Grupo Votorantim: a companhia já atua com a comercialização da energia excedente de suas operações (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2015 às 10h36.
São Paulo - O grupo Votorantim Industrial, conglomerado da família Ermírio de Moraes que atua nas áreas de cimento, metais e mineração, estuda entrar no negócio de geração de energia para terceiros.
A companhia já atua com a comercialização da energia excedente de suas operações, mas agora vê oportunidades na geração, especialmente por meio de usinas eólicas e eventualmente de pequenas hidrelétricas (PCHs).
O estudo para entrar no novo negócio ganhou força com o resultado do balanço de 2014, que registrou lucro de R$ 1,7 bilhão, sendo que parte importante veio da venda de energia excedente, num momento em que o País enfrenta escassez na geração.
No ano anterior, o lucro havia sido de R$ 238 milhões.
O diretor-presidente da Votorantim, João Miranda, não revela a participação dessa venda no resultado financeiro, mas afirma ser "relevante".
O principal movimento foi o leilão realizado pelo governo em abril, em que a empresa conseguiu desmobilizar cinco anos de excedentes de energia que a empresa havia contratado, mas não utilizou.
"Era energia contratada anos atrás, pelo longo prazo, para a expansão de alguns projetos na área de metalurgia que não se materializaram", explica Miranda.
A ideia de gerar energia além da necessária para o consumo próprio é fornecer aos clientes que optam pelo mercado livre.
Com a divisão Votorantim Energia, que executa compra e venda de energia, a empresa já é a sétima maior no ranking de comercializadores no País.
Miranda não fala ainda de investimentos para o projeto de geração, pois depende de estudos de viabilidade e das opções que o grupo fará, se em parques eólicos, PCHs ou ambos.
Para o consultor da Tempo Presente, Ricardo Lima, com a crise de oferta, investir na geração de energia "é bastante interessante", principalmente vindo de uma companhia que já atua na área de geração própria e venda.
"Há muitas oportunidades na energia eólica, na solar e nas PCHs, que voltaram a ter preços competitivos".
Miranda afirma, contudo, que o grupo "não se deixa levar por eventos do curto prazo", mas que qualquer decisão será "olhado muito para no longo prazo."
Conservador
A Votorantim investiu R$ 2,4 bilhões em 2014, repetindo o montante do ano anterior e que deve ser replicado em 2015, mantendo também o perfil dos gastos.
Segundo Miranda, 75% do montante foram investidos em manutenção e apenas 25% em expansão, sendo que desse porcentual, 74% foram para a ampliação da capacidade produtiva de cimento nas regiões Nordeste e Centro-Oeste.
A estratégia conservadora ajudou a companhia a reduzir sua alavancagem financeira. O nível de endividamento comparado à geração de caixa foi reduzido de 3,23 vezes para 2,32 vezes.
"Nosso alvo de longo prazo segue sendo uma relação de 2 vezes, embora um nível abaixo de 2,50 de alavancagem é considerado bastante confortável pelas agências de risco", diz Miranda.
O grupo encerrou 2014 com dívida líquida de R$ 16,5 bilhões, 1,8% a menos em relação ao ano anterior.
A receita líquida cresceu 7%, para R$ 28,1 bilhões, e o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) saltou de R$ 5,4 bilhões em 2013 para R$ 7,1 bilhões.
"Estamos muito satisfeitos com os resultados", diz.
Ajustes
Ao contrário do que muitas empresas estão fazendo, a Votorantim não tem planos no momento de fazer ajustes de pessoal ou de operações.
O grupo emprega 40 mil trabalhadores no Brasil e 15 mil no exterior. "Já estamos num nível ajustado", afirma o executivo.
Sobre o cenário econômico, prefere dizer apenas que o grupo mantém sua política de operar de forma eficiente, tanto em cenários bons quanto ruins.
Ele ressalta não acreditar em impactos substancias da operação Lava Jato nos negócios do grupo pois apenas 7% da receita da Votorantim Cimentos vem de obras de infraestrutura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.