Yara: após a conclusão das obras, prevista para 2020, a capacidade de produção da fábrica subirá para aproximadamente 1,5 milhão de toneladas por ano (Heidi Wideroe/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 14 de março de 2018 às 18h29.
Sumaré, São Paulo - A fabricante norueguesa de fertilizantes Yara investirá 15,4 por cento mais ante o previsto para dobrar a capacidade de produção de seu complexo em Rio Grande (RS), disse nesta quarta-feira o presidente da empresa no Brasil, Lair Hanzen, citando "contratempos" na expansão das instalações.
Anunciada em abril de 2016, a ampliação da fábrica estava orçada anteriormente em 1,3 bilhão de reais, valor este que foi elevado agora para 1,5 bilhão.
"Essa unidade requer um alto fornecimento de energia elétrica e quem demanda isso precisa fazer o investimento... Também tivemos muitas surpresas embaixo da terra, com quantidade excessiva de água, e precisamos colocar isso de forma adequada para o sistema ambiental", disse o executivo.
"E também tivemos ajustes em equipamentos para melhorar a automação."
Após a conclusão total das obras, prevista para 2020, a capacidade de produção da fábrica subirá para aproximadamente 1,5 milhão de toneladas por ano.
Para julho próximo já está programada a entrega de uma instalação de armazenagem de fertilizantes no local, afirmou Hanzen.
"Esses contratempos não comprometem a obra, que segue dentro do cronograma."
A fábrica de Rio Grande produz fertilizantes sólidos, incluindo nitrogenados e fosfatados, mas sem distribuição.
Maior fabricante global de fertilizantes em volume, a Yara tem 55 por cento de suas vendas no Brasil realizadas de forma direta aos produtores, enquanto os 45 por restantes se dão via canais de distribuição.
Com os investimentos, a Yara busca consolidar ainda mais sua posição no mercado de fertilizantes do Brasil, um dos maiores produtores mundiais de alimentos, onde a empresa é líder com 25 por cento de participação de mercado.
Nesta quarta-feira, a empresa inaugurou em Sumaré (SP) sua primeira fábrica de compostos foliares e micronutrientes fora da Europa, após investir 100 milhões de reais na construção da planta.
"O Brasil tem uma posição muito forte e continuará tendo no futuro. Tanto para consumo interno, como para exportação... A agricultura está no centro das questões globais, de garantir alimentos e ajudar a conter os efeitos das mudanças climáticas", comentou o CEO global da Yara, Svein Tore-Holsether, que participou do evento.
Na fábrica, serão feitos produtos para pulverização, os quais serão destinados principalmente à soja, a maior cultura agrícola do país, embora possam ser utilizadas em diversas outras, disse Lair Hanzen.
Ele explicou que a fábrica deverá operar a plena capacidade, de 20 milhões de litros por ano, em até três anos.
Com isso, a Yara dobrará seu fornecimento de fertilizantes foliares no Brasil, hoje em 10 milhões de litros, o que representa 1,5 por cento do mercado total desse fertilizante no país.
Por ora, a companhia traz esses produtos, comercializados sob a marca YaraVita, do exterior. A empresa projeta crescimento de 50 por cento na demanda por esses compostos até 2020 no Brasil.
A escolha por Sumaré se deu graças à proximidade com o Porto de Santos, principal rota de escoamento agrícola do Brasil, e com diversos modais logísticos.
Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo) mostram que as vendas de fertilizantes especiais, que incluem os foliares da Yara, devem crescer 10 por cento neste ano no Brasil.
O total de fertilizantes vendidos no país nos últimos anos vem crescendo a uma média de 3 por cento, conforme números da associação da indústria Anda.
Em relação à compra dos ativos de nitrogênio da Vale em Cubatão (SP), anunciada no fim do ano passado, Hanzen ressaltou que espera uma aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ainda no primeiro semestre deste ano.
"Já é uma planta com operação autônoma da Vale. Em tendo a aprovação, começa o processo de integração, que será relativamente fácil", destacou o executivo.
Em novembro, as empresas anunciaram a venda à norueguesa de unidade que opera os ativos de nitrogenados e fosfatados em Cubatão (SP), por 255 milhões de dólares.