Negócios

Versão barata de vacina ameaça grandes laboratórios

Fabricante de vacinas da Ásia está trabalhando em série de novas ofertas com preços baixos que ameaça minar marcas das maiores empresas farmacêuticas do mundo


	Enfermeiro aplica vacina: o Serum Institute of India fabrica vacinas injetadas em 65% das crianças do mundo
 (George Frey/Getty Images)

Enfermeiro aplica vacina: o Serum Institute of India fabrica vacinas injetadas em 65% das crianças do mundo (George Frey/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2015 às 19h53.

Mumbai - A maior fabricante de vacinas da Ásia está trabalhando em uma série de novas ofertas com preços baixos que ameaça minar marcas das maiores empresas farmacêuticas do mundo.

O Serum Institute of India Ltd., que fabrica vacinas injetadas em 65 por cento das crianças do mundo, pretende criar novas vacinas, entre elas uma para o vírus do papiloma humano que poderia estar disponível nos últimos meses de 2018 e ser vendida a um terço do preço da Gardasil, o sucesso de vendas da Merck Co. Também estão sendo desenvolvidas vacinas para determinados tipos de diarreia severa e pneumonia.

A versão da vacina contra o HPV será lançada inicialmente em países em desenvolvimento e o Serum visa conseguir a aprovação do produto na Europa, disse Suresh Jadhav, diretor executivo da empresa indiana, em uma entrevista. Gardasil é a segunda vacina mais vendida do mundo.

Impulsionadas pela invenção de novos produtos avançados, vendidos a preços cada vez mais altos nos mercados ocidentais, e por uma campanha para aumentar a imunização contra a pólio e o sarampo nos países em desenvolvimento, as vendas de vacinas estão crescendo ao dobro do ritmo de outros produtos farmacêuticos, segundo a Organização Mundial da Saúde.

A epidemia de ebola na África Ocidental também tornou urgente a necessidade de versões acessíveis das novas vacinas para países pobres. O mercado mundial de vacinas mais do que triplicou seu valor, de US$ 7,4 bilhões em 2005 para US$ 25,5 bilhões, estima a Kalorama Information, que publica pesquisas sobre o mercado.

Comércio mundial

Os maiores laboratórios do mundo – entre eles Merck, GlaxoSmithKline Plc, Sanofi e Pfizer Inc. – dominam o mercado devido aos grandes investimentos necessários para desenvolver vacinas e à alta taxa de fracassos de potenciais candidatas.

A UNICEF consegue suas vacinas com preços reduzidos para os governos dos países mais pobres do mundo, algumas em nome da GAVI Alliance, uma instituição de caridade com sede em Genebra que é a maior fornecedora de fundos para vacinas enviadas a países em desenvolvimento.

O Serum diz que no início fará testes clínicos da sua alternativa à Gardasil na Índia e na África, e que a primeira fase começará neste ano. Como a Gardasil, a nova vacina protegeria contra quatro cepas do HPV.

A Glaxo, com sede em Londres, também tem uma vacina contra o HPV, chamada Cervarix, que protege contra duas cepas. A Glaxo disse por e-mail que todos os anos cerca de 80 por cento das suas vacinas, entre elas Cervarix, vão para países em desenvolvimento com preços reduzidos.

O Serum ainda não chegou a um acordo de preço, mas “será extremamente acessível, para que até mesmo os países mais pobres entre os países pobres possam adicioná-la a seus programas”, disse Jadhav. “Estamos pretendendo um preço de pelo menos cerca de um terço do valor que atualmente está sendo conseguido pela agência da ONU”.

"Prematuro"

A Merck disse que é “prematuro” falar em vacinas em desenvolvimento contra o HPV.

Vacinas contra esse vírus para 53 países de baixa renda reunidas em uma conexão com a GAVI não impactariam na renda da empresa, pois ela já se comprometeu a fixar preços que não rendem lucros para a Gardasil nesses países, disse a Merck em resposta por e-mail a perguntas.

Fazer com que cópias da Gardasil sejam aprovadas na Europa como intercambiáveis com a versão da Merck será desafiador, talvez impossível, disse Richard Purkiss, analista da Atlantic Equities LLP em Londres.

Em muitos países da União Europeia, a substituição automática de produtos biológicos, ou de derivados de organismos vivos como as vacinas, é proibida ou não é recomendada.

O Serum também vem desenvolvendo sua linha de vacinas para outras doenças.

O uso de uma vacina desenvolvida pela companhia contra a meningite A na África Subsaariana foi aprovado para crianças com menos de um ano de idade. A empresa planeja vender uma vacina pentavalente contra o rotavírus para a UNICEF por US$ 2 a US$ 2,50 a dose. A vacina estará disponível no primeiro trimestre de 2018, disse Jadhav.

A UNICEF concordou em pagar à Merck até US$ 5 por dose neste ano pela vacina RotaTeq da empresa americana. O vírus pode causar diarreia severa.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas americanasEmpresas francesasEmpresas inglesasGlaxoSmithKlineIndústria farmacêuticaMerckPfizerSanofiSaúdeVacinas

Mais de Negócios

Setor de varejo e consumo lança manifesto alertando contra perigo das 'bets'

Onde está o Brasil no novo cenário de aportes em startups latinas — e o que olham os investidores

Tupperware entra em falência e credores disputam ativos da marca icônica

Num dos maiores cheques do ano, marketplace de atacados capta R$ 300 milhões rumo a 500 cidades