(Karin Salomão/Site Exame)
Karin Salomão
Publicado em 19 de junho de 2018 às 11h13.
São Paulo - Itens de papelaria milimetricamente organizados, talheres e pratos sem detalhes e objetos de organização brancos e simples. A nova loja da japonesa Muji é o paraíso dos minimalistas.
Inaugurada hoje, 19, na Japan House, em São Paulo, o espaço é temporário e ficará aberto apenas até o dia 22 de julho. O site EXAME visitou o lugar para mostrar o que esperar da marca.
Todos os itens são vendidos sem estampas, desenhos ou marcas e com embalagens reduzidas. Além da simplicidade dos produtos, a organização também dá à loja uma aparência de harmonia e praticidade.
Os produtos são bem diferentes dos vendidos nas lojas da Daiso e Miniso, também de origem oriental. Enquanto na Muji as poucas cores na loja vêm dos porta-escova de dentes e das capas dos cadernos, os produtos das concorrentes estão cheios de estampas de animais ou personagens.
Os preços também são diferentes. Na Muji, os cadernos saem por a partir de 9 reais e os mini porta escova de dentes custam 48 reais. As malas de viagem não saem por menos de 1.800 reais e o pufe quadrado e capa custam 1.600 reais.
A loja está organizada em três ambientes. Logo na entrada, estão expostos os valores principais da marca: seleção de materiais e simplificação de embalagens, típicos do movimento minimalista. Ao lado, estão os itens à venda, divididos em papelaria, objetos para cozinha, para viagem e para banheiro.
Por fim, a loja expõe alguns dos produtos mais vendidos no mundo, mas que por certos entraves ainda não poderiam ser comercializados no Brasil.
Entre eles, estão camisas e meias feitas com algodão orgânico, que precisariam de uma nova etiqueta, e o difusor de aromas, que tem uma tomada diferente da adotada no país.
A abertura da loja por apenas um mês pode ser um tempo curto para os fãs da marca, mas é o suficiente para a Muji testar a aderência dos seus produtos ao mercado brasileiro. Para a empresa, essa experiência é necessária antes de desembarcar de forma permanente no país.
Presente em 20 países, a marca é mais forte na Ásia, em regiões como China, Hong Kong e Taiwan. O Brasil é o país mais distante do Japão que a Muji opera, o que, por si só, já representa um enorme desafio para importar os produtos.
A vinda da Muji para o Brasil está sendo estudada há um bom tempo. Há quatro anos, o executivo que hoje é presidente da Muji veio ao país para estudar a viabilidade da operação por aqui. “Na época, verificaram que o valor de importação seria muito alto e que não seria possível implementar a operação”, afirmou Toru Tsunoda, presidente da Muji USA.
Com a abertura da Japan House, centro de cultura japonesa em São Paulo, a empresa decidiu dar mais uma chance ao país. Com uma estrutura pronta, ficou mais fácil trazer alguns produtos e abrir uma loja temporária.
De acordo com Tsunoda, a loja temporária irá testar a aderência do público à marca e aos seus valores, ao preço sugerido e verificar quais são os entraves burocráticos e legais para importação dos produtos.
A abertura de uma loja pop-up é uma estratégia comum da Muji para entender por si própria um novo país, já que ela não usa consultorias ou empresas de pesquisa de mercado. O teste também serve para entender quais impostos ou inspeções são necessárias em cada país.
“Temos certeza que o público irá aceitar o conceito da nossa marca, mas precisamos verificar se o preço está adequado”, disse o presidente. A empresa não tem planos para abrir uma loja fixa ainda esse ano, já que esse alinhamento entre valor e preço pode demorar mais algum tempo. “Afinal, o nosso objetivo é fazer negócio”, afirma o presidente.