiza. “Atenda o cliente, entre em contato o quanto antes e, depois, poste que o processo foi resolvido.”
Ouça seus clientes: eles podem ajudar a antecipar possíveis crises e antecipar ideias de negócio, afirma Rose. Por exemplo, se um consumidor reclamar de algum produto, é possível resolver o problema antes que uma crise se instaure. “Assim como eles podem criticar, também podem dar ideias muito úteis. Há muito inteligência guardada em rede, e não apenas a superficialidade que costumamos ver”, completa a especialista.
Um erro comum de empreendedores que possuem pequenos negócios é misturar a página pessoal com a página da empresa. Quando falamos de empreendimento, é preciso postar apenas o que interessa ao seu público-alvo, e não opiniões pessoais. “A fanpage ou perfil tem por função informar e interagir com o cliente. Por isso, veja se seus conteúdos atraem o consumidor, olhe diariamente a interação dele com a página”, aconselha Ana Luiza.
Segundo Luizetto, é preciso ter menos vaidade por parte da marca e mais prestação de serviço. “O social funciona bem quando você tem uma boa curadoria de conteúdo. É igual uma loja: além de uma vitrine bonita, é preciso ter bons produtos, e não apenas marcar presença”. Isso trará seguidores de verdade, e não os famosos “likes comprados”.
Um último conselho é não postar algo que seu negócio não cumpre no dia-a-dia. “A marca tem que ter um discurso muito alinhado com a prática. O público está mais participativo, e ele irá espalhar qualquer inconsistência nas redes”, alerta Rose.
Ainda falando sobre postagens, não basta postar com frequência: é preciso analisar quais postagens dão certo ou não. “O que traz mais resultado: imagens ou textos? De que tipo? É preciso mensurar isso, analisar a interação e ver o que atrai mais seguidores”, diz Ana Luiza.
Por meio desse exame de indicadores, é possível verificar qual rede social traz mais benefícios ao seu negócio e, portanto, merece maiores investimentos. “Tem muito empreendedor que, por falta de assessoria no tema, resolve apostar em todas as mídias sociais. É preciso analisar sua área de atuação e entender o que, realmente, cada uma delas traz de benefício, e como alcançá-los”, afirma a especialista.
Na mesma linha, Luizetto recomenda resgatar as postagens de maior sucesso, após a análise de resultados ter sido feita. “Faça um planejamento anual, com revisões trimestrais. É difícil planejar o ano todo, mas tenha uma ideia inicial. A cada três meses, você olha os relatórios e retoma o que deu mais certo.”
Rose afirma que há várias ferramentas, pagas ou não, que podem ajudar empresas a cruzarem dados de performance. Algumas são Google Analytics, Google Adwords e Buzzmonitor.