Volkswagen (Damir Sagol/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2016 às 05h57.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h23.
Para uma empresa alemã, atrasar em 45 dias a divulgação dos resultados, como fez a montadora Volkswagen, está longe de ser motivo de orgulho. Os dados de 2015, previstos anteriormente para meados de março, serão divulgados hoje e devem mostrar um prejuízo de 1,54 bilhão de dólares, o maior da história da empresa, que não via um prejuízo desde 1993.
Tanto a perda quanto o atraso estão ligados ao mesmo escândalo. A Volks precisou de mais tempo para calcular o rombo gerado pelas multas sofridas e pelos recalls que foi obrigada a fazer. A montadora é acusada de instalar em seus carros softwares que enganam os testes de controle para acusar emissões de poluentes abaixo das realizadas na prática.
A Volks admitiu que o software fraudulento foi instalado em 11 milhões de automóveis, e anunciou o conserto ou a compra de 600.000 carros adulterados nos Estados Unidos. Na última sexta-feira, anunciou que os custos relativos à fraude somaram 18 bilhões de dólares só em 2015.
A contradição é que, enquanto derrete na bolsa (perdeu 42,5% do valor de mercado desde abril do ano passado), a Volks vende carros como nunca. No primeiro trimestre, passou a japonesa Toyota e foi a montadora que mais vendeu carros no mundo, atingindo a marca de 2,51 milhões de veículos, 0,8% a mais que no primeiro trimestre do ano passado.
A explicação: o escândalo foi maior nos Estados Unidos, que é apenas o terceiro mercado global da montadora, atrás da Europa e da Ásia, que em 2014 somaram vendas quase 6 vezes maiores que na América. Em 2015, as vendas da empresa na Europa, seu principal mercado, subiram 2,5%. E o maior crescimento no futuro deve vir mesmo de mercados como o chinês. De qualquer forma, enganar governo e consumidores tem se mostrado um péssimo negócio para as finanças da montadora.