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Veículos elétricos podem acabar também com outro setor: o de lubrificantes

Com expectativa de menor demanda por carros a combustão, fabricantes de lubrificantes temem desaparecer, assim como a Kodak frente a câmeras digitais

Carro elétrico E-Golf, da Volkswagen: setor de lubrificantes gera 146 bilhões de dólares ancorado nos carros a combustão (Jens Schlueter / Stringer/Thinkstock)

Carro elétrico E-Golf, da Volkswagen: setor de lubrificantes gera 146 bilhões de dólares ancorado nos carros a combustão (Jens Schlueter / Stringer/Thinkstock)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 18 de novembro de 2019 às 16h14.

Última atualização em 18 de novembro de 2019 às 16h16.

O setor de lubrificantes, que movimenta 146 bilhões de dólares, corre o risco de sofrer o mesmo destino da Kodak, graças à expansão dos veículos elétricos.

Montadoras como Volkswagen e Nissan Motor fazem a transição para modelos movidos a bateria que usam menos graxa do que os veículos de combustão. Com a expectativa de queda da demanda a partir de 2025, fabricantes de lubrificantes temem desaparecer, assim como a Eastman Kodak, que não conseguiu captar o potencial da câmera digital na década de 1970.

Por décadas, fabricantes de lubrificantes se preocupam em melhorar a eficiência do combustível em motores de combustão e aumentar a milhagem entre as trocas de óleo. Os veículos elétricos apresentam um novo conjunto de desafios para os carros com pistões, que normalmente usam 40 óleos diferentes. Esses novos veículos precisam de uma graxa que possa esfriar e lubrificar o motor, além de proteger a eletrônica a bordo e ser compatível com materiais não metálicos, como plásticos.

“Estou muito consciente de que o mundo está mudando”, disse Dave Hall, um veterano há 30 anos no setor que comanda a reformulação da linha de lubrificantes Castrol da BP para o mercado veículos elétricos. “Gostaria de pensar que estamos tentando resolver e impedir um momento Kodak e não apenas trancá-lo em um armário, como talvez o fizeram.”

Com a atual safra de carros elétricos em circulação, a atenção tem sido em grande parte no desempenho e no design das baterias, com os lubrificantes ainda em segundo plano. Alguns veículos elétricos usam graxas padrão encontradas em motores de combustão, disse Lutz Lindemann, diretor de tecnologia da Fuchs Petrolub.

Há sinais de que a ameaça às empresas é iminente. A demanda por lubrificantes automotivos, que atingiu cerca de 20 milhões de toneladas no ano passado, deve ficar estável no “futuro previsível” devido ao impacto dos veículos elétricos, ao crescente uso de lubrificantes sintéticos e às pressões econômicas, de acordo com pesquisa da consultoria de energia Kline & Company.

Novos produtos

Outras grandes petrolíferas, que enfrentam o desafio de descarbonizar as atividades em várias frentes, também se concentram em novos produtos. A Royal Dutch Shell, o maior fornecedor global de lubrificantes acabados, desenvolveu uma linha de fluidos projetados especificamente para os modelos de alta tecnologia, como híbridos e veículos elétricos. A Total lançou duas marcas de lubrificantes para veículos elétricos no ano passado, enquanto a Petronas anunciou sua própria marca de veículos elétricos este ano.

Impulsionado pela expansão de veículos elétricos na China e na Europa, os volumes de vendas no mercado de lubrificantes podem começar a diminuir já em 2025, segundo o analista do Bank of Merrill Lynch, Jean-Baptiste Rolland. Ele estima que os veículos elétricos a bateria vão exigir de 50% a 70% menos graxa do que os motores de combustão interna.

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