ID.4: SUV elétrico foi eleito melhor carro do mundo e virá ao Brasil (Volkswagen/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 6 de maio de 2021 às 06h00.
Última atualização em 6 de maio de 2021 às 06h42.
O grupo Volkswagen faturou 62 bilhões de euros no primeiro trimestre deste ano, ainda marcado pela recuperação da economia global em meio à pandemia do novo coronavírus.
É um resultado bem acima do registrado no mesmo período do ano passado, quando a pandemia ainda não estava com força total no principais mercados onde a montadora está presente. Na época a Volkswagen teve receitas de 55 bilhões de euros.
A lucratividade também aumentou na montadora alemã. No primeiro trimestre de 2021, a Volkswagen reportou lucro antes do pagamento de impostos (Ebitda) de 4,5 bilhões de euros, quase cinco vezes mais do que o registrado no mesmo período do ano passado: 700 milhões de euros.
Em 2020, a empresa alemã perdeu o posto de maior fabricante de veículos do mundo (que passou à Toyota) e concentrou esforços para se tornar o principal produtor de carros elétricos até 2025.
Para cumprir essa promessa, a companhia já anunciou a construção de seis fábricas para baterias com capacidade de 240 gigawatts (GW), suficiente para atender à frota eletrificada que deverá crescer mais de 60% nos próximos dez anos. E, no mês de abril, o SUV ID.4 faturou o prêmio de Carro do Ano 2021, que indica a melhor escolha entre modelos vendidos no mercado europeu.
“Com relação à eletrificação, entendo que a evolução tem acelerado. Mas a velocidade de crescimento será mais moderada, uma vez que os investimentos em infraestrutura necessários para suportar esse aumento na participação são muito altos e possíveis apenas para países desenvolvidos. Eletrificar um veículo do segmento B, que representa mais de 40% do mercado mundial, ainda não será viável a curto prazo. E, na China e na Europa, os incentivos chegam a 25% do valor total, o que também não é viável”, afirma Paulo Cardamone, diretor executivo da consultoria Bright Consulting.
De qualquer forma, os planos do grupo Volkswagen – e as provocações frente à rival Tesla – animaram os investidores, já que as ações comuns chegaram a disparar 80% neste ano. Segundo as previsões da empresa, devem ser comercializados 1 milhão de veículos puramente elétricos (o que exclui os híbridos da contagem) até o fim de 2021, caso não faltem componentes eletrônicos.
No ano passado, durante a crise provocada pela Covid-19, os alemães comercializaram 9,31 milhões de unidades em todo o mundo, o que significa uma redução de 15% em relação a 2019 – já a rival Toyota vendeu 9,53 milhões de veículos. Esse resultado foi pior para a vice-líder por conta da dependência no mercado europeu, que, só em 2020, encolheu 24% nas vendas de automóveis.
“O mercado global deverá atingir ao redor de 85 milhões de veículos leves em 2021, ou seja 10% acima dos 77 milhões comercializados no ano passado. Se olharmos num horizonte de cinco anos [2026/2027], globalmente falando, os volumes devem apontar para os 100 milhões que estavam previstos para 2020. Portanto, os mercados tendem a voltar às projeções pré-2018”, diz Cardamone.
Como fruto dessa nova fase, o grupo Volkswagen já não diz mirar a disputa pela liderança nas vendas, o que é um bom sinal e garante mais estabilidade com veículos de maior valor agregado. Considerando as demais marcas da empresa, como Audi e Porsche, também foram apresentadas novidades eletrificadas para segmentos mais caros – ou seja, as linhas e-tron e Taycan, respectivamente.
Mais que preferência do mercado, os próprios países já anunciaram iniciativas para proibir a venda de veículos à combustão, como é o caso do Reino Unido, que deverá banir opções a gasolina e diesel até 2030. Já a "Estratégia de Mobilidade Sustentável e Inteligente", da Comissão Europeia, planeja colocar nas ruas 30 milhões de veículos livres de emissões nas próximas duas décadas.
Quais são as tendências entre as maiores empresas do Brasil e do mundo? Assine a EXAME e saiba mais.