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4 dicas para abrir o seu negócio sem largar o emprego

Apesar de muitos defenderem que você precisa se jogar de corpo e alma a um novo negócio, na vida real, com contas para pagar, não é bem assim.

Dupla jornada: veja como conciliar emprego com negócio próprio (Foto/Thinkstock)

Dupla jornada: veja como conciliar emprego com negócio próprio (Foto/Thinkstock)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 11 de agosto de 2017 às 15h00.

Última atualização em 11 de agosto de 2017 às 15h00.

Dúvida de leitor: trabalho em auditoria externo e quero montar um negócio na área de beleza. Porém, não quero abandonar minha carreira até formar uma carteira de clientes fixos. Poderiam indicar o melhor caminho para equilibrar as duas jornadas? Penso em fazer parcerias com salões por enquanto, ou alugar um pequeno espaço para trabalhar aos finais de semana.

Apesar de muitos defenderem que você precisa se jogar de corpo e alma a um novo negócio, queimar a ponte anterior para só ter a opção de seguir em frente e dedicar-se integralmente ao que realmente deseja, na vida real, com contas para pagar todos os meses, não é bem assim.

O que muitos não sabem é que muitos empreendedores bem sucedidos como Alberto Saraiva (Natura), Laércio Consentino (Totvs), Juliana Motter (Maria Brigadeiro), apenas para citar alguns, começaram seus negócios com dupla jornada de trabalho. Alberto e Laércio eram professores e Juliana, jornalista. No caso da Juliana, ela trabalhava em uma revista feminina durante o dia, e varava noites e finais de semana atendendo pedidos de brigadeiros até começar a ganhar mais dinheiro do que sua profissão inicial e também ter certeza de que aquele negócio era a sua razão de ser e viver.

No seu caso, é perfeitamente possível (desde que não tenha outras demandas pessoais importantes e intransferíveis) conciliar o trabalho de auditoria externa e a atuação na área de beleza. Mas terá que enfrentar jornada dupla e todas as dificuldades e limitações nesta escolha.

Para tentar encontrar alguma integração neste malabarismo profissional, eu pensaria em quatro fases:

1.       Estudaria a possibilidade de participar do curso Empretec do SEBRAE. É um curso pesado, de uma semana inteira, com atividades durante todo o dia (muitas vezes, também à noite), mas que fortalece suas competências empreendedoras. Talvez tenha que utilizar parte das suas férias e, provavelmente, precisará ter um CNPJ (mais isto pode ser resolvido via MEI – Microempreendedor Individual). Com o Empretec terá uma melhor percepção se quer ter ou não a rotina de um empreendedor. Há muito glamour, pois só vemos o lado do sucesso, mas há muito suor, preocupações, inseguranças e decepções.

2.       Tentaria trabalhar nos finais de semana em um negócio com alguma relação ao que quer montar. Tenho um amigo (Alexandre Borges – não é o ator) que já era muito bem sucedido na sua carreira profissional e foi trabalhar como caixa de supermercado porque queria entender melhor o varejo, principalmente o de produtos naturais e orgânicos. Esta experiência foi a melhor escola que teve para o negócio que lidera hoje, a Mãe Terra. Mesmo que consiga uma vaga de auxiliar do assistente, mesmo assim, aprenderá muito sobre o funcionamento do negócio, a experiência do cliente, erros, acertos e perrengues que não estão descritos em nenhum lugar. Descobrirá que não existe o negócio de beleza em si, mas o de aumentar a autoestima das pessoas, fazendo com que se sintam mais importantes! Nesta estágio talvez ainda encontre um(a) sócio(a) e pessoas que poderão ajudar no seu futuro negócio.

3.       Tentaria fazer cursos durante as noites da semana. A área de beleza é, cada vez mais, um negócio profissionalizado e para profissionais. É preciso ter um profundo conhecimento sobre a parte operacional, mercadológica, gestão de pessoas, tributos, jurídica e principalmente financeira. É um bom momento para você pensar no planejamento do seu negócio, em especial, nas questões de marketing, inovação e experiência do cliente.

4.       Só depois disso, pensaria em um investimento mais pesado em ter um negócio “de verdade” com algum ponto físico. Se tiver sorte em encontrar as pessoas corretas, talvez consiga ter alguém que coordene o negócio durante o dia para que você continue trabalhando em auditoria externa. Talvez em algum momento decida por se dedicar apenas ao seu negócio ou, de alguma forma, consiga conciliar muito bem as duas atividades profissionais.

Ainda é preciso entender que a carreira de empreendedor é sempre muito solitária. É importante que tenha pessoas competentes que atuem como mentores para conversar periodicamente sobre suas dúvidas, resultados obtidos e próximos passos. Potenciais mentores podem incluir amigos e conhecidos que são empresários, especialistas em áreas especificas, professores e consultores de negócios.

Por fim, tenha referências de empreendedores da sua área (ou não) que compartilharam suas sabedorias em livros, filmes e outros materiais, mesmo que esteja muito atarefado com as múltiplas jornadas. “Não importa quão ocupado esteja, você precisa ter tempo para fazer com que outras pessoas se sintam importantes!” – ensina Mary Kay Ash, uma dessas referências.

Marcelo Nakagawa é professor de empreendedorismo do Insper.

Envie suas dúvidas sobre primeiro negócio para pme-exame@abril.com.br.

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