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VW suspende executivo no caso de testes com homens e macacos

Chefe de relações públicas da empresa, Thomas Steg, teria assumido total responsabilidade pelos testes com gases poluentes

Matthias Müller: "há coisas que simplesmente não se fazem" (Fabian Bimmer/Reuters)

Matthias Müller: "há coisas que simplesmente não se fazem" (Fabian Bimmer/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 11h29.

A Volkswagen anunciou nesta terça-feira a suspensão de seu chefe de relações públicas e prometeu que haverá consequências internas para aqueles que permitiram os testes feitos em macacos e humanos para medir o impacto das emissões de gases poluentes, o novo escândalo que sacode a fabricante alemã.

"Thomas Steg foi afastado de suas responsabilidades até que sejam esclarecidos todos os detalhes sobre os acontecimentos", indicou a número um mundial do setor automobilístico em um comunicado, acrescentando que "as investigações internas avançam rapidamente".

Segundo o diretor-geral do grupo, Matthias Müller, citado no comunicado, Steg, que era responsável pelas relações públicas e institucionais, pediu para "assumir a responsabilidade total" deste novo escândalo.

Na segunda-feira à noite, ele havia declarado em Bruxelas, de acordo com o jornal Der Spiegel, que os testes com macacos em 2014 revelados pelo New York Times não eram "éticos".

"Há coisas que simplesmente não se fazem", disse o executivo, acrescentando que haverá consequências.

Ao jornal Bild, Thomas Steg admitiu ter sido informado dos testes destinados a estudar os efeitos das emissões geradas pelos motores a diesel da Volkswagen, que também estão no centro de um escândalo por manipulação de dados para parecem menos poluentes.

Mas ele insistiu que impediu que estes testes fossem realizados em seres humanos, através do EUGT, um organismo de pesquisa financiado pela Volkswagen e seus competidores Daimler, BMW e autopeças da Bosch.

"Os pesquisadores americanos queriam fazer testes em voluntários humanos", explicou. "Eu respondi que não podia autorizar e foi decidido fazer o estudo com macacos".

"Este estudo nunca deveria ter sido feito, com homens ou com macacos, o que aconteceu nunca deveria ter acontecido, sinto muito", disse Steg.

Quanto ao estudo científico realizado por um instituto hospitalar em Aachen (oeste) e para o qual 25 pessoas em boa saúde inalaram em 2013 e 2014 dióxido de nitrogênio (NO2), Thomas Steg tentou justificar a lógica, assegurando que os voluntários foram expostos a "níveis muito inferiores aos encontrados em muitos locais de trabalho".

Nenhuma dessas pessoas "sofreu dano algum", garantiu.

No final de 2015, o grupo Volkswagen reconheceu ter equipado 11 milhões de carros a diesel com um programa para falsificar os resultados das medições de gases poluentes.

Um novo escândalo

Além da Volkswagen, as também alemãs Daimler, BMW e Bosch se viram envolvidas no mesmo escândalo.

"Daimler distancia-se expressamente do estudo e do EUGT", segundo um porta-voz questionado pela AFP, enquanto BMW negou ter participado.

Os primeiros testes em macacos teriam sido realizados em 2014 em território americano, segundo o New York Times, que relata que os animais eram trancados em frente a desenhos animados e obrigados a respirar a fumaça emitida por um Beetle, o novo fusca, da Volkswagen.

O objetivo era "provar que os veículos a diesel de tecnologia recente são mais limpos que os velhos modelos", aponta o jornal, um argumento usado pelas montadoras para alavancar o mercado americano.

E o caso adquiriu uma nova dimensão nesta segunda, quando o jornal alemão Süddeutsche Zeitung afirmou que estes testes sobre os efeitos de inalação de óxidos de nitrogênio (NOx) também foram realizados com 25 humanos com boa saúde.

A Comissão Europeia expressou nesta terça sua indignação em relação a esses testes.

"Estamos impactados pelas notícias como todos os demais", indicou em coletiva de imprensa o porta-voz do executivo comunitário, Margaritis Schinas, que disse esperar que as autoridades alemãs investiguem este novo escândalo em seu setor automotivo.

Na véspera, o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, afirmou que tais experiências "são indesculpáveis do ponto de vista ético", exigindo explicações dos grupos envolvidos.

"A confiança da indústria automobilística voltou a ser afetada", declarou o ministro dos Transportes e da Agricultura, Christian Schmidt.

Ele anunciou que as montadoras serão convocadas ante a comissão ministerial responsável pelo 'dieselgate' e intimou as empresas a "cessar imediatamente este tipo de testes".

Mas nenhuma dessas declarações foram suficientes para abafar a polêmica, reavivando a crise de confiança que atinge as grandes construtoras desde a revelação do escândalo da adulteração em grande escala dos motores a diesel.

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