Outplacement, networking e até mudança de mercado são válidos para escapar da má reputação após a "fritura" (Ruben Las Palmas/Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2011 às 16h02.
São Paulo – Levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima nem sempre é fácil. Principalmente, quando o executivo sofreu o famoso processo de fritura – aquela situação em que seu poder é esvaziado aos poucos e todos já sabem que a empresa está preparando sua saída. O pior é quando isso vaza para o mercado, e a imagem do executivo fica comprometida. Por isso, sair da empresa com classe, após ser tostado na frigideira corporativa, é vital para se manter na carreira.
E não é preciso ser nenhum Roger Agnelli para conseguir se recolocar no mercado após ser frito. Profissionais com uma carreira bem mais modesta do que a do demissionário presidente da Vale também têm chances de recuperar sua reputação e apagar as marcas de queimado.
Uma das formas de fazer isso é pelo outplacement, um serviço que ajuda o executivo a encontrar um caminho de volta ao mercado depois de ser demitido. “Quem paga por isso é a própria empresa que está desligando a pessoa”, afirma a professora do Ibmec/MG, Milta Rocha. Segundo ela, pagar essa conta não é um desperdício para as companhias, já que, quando se demite alguém, não se deve simplesmente descartar o indivíduo. Afinal, nunca se sabe o dia de amanhã e o profissional que está indo embora hoje pode ser a salvação da empresa em outra ocasião.
Outra ferramenta que pode ser muito útil na hora de procurar outra empresa, de acordo com a professora, é o famoso networking. Aqueles cartões de visita trocados nas conferências, seminários e eventos corporativos podem ter um grande valor no momento em que o executivo percebe que está na berlinda. Mas é preciso ter atenção especial a esse quesito enquanto ainda se está bem na empresa, pois são os contatos feitos durante a fase áurea que ajudarão a garantir uma boa imagem perante o mercado, mesmo em uma época de transição de carreira. “É por isso que os grandes executivos, como Agnelli, não ficam fora do mercado. Eles têm os melhores contatos”, diz Milta.
Abandonar o navio
O vice-presidente da consultoria Thomas Brasil, Edson Rodriguez, considera que não há jeito de sair da frigideira “com classe” e o melhor a fazer para evitar que o mercado feche as portas – ou pelo menos dificulte o retorno do executivo - é abandonar o barco antes que ele afunde de vez. Ao sentir o cheiro da fritura, o profissional deve agir rápido e pedir demissão. “Não há elegância em sair depois da frigideira. O executivo precisa estar antenado o tempo todo, tem que tomar as providências dele e se antecipar, antes que o mercado saiba”, afirma o consultor.
E não vale bater o pé e pedir para ficar. Para Rodriguez, quando Agnelli divulgou a nota afirmando que apenas os acionistas poderiam tirá-lo do cargo e que tudo que tinha a fazer era continuar trabalhando, o movimento foi um erro. “Ele pensou que tinha aliados e não tinha”, diz. No caso de pobres mortais, que não têm tanta exposição quanto o chefe da segunda maior mineradora do mundo, além da saída antecipada, o especialista deixa uma alternativa: mudar de ares. “Se o executivo é do tipo que seu nome é menos importante do que o gabarito técnico que tem, o melhor é ir para outro lugar onde o cheiro da fritura não chegue”, afirma.