Negócios

Veja o discurso de Roberto Civita na festa de Melhores e Maiores

Presidente da Editora Abril comemora crescimento das empresas brasileiras, mas cobra combate à corrupção

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 16h41.

Durante a 35ª edição de Melhores e Maiores de EXAME, o presidente da Editora Abril, Roberto Civita, comemorou os bons resultados das empresas brasileiras em 2007, mas cobrou um maior combate à corrupção. Veja abaixo a íntegra do discurso, realizado nesta segunda-feira no Clube Monte Líbano, em São Paulo: 

"Em nome da Editora Abril, é um prazer lhes dar as boas vindas à Trigésima Quinta Edição de Melhores e Maiores de EXAME.

Esta é uma noite especial. Uma ocasião para celebrar as conquistas, os desafios vencidos e os resultados obtidos pelas principais empresas do país, que continuam contribuindo decisivamente para o nosso desenvolvimento e progresso. E também uma oportunidade muito especial para festejar os grandes empresários que fizeram a história de Melhores e Maiores durante os últimos 35 anos.

Como consta do Anuário que todos os presentes receberão ainda nesta noite, 2007 foi o melhor ano da última década para as 500 maiores empresas brasileiras. As vendas somadas das 500 cresceram 7,5% e alcançaram 970 bilhões de dólares, quase um trilhão. As exportações das 500 ultrapassaram o marco de 100 bilhões de dólares, praticamente 60% das exportações brasileiras. O número de seus empregados alcançou quase dois milhões e trezentas mil pessoas, um aumento de cerca de 400 mil novos postos de trabalho num único ano.

Isto tudo resultou em 63 bilhões de dólares de lucro e 145 bilhões de dólares de impostos pagos, cerca de 28% da carga fiscal total do período, e 40% do total arrecadado pela União.


Para melhor avaliar a evolução das 500 ao longo dos últimos 35 anos, é necessário notar que suas vendas - em valores ajustados - praticamente quadriplicaram neste período, e que em apenas 17 anos, o valor de mercado das 100 maiores empresas de capital aberto saltou de 36,7 bilhões de reais em 1990 para 2 trilhões de reais no ano passado. Realmente impressionante.

Paralelamente, a economia brasileira também vem crescendo em todas as frentes. Neste ano de 2008, devemos alcançar recordes de vendas em muitos setores, incluindo mais de 200 mil novas moradias, 3 milhões de carros novos e quase 12 milhões de computadores, contribuindo para manter o crescimento do PIB em quase 5% e - ainda mais importante - melhorar o nível de vida de dezenas de milhões de brasileiros. Em 2005, a classe C representava 34% da população. Em 2007, este índice saltou para 46%, um aumento de mais de 23 milhões de pessoas em apenas dois anos!

Não pretendo - nesta noite de festa - jogar um balde de água gelada nesses belos indicadores dos nossos avanços. Por outro lado, estou convicto que não podemos admitir que a euforia diante da extraordinária evolução do país na frente econômica nos leve a esquecer uma série de outras questões igualmente (ou talvez, ainda mais) fundamentais.

Refiro-me, evidentemente, ao perigo da sociedade brasileira estar deixando de lado alguns valores básicos, como a honestidade, o zelo com os recursos públicos e a valorização do bem comum acima dos interesses individuais ou partidários.

A história das grandes democracias nos últimos séculos mostra que - sem instituições jurídicas e políticas cada vez mais fortes - a corrupção tende a aumentar na mesma proporção da riqueza pública e privada. Precisamos, portanto, nos empenhar no fortalecimento das nossas instituições, eliminando - como o ex-ministro Pedro Malan observou recentemente - a complacência, o relativismo moral, o ceticismo e o cinismo.


Precisamos passar a ser impiedosos com a corrupção, combatendo sem trégua a praga da impunidade que tanto contribui para alimentá-la. Não é admissível que 40% dos nossos parlamentares sejam atualmente acusados, nos tribunais, de cometer delitos graves. Não é admissível que a outrora nobre vocação política seja transformada na vocação para a política como negócio. Não é admissível que a lerdeza jurídica continue permitindo que os réus nunca cheguem à derradeira instância.

Como escreveu o cientista político Sergio Fausto há algumas semanas, a corrupção não é "apenas" uma questão moral. Além de desviar recursos escassos de investimentos no bem comum, a corrupção premia a "esperteza", desmoraliza a universalidade das leis, destrói a legitimidade da democracia e a própria noção da justiça.

O combate à corrupção e a impunidade é necessário não apenas por razões morais e éticas. Está diretamente relacionado às mudanças essenciais que ainda precisamos fazer na frente das reformas políticas, previdenciárias, tributárias e trabalhistas, na melhoria cada vez mais premente da nossa ainda desastrosa educação e na qualidade da gestão da nossa administração pública.

Enfim, não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar a oportunidade que esta fase de bonança econômica nos oferece. Se não a aproveitarmos para acelerar as demais mudanças fundamentais agora, quando teremos outra chance melhor?

O sucesso de cada um dos presentes aqui nesta noite de celebração pode - e deve - contribuir para o sucesso do nosso Brasil. Que a eficiência, foco no objetivo, perseverança e trabalho duro e honesto das empresas premiadas sirva como exemplo para a contínua ascensão do país em todas as frentes.

Muito obrigado."

Acompanhe tudo sobre:AbrilEmpresáriosEmpresasMelhores e MaioresPersonalidadesRevista EXAMERoberto Civita

Mais de Negócios

Ela gastou US$ 30 mil para abrir um negócio na sala de casa – agora ele rende US$ 9 milhões por ano

Ele só queria um salário básico para pagar o aluguel e sobreviver – hoje seu negócio vale US$ 2,7 bi

Banco Carrefour comemora 35 anos de inovação financeira no Brasil

Imposto a pagar? Campanha da Osesp mostra como usar o dinheiro para apoiar a cultura