Roberto Castello Branco: presidente da empresa não pode privatizar a estatal (Sergio Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de março de 2019 às 14h14.
Última atualização em 15 de março de 2019 às 14h48.
Rio — O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, se posicionou como um liberal e, como tal, defendeu a privatização de 99% das estatais.
Uma das poucas exceções seria o Banco Central, afirmou ao participar de evento na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro
Segundo o executivo, a venda da Petrobras e de outras companhias públicas "foi sempre o sonho". "Não podemos ter tudo o que queremos, mas podemos tentar", afirmou em seguida, parafraseando música da banda Rolling Stones.
Já que não pode vender a petroleira, sua intenção, à frente da Petrobras, é transformar a empresa "o mais próximo possível de uma empresa privatizada", complementou.
O presidente da Petrobrás projeta a venda de US$ 10 bilhões nos primeiros quatro meses deste ano, dentro do seu programa de desinvestimento.
"Tudo vai depender do mercado, da velocidade que vamos conseguir imprimir ao portfólio de desinvestimento", disse.
Em sua palestra, ele voltou a defender o foco no pré-sal, a venda de ativos, a desalavancagem e a disciplina de capital.
Castello Branco criticou o regime de partilha adotado pelo governo nos contratos de pré-sal. Em sua opinião, esse é mais um "empecilho à eficiência e produtividade" das empresas, entre elas a Petrobras.
Na palestra, o executivo ainda reiterou que a companhia não quer ser monopolista e que a competição, nos setores de gás natural e refino, deve contribuir para o desenvolvimento do mercado e da companhia.
O presidente da Petrobras defendeu que a empresa adote um modelo de gestão de pessoal que preveja consequências punitivas, que inclui a perda de cargo e demissões. Em sua opinião, os acionistas não podem ser afetados por erros da equipe de trabalhadores.
"O importante é criar valor para o acionista", disse o executivo, acrescentando que a segurança de operação está entre os pilares de sua administração.
Na palestra, Castello Branco reiterou que a empresa lançará em breve um programa de demissão voluntária.
Organizado pela FGV, o evento A Nova Economia Liberal recebeu outros presidentes de estatais. O executivo do Banco do Brasil, Rubem Novaes, defendeu também a privatização da instituição. Segundo Novaes, mesmo privatizado, o banco poderá cumprindo os objetivos do governo.
Para Novaes, se o Banco do Brasil fosse privado, seria muito mais eficiente, teria mais retorno e poderia alcançar melhor os objetivos do governo, como o crédito agrícola.
"Ao longo da história, o governo mais atrapalhou do que ajudou o Banco do Brasil", afirmou. "Não vejo nada que não pudesse ser alcançado como prioridade do governo por todo o sistema bancário. Eu defendo a privatização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica", completou.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, destacou o papel social do banco público, mas afirmou que a instituição opera áreas e tem ativos que não deveriam fazer parte da carteira de um banco, como ações da Petrobras. Segundo Guimarães, ainda este ano serão feitas quatro operações no mercado de capitais.
"Vai ter a saída da Caixa de todos os seguimentos que não são estratégicos. As aberturas de capital serão históricas. Tive 70 reuniões nos Estados Unidos durante o carnaval, nunca vi nada parecido, eles falaram que acreditam na estrutura e querem participar", afirmou o presidente, acrescentando que o processo vai começar com a Caixa Seguridade, em setembro.
O presidente do BNDES, Joaquim Levy, disse que está empreendendo uma série de mudanças no banco para contribuir com as privatizações no país. Segundo Levy, o governo tem condições de estruturar rapidamente o processo de destatização.
"Usando os controles certos, tomando os riscos certos, para poder responder os desafios da infraestrutura. Estamos trabalhando com vários estados nesse sentido, empresas de gás, de energia. É para isso que o BNDES existe", argumentou.
Levy disse estar se reunindo com investidores nacionais e estrangeiros com interesse no Brasil. "A gente tem que mobilizar esses recursos. Com esse choque liberal a gente dá oportunidades, opções para as pessoas colocarem os seus recursos em coisas que vão fazer o Brasil crescer", afirmou.