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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
LISBOA (Reuters) - A Votorantim, maior produtora de cimento do Brasil, anunciou nesta terça-feira que tem mantido desde 2008 contatos diretos com acionistas da cimenteira portuguesa Cimpor para aquisição de participação minoritária na empresa e não está considerando uma oferta de compra da companhia toda por agora.
"A Votorantim não tomou, até à data, qualquer decisão em relação à concretização de qualquer aquisição de ações da Cimpor", disse o grupo brasileiro em comunicado.
"E informa que não pondera, analisa ou estuda a publicação de qualquer anúncio preliminar de oferta pública de aquisição da Cimpor, nem uma eventual fusão da Votorantim com a Cimpor."
Segundo a Votorantim, que controla cerca de 40 por cento do mercado brasileiro de cimento, os contatos com os principais acionistas da Cimpor abordaram uma eventual aquisição de participação minoritária na companhia portuguesa, "sempre menor do que 33 por cento do capital social e dos direitos de voto".
O português Jornal de Negócios publicou na segunda-feira que a Votorantim seria a terceira companhia brasileira a se preparar para disputar a Cimpor, que já é alvo da CSN e do Grupo Camargo Corrêa.
A Votorantim contratou como assessor financeiro o Deutsche Bank em setembro de 2008, depois do "surgimento de divergências entre alguns acionistas" da Cimpor. A empresa também contratou escritório de advocacia em Portugal.
Procurados, representantes da Vototorantim no Brasil não estavam imediatamente disponíveis para comentar o assunto.
A Cimpor, uma das 10 maiores fabricantes do produto do mundo, é alvo de uma oferta de aquisição feita pela CSN em dezembro, que propôs preço de 5,75 euros por ação da cimenteira portuguesa, num total de 3,86 bilhões de euros.
Além da oferta da CSN, grupo mais conhecido por suas operações siderúrgicas e que estreou no ano passado operações comerciais com cimento, a Cimpor recebeu interesse da Camargo Corrêa, quarto maior produtor do insumo no Brasil e controlador do maior produtor da Argentina, a Loma Negra.
A oferta da CSN foi rejeitada pelo Conselho de Administração da Cimpor e o controlador da siderúrgica, Benjamin Steinbruch, afirmou há cerca de 10 dias que considerava a relação de 5,75 euros por ação como justa e que não avaliava aumentá-la naquele momento.
Enquanto isso, a proposta da Camargo Corrêa é de fusão de suas operações de cimento com a Cimpor e compra de participação minoritária no grupo português, mas no fim de semana passado o órgão regulador do mercado acionário de Portugal (CMVM) determinou que a brasileira tem que lançar uma oferta de aquisição da Cimpor concorrente à feita pela CSN ou retirar o plano de fusão.
Apesar da Cimpor ter uma estrutura acionária fragmentada, os maiores acionistas detêm mais de 80 por cento de seu capital. O maior acionista da Cimpor é a construtora Teixeira Duarte com 23 por cento do capital, seguida pela cimenteira francesa Lafarge com 17,3 por cento. O estatal português Caixa Geral de Depósitos tem 9,6 por cento.
A Votorantim tem uma capacidade de produção no Brasil de cerca de 30 milhões de toneladas de cimento por ano e a Cimpor de 36 milhões no mundo.
Em fevereiro de 2008, a Votorantim Cimentos comprou operações da norte-americana Prairie, uma das maiores companhias de concreto e agregados do meio-oeste dos Estados Unidos. O primeiro passo de internacionalização da empresa brasileira aconteceu em 2001, quando adquiriu a canadense St. Marys Cement.
(Por Patrícia Vicente Rua, em Lisboa, reportagem adicional de Alberto Alerigi Jr., em São Paulo; Edição de Cesar Bianconi)