"O futuro da Volkswagen será decidido no mercado chinês", disse Herbert Diess, presidente-executivo do grupo alemão (Bobby Yip/Reuters)
Reuters
Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 18h01.
Montadoras globais estão planejando investimentos de 300 bilhões de dólares em tecnologias de carros elétricos nos próximos cinco a 10 anos, com quase metade desse valor direcionado para a China, acelerando a transição da indústria em combustíveis fósseis para fornecedores de baterias e tecnologias de veículos elétricos asiáticos.
O nível sem precedentes de investimento - grande parte dele sendo desembolsado pela Volkswagen - é motivado principalmente por políticas de governos que adotaram medidas contra emissões gás carbônico. Os recursos vão impulsionar avanços em tecnologias que reduzem custo de baterias, aumentam alcance dos veículos e cortam o tempo de carregamento das baterias para tornar os veículos mais atraentes aos consumidores segundo dados analisados pela Reuters.
A China há décadas tem buscado alcançar montadoras alemãs, japonesas e norte-americanas, que dominam a tecnologia de motores a combustão interna. Agora, a China está posicionada para liderar o desenvolvimento de veículos elétricos, afirmam executivos da indústria.
"O futuro da Volkswagen será decidido no mercado chinês", disse Herbert Diess, presidente-executivo do grupo alemão, que tem joint-ventures há décadas com as maiores montadoras de veículos da China, SAIC Motor e FAW Car.
Falando nesta semana a um pequeno grupo de jornalistas em Pequim, Diess disse que a China "se tornará uma das principais potências automotivas do mundo".
"O que nós encontramos (na China) é o ambiente certo para o desenvolvimento da próxima geração de carros e encontramos as habilidades certas, que existem apenas em parte na Europe ou outros lugares", acrescentou.
Como a China e outros países criam mais restrições a veículos com motores convencionais a gasolina e diesel, montadoras de veículos têm acelerado a mudança para a eletrificação. Um ano atrás, montadoras globais disseram que planejavam investir 90 bilhões de dólares em desenvolvimento de veículos elétricos.
Os 300 bilhões de dólares que as montadoras reservaram agora para a produção em massa de veículos elétricos na China, Europa e América do Norte é um montante de recursos maior que economias do Egito ou do Chile.
Quase um terço do total de recursos a ser investido pela indústria em veículos elétricos, cerca de 91 bilhões de dólares, está sendo prometido pela Volkswagen, que está agressivamente tentando se distanciar do escândalo de fraude em testes de emissões de poluentes de motores a diesel, conhecido como"Dieselgate".
O plano do grupo alemão prevê capacidade produtiva em três continentes para montar até 15 milhões de veículos elétricos até 2025, incluindo 50 modelos puramente elétricos e 30 híbridos. Eventualmente, a Volkswagen planeja oferece versões eletrificadas de todos os seus 300 modelos no portfólio de 12 marcas globais do grupo.
O orçamento da Volkswagen para a área é muito maior do que o reservado por seu competidor mais próximo, a também alemã Daimler, que separou 42 bilhões de dólares. Em comparação, a General Motors, maior montadora dos Estados unidos, tem planos para investir 8 bilhões de dólares em veículos elétricos e autônomos.
Praticamente 45 por cento do investimento global da indústria em veículos elétricos, mais de 135 bilhões de dólares, vai ocorrer na China, que está promovendo intensamente a produção e venda de carros elétricos por meio de um sistema que combina cotas estabelecidas pelo governo, crédito e incentivos.
"Há uma corrida" para se investir em veículos elétricos e baterias, disse Alexandre Marian, diretor da AlixPartners e co-autor de um estudo de 2018 que previu que o investimento total em veículos elétricos será de 255 bilhões de dólares até 2023, por parte de montadoras globais e fornecedores.