Oi: operadora tem um plano de se transformar definitivamente em uma companhia com duas frentes de negócios: infraestrutura e varejo de serviços residenciais e corporativos (Paulo Whitaker/Reuters)
Carolina Ingizza
Publicado em 18 de julho de 2020 às 11h14.
As operadoras de telefonia TIM, Vivo e Claro informaram que apresentaram uma oferta em conjunto para adquirir o negócio móvel do grupo Oi, em recuperação judicial.
A proposta conjunta quer comprar todos os ativos que constituem a unidade produtiva isolada de ativos móveis da Oi, que tem 36,6 milhões de clientes no país. Os ativos incluem a autorização de uso de radiofrequência; a base de clientes do Serviço Móvel Pessoal da companhia; o direito de uso de espaço em imóveis e torres; elementos de rede móvel de acesso ou de núcleo; e sistemas e plataformas da operadora.
O valor da oferta não foi divulgado, mas, em fato relevante apresentado pela Oi no dia 15 de junho, a companhia afirma que a UPI de Ativos Móveis seria vendida mediante um pagamento de, no mínimo, 15 bilhões de reais em dinheiro.
A decisão foi informada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) neste sábado, 18, após os Conselhos de Administração das empresas aprovarem a apresentação da oferta vinculante em conjunto em reunião na sexta-feira, 17.
As três companhias informaram que a oferta foi submetida à apreciação da Oi e está sujeita a determinadas condições, especialmente a seleção de ofertantes como “stalking horse” (primeiro proponente). Na prática, isso os permitiria garantir o direito de cobrir os outros lances apresentados no processo competitivo de venda do negócio móvel da Oi.
"No caso de aceitação da proposta apresentada e na hipótese de concretização da operação, cada uma das interessadas receberá uma parcela do referido negócio", informam as empresas à CVM.
A Vivo afirma que, se a transação acontecer, ela agregará valor para os seus acionistas e clientes com a geração de eficiências operacionais e melhorias na qualidade do serviço prestado. A Claro, por sua vez, diz que a operação é uma oportunidade de trazer valor para clientes e acionistas com o crescimento e melhora da qualidade do serviço.
Já a Tim, além de destacar a oportunidade de aceleração do crescimento do negócio, diz que a transação traria benefícios para o mercado de telecomunicações no geral, com reforço na capacidade de investimento, inovação e competitividade.
Em meados de junho, a Oi apresentou à Justiça o aditivo do seu plano de recuperação judicial original, aprovado em dezembro de 2017. Ele apresenta toda sua visão de modelo estratégico, para se transformar definitivamente numa companhia com duas frentes de negócios: infraestrutura e varejo de serviços residenciais e corporativos.
Hoje, a empresa vale cerca de 5,9 bilhões de reais na bolsa e tem uma dívida líquida de 18,1 bilhões de reais. Após implementação completa do novo plano, considerando a execução plena de tudo que está sendo proposto, a Oi listada na B3 poderá ser uma empresa avaliada entre 30 bilhões de reais e 40 bilhões de reais e com metade da dívida líquida atual. Essa é a estimativa do presidente da companhia, Rodrigo Abreu.
Em entrevista ao EXAME IN em junho, o executivo explicou que esses são números difíceis de serem estimados com precisão, mas o futuro é dessa ordem de grandeza. A estrutura planejada para a Oi, segundo ele, segue modelo usado em diversas empresas da Europa.
A Oi atual é dona de uma operação integrada de infraestrutura, varejo, atacado e telefonia celular. Com o novo plano, o desenho será modificado e a empresa poderá obter um valor estimado em, no mínimo, 22,8 bilhões de reais com venda de ativos e a separação da infraestrutura em uma outra sociedade.
No caminho, vão ficar os ativos de telefonia móvel, as torres celulares e o data center, que serão integralmente alienados. Como Abreu já vinha enfatizando desde o fim de 2019, a “nova Oi” será uma companhia de infraestrutura e fibra. O que faltavam eram os detalhes. Do total a ser obtido, 15 bilhões de reais devem vir da venda da operação móvel, 1 bilhão de reais da venda das torres celulares e 325 milhões de reais do negócio de data center.