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Wizard: País terá 5 mil mortes diárias por covid por causa da ineficiência

O empresário por trás das redes Taco Bell e Pizza Hut no país acha que pode ajudar o Brasil a deixar a posição de retardatário na aplicação de vacinas. Menos de 10% da população recebeu a primeira dose

Carlos Wizard Martins: O empresário por trás das redes Taco Bell e Pizza Hut no país acha que pode ajudar o Brasil a deixar a posição de retardatário na aplicação de vacinas. Menos de 10% da população recebeu a primeira dose (Fabiano Accorsi/Divulgação)

Carlos Wizard Martins: O empresário por trás das redes Taco Bell e Pizza Hut no país acha que pode ajudar o Brasil a deixar a posição de retardatário na aplicação de vacinas. Menos de 10% da população recebeu a primeira dose (Fabiano Accorsi/Divulgação)

LB

Leo Branco

Publicado em 1 de abril de 2021 às 12h15.

Na corrida global por vacinas contra a Covid-19, o Brasil está entre os retardatários. Menos de 10% da população recebeu a primeira dose enquanto a pandemia avança sem controle, matando mais de 3,5 mil pessoas por dia.

O empresário por trás das redes Taco Bell e Pizza Hut no país acha que pode ajudar. Carlos Wizard Martins lidera um grupo de empresários que buscam comprar vacinas contra o coronavírus, doando uma parte ao governo e, ao mesmo tempo, imunizando funcionários.

Wizard disse que, na semana passada, se ofereceu para entregar até 10 milhões de doses ao país, mas ainda não recebeu resposta do governo.

“A lentidão do setor público no Brasil é profundamente preocupante, porque enquanto estudam nossa proposta, pessoas estão morrendo”, disse em entrevista por vídeo.

Wizard e o bilionário Luciano Hang, dono da Havan, iniciaram uma maratona de reuniões com membros do governo na semana passada. Eles também fizeram lobby para mudar a lei recentemente aprovada segundo a qual vacinas compradas pelo setor privado precisam ser doadas ao SUS, até que 78 milhões de pessoas de grupos prioritários tenham sido imunizadas.

Wizard chamou a lei de “inútil” tanto para empresas quanto para o país, pois apenas atrasa as imunizações.

“A situação do Brasil só vai piorar”, disse Wizard. “Em breve, teremos 5 mil mortos por dia e tudo por causa da ineficiência do governo.”

Em resposta a perguntas por e-mail, o Ministério da Saúde confirmou uma reunião com Wizard e disse que o ministro Marcelo Queiroga apoia a iniciativa do setor privado para adquirir vacinas conforme determina a legislação. O ministério não comentou detalhes da oferta.

Apesar de Wizard ter criticado a burocracia do setor público, não apontou o presidente Jair Bolsonaro como culpado pela situação. Wizard chegou a ser nomeado como assessor do Ministério da Saúde no ano passado, mas desistiu de assumir o cargo alguns dias depois após ser criticado por sugerir que o Brasil deveria recontar as mortes por Covid.

Wizard não quis dizer se ainda apoia o presidente, que tem sido duramente criticado por sua abordagem na pandemia. O empresário diz que a resposta do Brasil sempre foi assombrada pelo “fantasma da ideologia”.
O empresário de 64 anos diz que as franquias Pizza Hut, KFC e Taco Bell sofreram forte impacto com a pandemia. As 360 unidades das marcas estão “operando com prejuízo”, disse. Wizard, que também é dono da rede de suplementos de saúde Mundo Verde e tem participação na escola de idiomas Wiser Educação, disse que esses segmentos têm mostrado melhor desempenho durante a crise, apesar do apoio “muito fraco” do governo às empresas.

As empresas de Wizard empregam um total de 50 mil funcionários, que seriam os primeiros na fila para tomar a vacina caso consiga seu objetivo, disse. Ele estima que o Brasil levará de quatro a cinco meses para imunizar os grupos de risco. Depois disso, segundo a legislação atual, as empresas podem ficar com até a metade das vacinas que comprarem, doando o restante ao SUS.

Wizard quer que a legislação seja alterada para começar a vacinar seus funcionários imediatamente, doando ao governo o mesmo número de doses que pretende usar. Segundo ele, outras empresas, como a unidade do Carrefour no Brasil, também mostraram interesse.

O Carrefour está “estudando possibilidades, mas não há nada de concreto”, disse a empresa em comunicado por e-mail.

Mesmo que Wizard obtenha as mudanças regulatórias que espera, conseguir 10 milhões de doses para o Brasil parece uma tarefa difícil quando governos no mundo todo disputam vacinas. Nenhum acordo de compra foi assinado, disse, acrescentando que espera pagar entre US$ 5 e US$ 10 por dose. Ele não quis especificar quais vacinas o grupo pretende comprar.

Alan Eccel, que comanda a consultoria de comércio exterior NDI e trabalhou com Hang no passado, está por trás das conversas para a compra de vacinas. As negociações incluem apenas imunizantes aprovados pela Anvisa e ainda requerem autorização de várias áreas do governo, disse. Eccel também conversa com os próprios laboratórios ou representantes locais na esperança de obter acesso a quaisquer doses excedentes.

Na quarta-feira, a Anvisa autorizou o uso emergencial da vacina de dose única da Johnson & Johnson. A agência já liberou os imunizantes da Sinovac Biotech, Pfizer e AstraZeneca.

Wizard está confiante de que pode distribuir as vacinas se o governo fizer sua parte.

“No Brasil, a educação, a economia, o esporte, tudo está paralisado. Até as igrejas estão paralisadas. Não podemos aceitar passar 2021 como reféns da pandemia”, disse.

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