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Viciadas em moda mudam mercado varejista na China

Embora as mulheres tenham dominado há tempos as compras de produtos de luxo em todo o mundo, na China só agora elas estão se equiparando aos homens

Mulher passa em frente a uma loja da marca de luxo Burberry em Pequim, na China (Keith Bedford/Reuters)

Mulher passa em frente a uma loja da marca de luxo Burberry em Pequim, na China (Keith Bedford/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2014 às 20h37.

Xangai - Lisa Yan é a nova cara do consumidor de luxo chinês: mulher e de vanguarda.

A vendedora de produtos financeiros de 26 anos de idade checa as redes sociais todos os dias para ver o que celebridades e amigas estão vestindo. Ela usa casaco Burberry, alterna entre uma bolsa azul Valentino e uma negra da Dolce Gabbana para trabalhar e lê revistas como a Vogue para tentar copiar os estilos mais novos.

Embora as mulheres tenham dominado há tempos as compras de produtos de luxo em todo o mundo, na China só agora elas estão se equiparando aos homens, que historicamente tiveram poder de compra maior e respondiam pela maior parte dos presentes relacionados a negócios. Empresas como Chanel e LVMH Moët Hennessey Louis Vuitton SA estão se concentrando em atender a demanda da nova geração de mulheres “viciadas em moda” do país, dedicando mais espaço nas lojas para roupas femininas em meio a uma repressão a presentes caros, como relógios.

“Trata-se de um reequilíbrio no consumo entre mulheres e homens”, disse Mario Ortelli, analista sênior da Sanford C. Bernstein em Londres. “As mulheres estão se tornando mais independentes, mais ricas, e por isso estão comprando para elas mesmas”.

Os homens responderam por 90 por cento das compras de alto padrão da China em 1995, segundo a consultoria da indústria Bain Co. As mulheres, agora, fazem cerca de metade das compras, disse a Bain em um relatório, no mês passado. Essa divisão ainda fica atrás da média global dos mercados maduros, onde as mulheres consumidoras são responsáveis por cerca de dois terços do total.

A Bain avaliou o mercado doméstico de luxo da China em 116 bilhões de yuans (US$ 19 bilhões) no ano passado.

‘Viciadas em moda’

“A compra de produtos de luxo pelas mulheres chinesas é impulsionada pelos empregos e pela pressão das demais”, disse Yan, cuja coleção também inclui bolsas da Louis Vuitton e da Saint Laurent Paris. “Esses são itens que no passado nós só olhávamos e que agora podemos comprar. Nós também vemos as amigas usando essas coisas”.


Um grupo crescente de “viciadas em moda” na China continuará impulsionando a tendência de vestuário de alto padrão das mulheres, segundo o relatório da Bain. São consumidores chineses: a maioria mulheres, profissionais com salários médios de grandes cidades como Xangai, Pequim e Guangzhou, que compram para uso pessoal e têm conhecimento de moda, assim como do luxo.

Chegar à China com sucesso é uma jogada de alto risco para as empresas do setor de luxo. Após superar o crescimento no resto do mundo por anos, o gasto na China continental -- que exclui Hong Kong, Macau e Taiwan -- cresceu ao ritmo mais lento no ano passado desde 2000 pelo menos, segundo a Bain, depois que o presidente Xi Jinping começou uma campanha para frear os gastos com luxo. Os chineses também estão comprando cada vez mais no exterior, onde os preços são mais baixos.

Compras no exterior

Embora os chineses sejam os maiores consumidores de produtos de luxo do mundo por nacionalidade, respondendo por 29 por cento das compras de alto padrão no ano passado, as vendas na China continental desaceleraram porque os chineses agora compram mais de dois terços de seus produtos no exterior, segundo a Bain.

Contudo, compradores como Carry Zhuang, de 32 anos, que trabalha no setor de mídia em Xangai, estão atraindo a atenção das empresas como uma forma de superar a desaceleração.

“Nós ganhamos nosso próprio dinheiro”, disse Zhuang, que estava vestida com blusa e saia pretas e usava uma bolsa de couro Ferragamo enquanto fazia compras no IFC Mall, na cidade, que conta com lojas de luxo como a Chanel e a rede varejista de relógios IWC. “E nós queremos gastá-lo em coisas que gostamos”.

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