Veterano: Fox é vendido no Brasil desde 2003 sem mudanças significativas na estrutura (Volkswagen/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 24 de setembro de 2021 às 13h02.
Última atualização em 24 de setembro de 2021 às 15h39.
O Volkswagen Fox é jurado de morte pela imprensa especializada há alguns meses. Mas, desta vez, o fim do modelo mais barato da marca parece próximo: de acordo com o jornalista Jorge Moraes, colunista do UOL, a produção em São José dos Pinhais (PR) será interrompida em outubro. E o veterano, de quase 20 anos, ainda cederá mais espaço à montagem ao T-Cross, terceiro SUV compacto mais vendido do país.
Para ter ideia das diferenças nos números, o Fox não vendia mal: foram 13.616 emplacamentos até o mês de agosto, suficientes para superar o bem-sucedido Renault Sandero (10.174). Por outro lado, o T-Cross vendeu 39.268 unidades no mesmo período — não bastasse ser praticamente o triplo, o utilitário oferece margens mais generosas, já que pode custar mais que o dobro do hatch nas configurações mais caras.
A empresa Aethra, importante fornecedora de componentes à linha de montagem do Fox, interrompeu a produção em São José dos Pinhais (PR), de acordo com apuração do site Autos Segredos, o que indica o fim próximo do compacto da Volkswagen. Procurados pela reportagem, o sistemista e o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) não foram encontrados até o momento da publicação.
O Volkswagen Fox era oferecido em apenas duas versões (Connect e Xtreme) desde 2017, o que já era um indicativo das incertezas em relação ao futuro do modelo. Neste ano, perdeu a central multimídia de série, como parte dos esforços para se adaptar à falta de semicondutores, e também baixou de preços — indo na contramão do mercado automotivo, que tem feito constantes aumentos pela falta de oferta.
Com a aposentadoria iminente do Fox, a Volkswagen manterá somente o (também) veterano Gol nesta categoria de entrada. Isso porque, no mês de abril, o fabricante também colocou fim às vendas do Up!, que completou pouco mais de sete anos no mercado brasileiro. Esse movimento também concentrará a demanda no Polo, apresentado aqui em 2017, que é mais equipado e também ligeiramente mais caro.
"Sempre que um produto deixa de ser comercializado – sai de linha –, há uma desvalorização natural. Se por um lado o modelo costuma ter desenho mais defasado e menos tecnologias “modernas” (plataforma e equipamentos), por outro, pode ser uma opção mais completa com menor valor de mercado.
Além disso, normalmente, esses veículos são acompanhados de grandes ofertas e descontos. Ou seja: valem a pena para o consumidor, que pode tentar condições melhores, mas nem tanto para a revenda", afirma Murilo Briganti, sócio da consultoria especializada em mercado automotivo Bright Consulting.
De acordo com o fabricante, o Fox não teve a produção interrompida e continua sendo comercializado normalmente no mercado brasileiro.