Santander: Brasil teve crescimento de lucro, apesar de resultado ter caído na América Latina (Leon Neal/AFP)
Tatiana Vaz
Publicado em 27 de abril de 2016 às 18h07.
São Paulo – Assim como seus concorrentes, o Santander está avaliando se deve ou não investir na compra da operação de varejo do Citibank no Brasil, que deve ser fechada até dezembro.
No entanto, acredita que o negócio não é relevante o suficiente para mudar o cenário do sistema financeiro do país como um todo.
“É uma operação bem menor do que a que tínhamos quando o HSBC Brasil estava na mesa de negociação”, comentou Sérgio Rial, presidente do banco no país em coletiva de imprensa.
De acordo com Rial, o processo de venda do Citi ainda está bem no início e o Santander vai olhar, mas não tem “obrigação de fechar”, se não considerar rentável.
“O maior benefício da venda do Citibank no Brasil, independente de quem comprar, será o mérito de sermos o único banco internacional no país”, disse o executivo.
Apesar da queda mundial, o Santander apresentou um lucro de R$ 1,7 bilhão de janeiro a março, valor 3,3% maior sobre o último trimestre.
O resultado se deu, segundo o banco, pela continuidade da contenção de custos, aumento da recorrência (comissão por cliente sobre os custos) e ativação de novos e antigos correntistas.
A fatia de clientes digitais conquistada no período foi outro destaque. De janeiro a março, o banco passou a atender mais de 1 milhão de novas contas – no total, são mais de 5 milhões.
A meta é chegar a 6,7 milhões até o final deste ano, com facilidades que incluem a abertura de contas em até 48 horas, por exemplo.
“Queremos ser cada vez mais simples, mais eficiente e mais próximo dos clientes”, disse Rial.
No mundo, a queda do lucro do banco até março foi de 4,9% e totalizou 1,63 bilhão de euros.
O resultado ficou 16,3% abaixo na América latina, região que fornece 39% do lucro do grupo, liderada pelo Brasil.
Impeachment ou não
Para Rial, o Brasil não corre o risco de sofrer um colapso financeiro, mesmo no cenário atual de queda de PIB, graças à força de suas instituições.
“O sistema financeiro tem feito um trabalho profilático que não dá margem a bancos refinanciarem algo que não tenha capacidade de pagamento, seja para pessoas físicas ou jurídicas”, afirmou o executivo.
Na opinião de Rial, a crise que há no país hoje é calcada, principalmente, na recessão econômica e indefinição política.
Com impeachment ou não, para o presidente do Santander é preciso que o país encare o mundo e sua realidade de forma objetiva.
Só assim questões cruciais, como a reforma previdenciária e tributária, poderão ser discutidas e definidas pelo Executivo e Congresso.
“Não há como governar sem uma boa relação entre essas partes”, disse ele. “É preciso ter coragem para definir as pautas e reduzir a complexidade do país”.