Kodak: empresa ignorou a criação da primeria câmera digital (Flickr)
Redatora
Publicado em 10 de junho de 2025 às 12h00.
Em 1975, Steven Sasson, um jovem engenheiro de 24 anos recém contratado na Eastman Kodak Company, empresa de fotografia analógica que vendia rolos de filmes, inventou a primeira câmera digital da história.
O feito, que abriu caminho para a revolução da fotografia moderna, foi apresentado à diretoria da Kodak em reuniões discretas. Na época, a invenção foi engavetada, decisão que custou bilhões de dólares à empresa.
Na década de 1970, a empresa dominava o mercado fotográfico nos Estados Unidos e não enxergou futuro em imagens digitais.
Seus executivos estavam presos a um modelo de negócios altamente lucrativo: vendas de câmeras, filmes, revelações e impressões, todos feitos com produtos da própria Kodak, sem espaço para mudanças.
As informações foram retiradas do The New York Times.
Steven Sasson construiu o primeiro protótipo da câmera digital com peças reaproveitadas: uma lente de uma câmera Super-8, um gravador digital portátil, baterias de níquel-cádmio e um sensor que transformava luz em sinal elétrico.
O sistema era rudimentar, mas funcional. Ele capturava imagens em 50 milissegundos e as reproduzia, com baixa resolução, em televisores.
Sasson estimava que, entre 15 e 20 anos, a fotografia digital estaria apta a competir com filmes tradicionais no mercado de consumo.“Quase ninguém sabia que eu estava trabalhando nisso, porque não era um projeto tão grande”, conta o engenheiro.
Quando Sasson apresentou o protótipo, a resposta dos executivos foi pragmática: “eles estavam convencidos de que ninguém jamais iria querer ver fotos em uma tela”.
O engenheiro conta que seus chefes não viam oportunidades na câmera digital, uma vez que a Kodak lucrava em cada etapa do processo fotográfico analógico. O modelo verticalizado garantia margens altas e fidelidade do consumidor.
Sasson ouviu dos líderes de negócios que sua invenção era boa demais e, por isso mesmo, perigosa.
Era o dilema clássico das finanças corporativas: proteger uma linha de receita consolidada ou apostar em um futuro incerto e de margens iniciais menores? A Kodak escolheu manter o presente, mesmo com o futuro diante de seus olhos.
Em 1989, a câmera criada por Sasson e seu colega Robert Hills, tinha 1,2 megapixels e já se assemelhava às câmeras profissionais atuais. Ainda assim, nunca foi lançada. O motivo: não prejudicar as vendas de filme.
A empresa perdeu espaço para concorrentes mais ágeis, que apostaram na transição digital sem medo de sacrificar margens temporárias.
Quando a Kodak finalmente lançou câmeras digitais ao consumidor, quase duas décadas depois da invenção de Sasson, já era tarde demais. Em 2012, a Kodak pediu falência.
A câmera de 1975 hoje está exposta no Museu Nacional de História Americana.
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