Bruno Motta, gerente sênior de Xbox da Microsoft Brasil: produto mais acessível (Microsoft/Xbox/Divulgação)
Juliana Estigarribia
Publicado em 9 de novembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 10 de novembro de 2020 às 11h14.
Com 2,7 bilhões de usuários globalmente e faturamento três vezes maior do que o streaming, o setor de games vem crescendo de forma exponencial. O Brasil é considerado um dos principais mercados do mundo, mas com baixa receita. Ou seja: as empresas têm potencial para elevar o faturamento, desde que levem em consideração a realidade brasileira. É exatamente neste cenário que a Microsoft aposta no aumento do alcance do novo Xbox.
A empresa lança oficialmente nesta terça-feira, 10, a nova geração do console, o Xbox Series, algo que não acontece sempre. São anos para desenvolver uma nova geração. Mas pela primeira vez na história a gigante americana traz ao Brasil duas versões do produto, sendo uma delas com preço mais baixo.
Anteriormente, só seria possível comprar um Xbox com preço mais acessível no período de transição para a nova geração. Assim, o consumidor compraria um produto já com tecnologia defasada. Agora, a estratégia da Microsoft é oferecer uma versão mais barata ao consumidor, com tecnologia atualizada.
“Dentro da estratégia de ter dois produtos, temos a melhor proposta de valor do mercado. Com este lançamento, vamos ampliar o acesso ao Xbox no país”, afirma Bruno Motta, gerente sênior de Xbox da Microsoft Brasil, em entrevista à EXAME.
Antes do anúncio de redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados para videogames, em outubro, o Xbox Series X sairia por 4.999 reais e o Xbox Series S, mais acessível, por 2.999. Com o corte do IPI, os preços dos produtos passaram para 4.599 e 2.799, respectivamente. “Resolvemos repassar a redução do imposto imediatamente ao consumidor.”
O lançamento da marca acontece em meio a um momento aquecido no setor de games. A Sony lançou recentemente o Playstation 5 e, a Nintendo, o novo Switch.
Segundo Motta, o Brasil é considerado o quarto maior mercado do mundo em número de jogadores, mas apenas o 13º em receita, o que abre um enorme caminho para as empresas que querem crescer em games.
“Temos uma proposta de valor e tecnologia bem consistente para essa nova geração. Também trabalhamos com parceiros no varejo que oferecem parcelamento de até 36 vezes no cartão”, acrescenta.
Além da barreira de renda no mercado brasileiro, a Microsoft enfrenta outros desafios comuns às fabricantes de console: a concorrência com o celular e o computador.
Motta garante que a Microsoft está atenta ao movimento e entende que, atualmente, o consumidor quer conteúdo e entretenimento em múltiplas plataformas. “O console é o coração da nossa operação, continuamos investindo muito nisso, mas como marca estamos fazendo expansão do negócio para o PC e para o mobile.”
O Xbox Series possibilitará a integração com o celular e o computador por meio da nuvem. Com isso, o processamento todo ficará por conta do console e dispensará a necessidade de “potência” nos outros dispositivos para rodar os jogos, uma das principais reclamações dos usuários que utilizam outras plataformas.
“No Xbox, o usuário terá a melhor experiência com a melhor resolução”, assegura Motta. Na outra ponta, ele afirma que a Microsoft continua trabalhando para entregar um conteúdo diferenciado ao consumidor, em um mercado altamente disputado e diversificado. Neste sentido, a companhia comprou 15 estúdios de desenvolvimento de games de junho de 2018 para cá, totalizando 23.
Essas aquisições, em escala global, ajudam a Microsoft a oferecer conteúdos que levam em consideração principalmente diversidade cultural. “A partir da aquisição do console, o usuário terá inúmeros jogos à sua disposição.”
Durante a quarentena e o confinamento de grande parte da população mundial, o mercado de games cresceu de forma exponencial. No Brasil, além do número de vendas do console -- que é mantido em sigilo pela Microsoft -- a empresa tem outra métrica para medir a expansão desse setor: o número de assinantes do serviço de conteúdo ilimitado, o Xbox Game Pass.
Na pandemia, a Microsoft registrou um crescimento de 50% do números de assinantes globais, para 15 milhões. “Isso mostra que o consumo de games aumentou”, diz Motta.