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Visitamos a fantástica fábrica de nióbio, metal 400x mais caro que ferro

Bolsonaro fez o metal extraído no interior de Minas ganhar fama nacional. A CBMM, dona de 80% do mercado global, investe para levar o nióbio a novos nichos

EXTRAÇÃO DE NIÓBIO EM ARAXÁ: em 2018, o lucro da CBMM foi de 2,8 bilhões de reais / Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)

EXTRAÇÃO DE NIÓBIO EM ARAXÁ: em 2018, o lucro da CBMM foi de 2,8 bilhões de reais / Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 1 de agosto de 2019 às 17h05.

Última atualização em 2 de agosto de 2019 às 06h04.

O nióbio é o elemento químico que ocupa o número 41 da tabela periódica, em cima do tântalo e ao lado do molibdênio. Assim como estes, o nióbio oferece características especiais ao aço e a outras ligas metálicas. Bastam 100 gramas para fazer com que 1 tonelada de aço fique mais resistente, maleável ou condutora. Custa uma fortuna: cada quilo de nióbio vale de 30 a 40 dólares, 400 vezes a cotação do minério de ferro, principal mineral explorado no Brasil.

A CBMM, controlada pela família Moreira Salles, sócia do banco Itaú Unibanco, é pioneira na exploração de nióbio e hoje controla 80% do mercado global, avaliado em 3 bilhões de dólares por ano. Sua mina tem reservas estimadas em 800 milhões de toneladas. Com 60 anos de história, a CBMM é tão discreta que suscitou uma série de teorias conspiratórias sobre seu principal produto. As teorias estão mais populares do que nunca — e o nióbio também.

Recentemente, o metal virou queridinho de Jair Bolsonaro, que visitou a fábrica da CBMM, em Araxá, no interior de Minas Gerais, há dois anos. Bolsonaro cita o nióbio constantemente para ressaltar o potencial mineral do Brasil, inclusive em regiões como a Amazônia. Em viagem ao Japão, em junho, gravou um vídeo mostrando uma correntinha de nióbio.

Instalada nas montanhas a 10 quilômetros do centro de Araxá, a CBMM é uma empresa camarada com os funcionários e clientes. A rua de entrada de seu complexo industrial — formado, além da mina, por 14 fábricas — é decorada com as bandeiras dos países de onde vêm seus sócios e clientes.

Em anos bons — e quase todos o são (em 2018, o lucro foi de 2,8 bilhões de reais) —, os 2.000 funcionários recebem até seis salários de bônus. A CBMM financia 80% dos estudos de empregados e dependentes e mantém uma pré-escola no centro de Araxá. Os impostos pagos respondem por 70% da receita do município de 105.000 habitantes.

Parece um mundo de fantasia, e é esse o grande risco da CBMM. Sobram casos de companhias dominantes em seus mercados que acabaram se acomodando. Para manter o domínio de mercado, a CBMM está concluindo um projeto de expansão de 2 bilhões de reais para elevar a capacidade de produção de 100.000 para 150.000 toneladas por ano. Entre os novos projetos estão turbinas, lentes, baterias — mas não correntinhas.

A versão completa desta reportagem está na edição 1191 da revista EXAME, disponível também na versão digital

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