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Whey em goma: fábrica paulista aposta R$ 10 milhões na maior linha de produção da América Latina

Formato já domina prateleiras nos EUA e deve movimentar US$ 42 bilhões no mundo até 2028

Lika Dias, CFO, e Inácio Marchette, CEO da Ekobé, e ao centor, Falcão, jogador de fustal e embaixador da marca: “Hoje, 93% da nossa produção é para terceiros, mas fomos nós que lançamos a goma de creatina e whey no Brasil”  (Ekobe/Divulgação)

Lika Dias, CFO, e Inácio Marchette, CEO da Ekobé, e ao centor, Falcão, jogador de fustal e embaixador da marca: “Hoje, 93% da nossa produção é para terceiros, mas fomos nós que lançamos a goma de creatina e whey no Brasil” (Ekobe/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 10h55.

Última atualização em 17 de agosto de 2025 às 15h44.

Para quem achava que creatina era só pó e que whey só vinha no scoop, o mercado brasileiro agora mastiga proteína como bala.

No interior de São Paulo, a Ekobé prepara a maior linha de produção de gomas da América Latina — e a novidade não é só o formato. O investimento de 10 milhões de reais vai quadruplicar a capacidade de fabricação e colocar no mercado mais 5 milhões de frascos por ano, já a partir de 2026.

O formato, que une sabor e conveniência, já conquistou 21% dos brasileiros de 25 a 34 anos e domina prateleiras nos Estados Unidos e na Europa. Aqui, começou a ganhar tração em 2023 com versões sem açúcar, abrindo caminho para supermercados e grandes redes de farmácia.

No centro dessa tendência está a Ekobé, pioneira no Brasil ao lançar creatina e whey protein em goma — e que hoje lidera a produção nacional nesse segmento, inclusive para outras marcas. Em 2025, a empresa deve produzir mais de 3,5 milhões de frascos, contra pouco mais de 2,5 milhões no ano anterior.

O setor global de gomas nutracêuticas movimentou 16,3 bilhões de dólares em 2024 e deve chegar a 42 bilhões até 2028, segundo a Grand View Research, com crescimento anual acima de 12%. No Brasil, o avanço estimado é de 8% a 10% ao ano — um ritmo sólido, mas ainda abaixo da média global, e que sinaliza espaço para aceleração à medida que o formato se populariza.

“O mercado de gomas no Brasil ainda é muito jovem. Começou a acontecer de verdade em 2023 e tem muito espaço para crescer”, diz Inácio Marchette, CEO da Ekobé.

Qual é a história da Ekobé

A história da Ekobé começa longe das linhas de produção. E também longe da musculação.

Inácio Marchette fundou a empresa em 2007 dentro de uma rede de clínicas especializadas em transtornos compulsivos — como TOC, compulsão alimentar e vícios. Antes disso, trabalhava no setor de saúde desde 1986.

Os suplementos faziam parte dos tratamentos e ajudavam a melhorar resultados. A demanda surgiu dos próprios pacientes e familiares, que queriam continuar usando os produtos em casa, de forma prática.

Inicialmente, a produção era terceirizada. A fábrica própria só veio em 2012. Desde então, a aposta em inovação virou marca registrada: além de cápsulas, líquidos e pós, a empresa foi a primeira no Brasil a colocar creatina e whey protein no formato de goma.

“Hoje, 93% da nossa produção é para terceiros, mas fomos nós que lançamos a goma de creatina e whey no Brasil”, diz Marchette.

Essas inovações abriram portas em novos canais e deram visibilidade à marca própria, que ainda representa 7% da produção. O salto recente veio em 2023, quando as gomas sem açúcar passaram a responder por boa parte das vendas.

Em 2024, a produção totalizou 2,5 milhões de frascos. Em 2025, a projeção é superar 3,5 milhões. Outro trunfo foi a capacidade de manter qualidade e estabilidade em diferentes climas, permitindo que o produto seja vendido do Sul ao Norte do Brasil.

Qual é a aposta de R$ 10 milhões

O investimento atual da Ekobé é estratégico: a nova planta de 2.154 metros quadrados em Capela do Alto (SP) vai abrigar o maior equipamento de produção de gomas da América Latina, com capacidade quatro vezes maior que a atual.

A expansão permitirá fabricar 5 milhões de frascos adicionais por ano. O início da operação está previsto para janeiro de 2026, com expectativa de crescimento de 70% já no primeiro ano completo.

Além de volume, a nova estrutura deve reduzir prazos de entrega e dar mais flexibilidade para atender grandes contratos. A empresa também reforça que seguirá padrões de sustentabilidade, em linha com exigências de clientes no Brasil e no exterior.

A projeção é crescer 30% em 2027 e estabilizar entre 10% e 15% ao ano até 2030. A diversificação de produtos deve manter o fôlego, com foco em formatos personalizados e funcionais.

Hoje, a Ekobé exporta para Argentina, Dubai e China, e já negocia entrada em outros mercados. “O Brasil ainda não está em muitos lares com suplementos, mas o potencial é enorme”, afirma Marchette.

O boom das gomas e a entrada do Brasil no jogo

Nos Estados Unidos, 37% dos consumidores já preferem gomas a cápsulas. A virada começou em 2019 e, quando os brasileiros voltaram a viajar após a pandemia, perceberam que prateleiras antes dominadas por cápsulas e pós agora eram ocupadas por gomas de vitaminas, minerais e proteínas.

Essa tendência atravessou fronteiras e encontrou no Brasil um mercado em expansão. Em 2021, as vendas de suplementos em goma cresceram 23% no mundo, atingindo 2,63 bilhões de dólares em 52 semanas. A categoria que mais cresce inclui produtos de bem-estar mental, digestivo, sono e beleza, com destaque para prebióticos e probióticos — estes últimos avançando 18,7% em vendas em 2021.

No Brasil, a aceitação ganhou força quando as gomas perderam o açúcar. Antes disso, a recepção foi morna: “O mercado não aceitou a versão com açúcar. Tivemos que voltar para o P&D e reformular tudo”, afirma Marchette. Hoje, a regra é clara: açúcar só nos cafezinhos da fábrica.

A nova fórmula abriu portas para canais de venda como supermercados e hipermercados. A empresa também garante que as gomas têm estabilidade térmica, resistindo desde os 18 °C de um inverno paulista até os 35 °C do verão amazônico, sem derreter.

O apelo é simples: sabor agradável, praticidade e funcionalidade em um único produto. E, ao contrário do que muitos pensam, não é só público jovem que compra: idosos e crianças também estão no radar, atraídos pela facilidade de consumo.

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