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WEG, estrela da década na bolsa, se prepara para atrair mais investidores

Em entrevista à EXAME, a fabricante catarinense reforça o foco em inovação para continuar crescendo e investindo

Linha de produção da WEG em Jaraguá do Sul, Santa Catarina: inovação (Germano Lüders/Exame)

Linha de produção da WEG em Jaraguá do Sul, Santa Catarina: inovação (Germano Lüders/Exame)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 06h00.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2021 às 23h07.

Enquanto a pandemia devastou milhares de empresas, algumas acabaram ganhando projeção em meio a um desempenho robusto. Uma delas é a WEG, fabricante de motores elétricos, geradores e equipamentos de automação, cujas ações subiram 119% em 2020 na bolsa brasileira, a B3. Na década, a catarinense liderou os ganhos na B3, com valorização de mais de 1.200%. Para o pós-pandemia, a empresa continua apostando em inovação para atrair investidores e manter um crescimento sustentável.

"Independentemente do cenário, o investidor da WEG não toma susto. Nossos planos são de longo prazo e o mercado reconhece isso", afirma André Luis Rodrigues, diretor financeiro da companhia, em entrevista à EXAME.

Consolidada no negócio de motores elétricos, com participação de 90% no mercado brasileiro, a WEG também tem apostado nos chamados produtos inteligentes, que não só vão coletar dados como também processá-los para ganhos de produtividade e eficiência.

Além da obsessão pela inovação, o executivo cita a governança da empresa como um dos fatores que contribuíram para o êxito obtido nos últimos anos na B3.

O contínuo processo de internacionalização também tem atraído os investidores. A companhia exporta desde o início da sua história, em meados das décadas de 1960 e 1970, mas isso vem ganhando cada vez mais projeção na última década, principalmente porque a estratégia tem sido produzir localmente para atender os mercados de forma mais assertiva. "Hoje, quase 60% da receita da companhia é gerada fora do Brasil."

Como uma das vantagens competitivas da WEG, o executivo cita a flexibilidade financeira. "Temos um balanço forte, sem dívida líquida. Na pandemia, várias empresas tiveram que recorrer a mercado e nós passamos o ano inteiro sem fazer captação."

De janeiro a setembro de 2020 (dado mais atualizado da empresa), a geração de caixa de atividades operacionais alcançou 2,5 bilhões de reais, alta de 137,5% sobre igual período do ano anterior. A WEG atribui o desempenho principalmente ao avanço do resultado operacional e a menor necessidade de capital de giro no período.

Neste sentido, Rodrigues salienta que ter um caixa forte favorece em momentos de crise, quando surgem oportunidades de negócios. "Estamos investindo para aumentar a capacidade de produção de transformadores para energias renováveis nos Estados Unidos, o que deve ficar pronto em abril. Somos líderes neste segmento no mercado americano e, com o presidente Joe Biden, essa tendência deve crescer."

O setor de energias renováveis também é uma das apostas da WEG para garantir crescimento sustentável no longo prazo. Um dos projetos da companhia envolve a geração de energia através da gaseificação e queima do lixo, em uma joint venture na Alemanha. A catarinense também está desenvolvendo junto com a Volkswagen o primeiro caminhão 100% elétrico a ser produzido em larga escala no Brasil.

Cultura WEG

Segundo Rodrigues, investir em inovação passa pela busca da melhor tecnologia disponível, esteja onde estiver. Ele cita como exemplo o projeto da empresa na Alemanha, país que se tornou referência na geração de energia solar: lá, a WEG montou um centro de pesquisa com 6 cientistas dedicados para desenvolver equipamentos voltados para a área antes de espalhar esse know-how no mundo.

Além disso, ele afirma que a empresa tem superado diariamente o desafio de lidar com diferentes culturas para crescer. Com vendas nos 5 continentes e cerca de 45 fábricas em 12 países, a fabricante precisa se adaptar à realidade de cada localidade. "Cada país tem uma situação diferente e, como empresa global, o desafio é desdobrar nossa cultura de forma local."

A ampla atuação global acabou sendo um trunfo durante a pandemia. Com a operação na China, a WEG teve contato com o novo coronavírus antes de se espalhar para o mundo. "Aprendemos rapidamente os protocolos necessários e desdobramos para cada país em que atuamos. Fomos muito responsáveis e diligentes."

Visão de longo prazo

O CFO da WEG afirma que, em 2020, uma parte dos investimentos previstos para o ano precisou ser postergada por conta da covid-19, mas não cancelada. "Com ou sem pandemia, já temos traçado onde queremos chegar, e prevemos aumento de investimentos para continuar crescendo. Vamos continuar fazendo aquisições independentemente do momento", diz Rodrigues.

Segundo o executivo, o investidor confia na estratégia de longo prazo da empresa. "Não estamos preocupados com o resultado do trimestre vigente. A WEG sempre olha no longo prazo, com disciplina muito grande na execução do planejamento." 

Rodrigues afirma que a vacina contra a covid-19 é uma solução em nível global para a crise atual e, por isso, a empresa está "cautelosamente otimista", inclusive no mercado brasileiro. "As projeções mostram recuperação para o Brasil. Após a vacinação, é possível dizer que temos ambiente para continuidade do crescimento." 

No pós-pandemia, o executivo acredita que a digitalização é um caminho sem volta. "O mundo aprendeu bastante com a pandemia. Os processos se tornaram ainda mais digitais e, a partir de agora, haverá uma necessidade maior de produtos e serviços que atendam a essas mudanças. Nós vamos oferecer soluções cada vez mais digitais."

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